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quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Especialista do CEJAM esclarece questões sobre tratamento e prevenção ao HIV

Shutterstock
92% dos brasileiros com a doença já atingiram um estágio indetectável, ou seja, não transmitem mais o vírus, afirma Ministério da Saúde


Em celebração ao Dezembro Vermelho, campanha que marca a luta contra o HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis, especialista do CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim" esclarece as principais questões sobre tratamentos, prevenção, expectativas de vida e relacionamentos com pessoas de sorologias diferentes.

Mais de 40 anos se passaram desde a detecção dos primeiros casos de HIV/Aids no Brasil. De lá para cá, muitas foram as conquistas em relação à doença, que passam por tratamentos mais efetivos, disponibilizados de forma gratuita pelo SUS (Sistema Único de Saúde) desde 1996, até inúmeros métodos anticonceptivos, que visam diminuir a possibilidade de contágio.

Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, 92% das pessoas em tratamento já atingiram o estágio indetectável, ou seja, não transmitem o vírus e conseguem manter a qualidade de vida, sem a manifestação dos sintomas da Aids.

De acordo com a infectologista Tassiana Rodrigues Galvão, que atende nos hospitais Estadual Francisco Morato e Municipal de Cajamar, ambos gerenciados pelo CEJAM, nos últimos anos, os tratamentos tiveram evoluções extremamente favoráveis, tornando-se mais toleráveis, com barreiras genéticas maiores.

"Hoje em dia, uma pessoa que tem o diagnóstico em um período mais tranquilo da doença e faz uso dos medicamentos corretamente tem a mesma expectativa de vida de uma pessoa sem o vírus."

A médica conta que alguns estudos populacionais indicam que homens soropositivos, que se tratam corretamente, conseguem viver até por mais tempo que outros sem a doença.

"Isso acontece porque, na rotina do paciente que vive com HIV, estão as visitas frequentes ao médico, além de exames que devem ser feitos a cada seis meses. Quando avaliamos, por exemplo, a população masculina entre 40 e 50 anos, que, normalmente, só procura atendimento para descobrir algo quando já tem muitos sintomas, o acompanhamento acaba sendo um ponto positivo", afirma a especialista.


Diferenças entre PrEP e PEP

Além oferecer os mais avançados tratamentos disponíveis, o SUS também coloca à disposição da população estratégias e tecnologias avançadas à prevenção, como a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), uma combinação de medicamentos antirretrovirais que reduzem consideravelmente as probabilidades de infecção.

Seu uso amplia o acesso ao diagnóstico precoce e às ações específicas para populações-chave, como profissionais do sexo, casais com sorologias diferentes, homens que fazem sexo com outros homens e que possam ter uma exposição mais intensa, população privada de liberdade e usuários de álcool e outras substâncias.

Dra. Tassiana explica que, além destes mencionados, a PrEP é indicada para pessoas que fazem o uso constante da PEP (Profilaxia Pós-Exposição), que é a junção de duas medicações administradas ao longo de 28 dias em pessoas que tiveram alguma exposição considerada de risco, como profissionais de saúde que tenham algum acidente com fonte desconhecida ou pacientes HIV positivos, vítimas de violência sexual, relações casuais desprotegidas ou ainda quando há o rompimento do preservativo. Seu uso deve ser iniciado em até 72 horas após o incidente.

"Se você tem uma vida sexual ativa, não tem um parceiro ou parceira fixos e pratica relações ocasionais com pessoas das quais não conhece a sorologia, é necessário usar camisinha, procurar saber sobre a PrEP e, caso haja alguma falha em relação ao preservativo, buscar a PEP em até 72 horas."

A médica chama a atenção para a importância da testagem, que pode ser feita em qualquer Unidade Básica de Saúde ou durante campanhas de prevenção. "É importante conversar sobre saúde sexual, procurar atendimento com um bom clínico geral ou mesmo infectologista. A prevenção é o foco mais importante."


Vida normal

Dra. Tassiana destaca que, diferentemente da época na qual surgiu, o HIV não é uma sentença de morte. "Pessoas que convivem com o vírus e fazem o tratamento corretamente podem ter uma vida normal e saudável, inclusive se relacionando com pessoas que não têm a infecção."

Esse tipo de relacionamento é chamado de relação soro-diferentes - quando só uma das pessoas tem HIV.

"É uma relação super possível graças à possibilidade da PrEP, que pode ser utilizada pelo paciente negativo continuamente. Além disso, a pessoa que tem o vírus, mas encontra-se com a carga viral indetectável por mais de seis meses, seguindo com o tratamento correto, não transmite. Muitos casais vivem durante anos, inclusive com a opção de usar ou não o preservativo", explica.

Nestes casos, no entanto, é necessário consultar um especialista para acompanhamento do caso. "Hoje em dia, graças aos tratamentos e profilaxias realizados no momento do parto, é possível que uma mulher HIV positivo engravide normalmente sem que transmita o vírus para o bebê", finaliza a médica.

CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim"

 

Isolamento social está ligado a marcadores de inflamação em idosos


Em um estudo publicado no Journal of the American Geriatrics Society, idosos dos Estados Unidos que vivenciaram o isolamento social tinham níveis mais elevados de interleucina-6 e proteína C reativa no sangue, dois marcadores de inflamação que podem ter consequências negativas de longo prazo para a saúde de indivíduos à medida que envelhecem.

O estudo incluiu uma amostra nacionalmente representativa de 4.648 beneficiários do Medicare com 65 anos ou mais.

Os autores observaram que as intervenções clínicas e sociais que abordam o isolamento social entre idosos podem influenciar processos biológicos como a inflamação, bem como seus efeitos potencialmente negativos.

"Nossas descobertas demonstram uma importante associação entre isolamento social e processos biológicos. Este trabalho é um passo na jornada para desvendar os mecanismos pelos quais o isolamento social leva a níveis mais altos de morbidade e mortalidade", disse o autor principal Thomas K.M. Cudjoe, MD, MPH, da Johns Hopkins School of Medicine. "Minha esperança é que os investigadores incorporem medidas objetivas de isolamento social e marcadores biológicos em estudos longitudinais futuros, para que possamos continuar a avançar em nossa compreensão dessas complexas interações biopsicossociais".

 


Rubens de Fraga Júnior - professor titular da disciplina de gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná. Médico especialista em geriatria e gerontologia pela SBGG.

 

Fonte: Thomas K. M. Cudjoe et al, Getting under the skin: Social isolation and biological markers in the National Health and Aging Trends Study, Journal of the American Geriatrics Society (2021). DOI: 10.1111/jgs.17518


Como diferenciar Covid-19, gripe ou sinusite em meio aos surtos de vírus

 Com o aumento dos casos de gripe em São Paulo e no Rio de Janeiro infectologista explica como diferenciar os quadros respiratórios

 

O aumento dos casos de gripe nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro ligou o alerta vermelho para as transmissões dos vírus respiratórios. Porém, como identificar os sintomas corretos em meio a uma pandemia de Covid-19, onde o causador é exatamente um vírus?  

Pensando nisso, o infectologista e membro da Doctoralia,Dr. Ricardo Paul Kosop, esclarece as diferenças entre as síndromes respiratórias e o que fazer diante dos respectivos diagnósticos. Confira!

 

Como podemos diferenciar a Covid-19, a gripe e a sinusite?  

Dr. Ricardo: Como os sintomas são muito semelhantes, ou seja, todos podem se manifestar como tosse, coriza e, às vezes, até febre, entre outras ocorrências respiratórias, clinicamente é muito difícil fazer a diferenciação entre uma simples rinossinusite alérgica exacerbada e um quadro de gripe pelo vírus influenza ou até mesmo da Covid-19. Alguns sintomas podem ser típicos e auxiliam na diferenciação, como no caso da rinite alérgica, que é subitamente descompensada pela exposição a algum fator que o paciente sabidamente já seja alérgico, mas isso não garante completamente o diagnóstico. 

E, como estamos em uma pandemia, todo e qualquer sintoma respiratório dito "novo" deve ser investigado para confirmar ou negar o diagnóstico da Covid-19, já que este é o vírus com maior circulação no momento e tem grande impacto coletivo. Sendo assim, o teste ajuda tanto no diagnóstico e tratamento do paciente, como também na orientação de isolamento dele e de seus contactantes.

 

Como contraímos a gripe? E como podemos cuidar? 

Dr. Ricardo: A Gripe, ou "síndrome gripal", é o conjunto de sinais e sintomas típicos de uma infecção das vias aéreas superiores, com tosse, coriza, dor de garganta, obstrução nasal, podendo haver febre, e que se inicia em poucas horas ou dias, durando em média 5 a 7 dias. Normalmente, é causada por vírus de transmissão respiratória, através da fala, tosse, espirros, secreção nasal e contato direto entre as mãos contaminadas e o nariz, boca ou olhos, assim como o Sars-Cov-2. 

Na síndrome gripal, o tratamento normalmente é feito com medicações sintomáticas como antigripais, analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios. Uma medida importante também é garantir a vacinação anual contra Influenza, que é o vírus causador da gripe e que pode levar a quadros mais graves em pacientes dos grupos de risco ou com doenças crônicas. Lembrando que a síndrome gripal também pode ser causada por outros vírus respiratórios, de forma que não necessariamente quem está vacinado não possa pegar uma "gripe mais leve". Por isso, as demais medidas de controle e prevenção devem ser sempre seguidas.

 

E uma crise de sinusite? Qual o melhor tratamento? 

Dr. Ricardo: A sinusite é um termo que especificamente fala da inflamação dos seios paranasais, que estão em íntima relação com a cavidade nasal e, por isso, pode ser chamada de "rinossinusite", pois os sinais e sintomas da sinusite e da rinite se sobrepõem. As "crises" de sinusite podem ocorrer em pessoas que já apresentam rinite alérgica prévia e que são expostos a algum desencadeante específico, como pó, pólen, cheiros fortes ou outros, mas também pode ser desencadeada por um resfriado comum ou síndrome gripal. 

Em casos de sinusite, o mais importante é manter-se bem hidratado, realizar a limpeza do nariz com soro fisiológico e tratar a causa do quadro. No caso de rinites alérgicas, por exemplo, vale evitar exposição aos fatores desencadeantes e tratar com medicações adequadas, como antialérgicos ou corticoide nasal, tanto a crise aguda quanto o controle da doença a longo prazo. No entanto, conforme a evolução e a gravidade dos sintomas, pode ser necessário o tratamento com antibióticos, mas para isso é preciso passar por avaliação médica.

 

Doctoralia

 

Dezembro Laranja | Mês de Conscientização sobre o Câncer de Pele

INCA estimou 556 mil novos casos de câncer de pele entre 2020 e 2022, mas total de diagnósticos feitos até agora não chega a 100 mil brasileiros

Medo da COVID-19 causou evasão dos consultórios e reflexo deve se estender pelos próximos anos, com diagnósticos avançados e impacto na qualidade e tempo de vida dos pacientes

 

Dezembro anuncia a chegada do verão, férias escolares e, após dois anos de medidas preventivas contra a Covid-19, a retomada da vida lá fora. Mas também é um período para alertar sobre os cuidados contra o câncer de pele. Se a importância da prevenção assumiu o protagonismo nos anos anteriores, em 2021 a urgência recai na busca pelo diagnóstico. Entre janeiro de 2020 e outubro de 2021, foram realizados pouco mais de 99.600 diagnósticos de câncer de pele, independentemente do tipo, em todo o país.1 Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa de novos casos esperados para o triênio 2020-2022 é de 185.380 para cada ano, totalizando 556.140 novos diagnósticos, entre os diversos tipos de câncer de pele (melanoma e não melanoma), no período de 3 anos.2 Isso significa que entre o início de 2020 até outubro desse ano, o número de diagnósticos de câncer de pele foi cinco vezes menor do que a incidência da doença. O medo de se contaminar com a Covid-19, a falta de conhecimento e até a desvalorização de pintas e sinais suspeitos estão entre os principais motivos para tamanho atraso.

"Embora o Brasil seja um país ensolarado a maior parte do ano, a população, principalmente aqueles que vivem longe do litoral, pouco adere ao uso do protetor solar nas regiões do corpo expostas ao sol no dia a dia. O hábito de examinar a pele para acompanhar o surgimento e evolução de pintas e sinais suspeitos também é pouco difundido, sendo que nem sempre esse motivo leva o brasileiro ao consultório do dermatologista", conta Reinaldo Tovo, Coordenador do Núcleo de Dermatologia do Hospital Sírio-Libanês.

Segundo o especialista, o cenário nunca foi favorável. Prova disso é que embora o câncer de pele seja de fácil prevenção, o tipo não melanoma é a neoplasia mais frequente entre homens e mulheres em todo o mundo.3 "O grande problema é que a pandemia de Covid-19 impactou a nossa saúde de forma ampla, causando o abandono de hábitos que podem contribuir com a prevenção da doença. Deixar de usar o protetor solar, pois as pessoas estavam em casa e achavam que não eram suscetíveis à radiação UV, é uma das medidas abandonadas. Outro exemplo é o aumento da exposição ao sol com o objetivo de metabolizar a vitamina D, mas nem sempre se atentando às recomendações de horário. E o mais assustador, o brasileiro deixou de buscar diagnóstico". Comparando o número de pedidos de biópsias para detecção do câncer de pele feitos em 2019, período anterior a chegada da Covid-19 ao Brasil, e em 2020, primeiro ano da pandemia, houve uma diminuição de 48%, segundo apuração da Sociedade Brasileira de Dermatologia.4

 

Diagnóstico precoce: por que é tão importante?

O câncer de pele é um conjunto de doenças dividido entre os tipos melanoma e não melanoma. Embora o segundo tipo corresponda a 30% de todos os tumores malignos registrados no país, a doença costuma ser branda e evoluir de forma lenta. No entanto, o melanoma é considerado grave em função do alto risco de metástases, ou seja, o espalhamento do câncer para outros órgãos, o que pode agravar muito o quadro geral do paciente, além de impactar na qualidade de vida do indivíduo.5 "Sem buscar por ajuda de um especialista, o paciente não consegue saber se a lesão indica um câncer e muito menos o tipo. Aquela pinta estranha que ele viu, mas não deu atenção, pode sim ser um câncer agressivo", conta o oncologista clínico da instituição, Rodrigo Munhoz. "Quanto mais tempo o paciente leva para ter essa definição, mais restritas e difíceis se tornam as opções de tratamento, comprometendo diretamente no tempo e qualidade de vida. Vale sempre reforçar, o câncer de pele é altamente curável, desde que diagnosticado precocemente. Mesmo o diagnóstico dos tipos não melanoma é essencial para remoção da lesão e monitoramento com o objetivo de evitar o retorno do câncer", completa.

Se o objetivo hoje fosse diagnosticar o número total de novos casos esperados pelo INCA para o triênio, seria preciso diagnosticar 63 pacientes por hora, ininterruptamente, nos 365 dias do ano que se aproxima. Uma missão muito difícil. Todavia, é preciso conscientizar para que a população aproveite a retomada das atividades e busque um especialista, relembre os cuidados com a pele, principalmente em função do verão. "O primeiro passo pode ser evitar se expor ao sol entre 10h e 16h; usar proteção adequada, como roupas, chapéus, óculos e até sombrinhas que protejam contra a radiação ultravioleta; outra forma de se prevenir é sempre aplicar protetor solar nas regiões do corpo expostas, lembrando que o produto deve ter um fator de proteção 15, no mínimo. Em segundo lugar, faça uma avaliação em casa, com a ajuda de um familiar, para ver se a pele tem pintas, sinais, lesões que surgiram recentemente, ou mudaram de aspecto, tem mais de uma cor, bordas irregulares, coçam, doem ou se parecem com feridas que não cicatrizam. Crie o hábito de fazer isso uma vez ao mês e em caso de dúvida, procure o seu médico", reforça Marina Sahade, oncologista clínica do Hospital Sírio-Libanês.

 

Estudo em parceria com o Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa abre caminhos para desenvolvimento de tratamentos mais cômodos e seguros

No último mês, um estudo coordenado pela UFMG e desenvolvido em parceria com o Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa, Universidade de São Paulo, Universidades Federal do Oeste da Bahia, Universidade Federal de Goiás e instituições internacionais, abriu novas possibilidades para o tratamento do câncer de pele melanoma. Segundo o pesquisador participante Pedro Galante, o grupo analisou que a super ativação de neurônios sensoriais presentes nos tumores leva a uma redução no avanço da doença.6 "Para chegar até esse achado, o estudo contou com outros dois grupos de cobaias. Um deles passou pela desativação de tais células, o que provocou um maior avanço da doença. Enquanto o terceiro, chamado de grupo controle, não teve os neurônios superativados por meio da aplicação de drogas e modificações genéticas, e não passou pela desativação. Ou seja, o curso da doença ocorreu de forma natural, com a progressão esperada", explica.

Embora seja necessário continuar testes e avaliações, o estudo mostra que tal conduta pode oferecer uma nova linha de tratamento ou contribuir de forma adjacente a tratamentos já amplamente utilizados, mas com o benefício de diminuir dosagem e tempo, o que pode ser decisivo em casos em que o paciente tem dificuldade para tolerar a toxicidade da medicação, tendo a qualidade de vida muito prejudicada durante e após essa etapa.6

 

 

Referências

• Consulta ao Data SUS considerando as características: diagnóstico detalhado C43 - Melanoma maligno da pele; C44 - Outras neoplasias malignas da pele; D03 - Melanoma in situ; D04 - Carcinoma in situ da pele; Sexo: Masculino e Feminino; Faixa etária entre 0 e 80 anos e mais; diagnóstico feito entre janeiro de 2020 e outubro de 2021; Compreensão nacional estratificada por UF de residência do paciente. Busca disponível em TABNET . Acesso em 22 de novembro de 2021.

• Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil . Instituto Nacional de Câncer (INCA). Acesso em 22 de novembro de 2021.

• BRAY et al. 2018; FERLAY et al., 2018

• Pandemia dificulta diagnóstico precoce de câncer de pele, diz SBD . Acesso em 22 de novembro de 2021.

• Câncer de pele melanoma . Instituto Nacional de Câncer (INCA). Acesso em 22 de novembro de 2021.

• Costa, P.A.C., Silva, W.N., Prazeres, P.H.D.M. et al. Chemogenetic modulation of sensory neurons reveals their regulating role in melanoma progression . Acta Neuropathol Commun 9, 183 (2021). Acesso em 24 de novembro de 2021.


Descoberta mutação genética que desencadeia leucemia aguda grave

Estudo, realizado em cooperação entre pesquisadores brasileiros e portugueses, demonstrou que alteração no gene que produz a proteína IL-7R origina esse tipo de leucemia. Achado abre caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos para a doença (foto: J. Andres Yunes)

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Pesquisadores brasileiros e portugueses descobriram que um tipo agressivo de leucemia linfoide aguda (LLA), câncer mais comum em crianças, é provocado por uma mutação no gene que produz uma proteína envolvida com a imunidade (IL-7R).

“A partir de modelo animal desenvolvido no Brasil, observamos que a ativação contínua da função da proteína IL-7R, mesmo que em níveis fisiológicos de sua expressão, desencadeia a proliferação exagerada de leucócitos (glóbulos brancos) da família dos linfócitos, originando a leucemia aguda grave. O achado é importante, pois, tendo um maior entendimento no nível molecular da doença e suas causas genéticas, é possível propor novos tratamentos, principalmente para os casos de recidiva ou em que o tratamento convencional não funciona”, afirma José Andrés Yunes, pesquisador do Centro Infantil Boldrini e autor do estudo.

O estudo, publicado na revista Nature Communications, foi realizado por pesquisadores do Centro Infantil Boldrini (Brasil) e do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM), de Portugal. A descoberta é resultado de um auxílio de pesquisa concedido pela FAPESP em parceria com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), de Portugal.

De acordo com a pesquisa, a mutação no gene produtor da IL-7R, além de desencadear a leucemia, também estimula novas mutações em outros genes – como o PAX5 e KRAS – que fazem com que a doença progrida.

“A mutação do IL-7R não é suficiente para originar a leucemia. Existem outros genes que também estão envolvidos na doença. Para que a leucemia ocorra são necessárias outras mutações, que colaborem com o IL-7R para interromper o programa de diferenciação celular e fazer com que as células continuem proliferando de maneira exagerada e sobrevivendo”, explica.

A leucemia linfoide aguda (LLA) consiste na proliferação exagerada de células B – progenitoras dos linfócitos. Atualmente terapias convencionais, como a quimioterapia, são eficazes em até 90% dos casos. No entanto, por serem tratamentos difíceis, a média de cura no Brasil está entre 40% e 50%. Nos adultos o sucesso terapêutico é pior que nas crianças, com 30% a 40% de sobrevida.

“A leucemia desenvolvida nos camundongos se assemelha a um subtipo da doença denominado “ph-like”, que é um tipo mais agressivo de leucemia aguda grave e acomete tanto crianças quanto adultos, mas é mais frequente nos adolescentes e adultos jovens”, conta Yunes.

O pesquisador explica que o nome é “ph-like” porque esse tipo de leucemia apresenta um padrão de expressão gênica típico da chamada LLA ph+, que é uma leucemia caracterizada pela presença do cromossomo Philadelphia (ph) resultante da translocação t(9;22). Assim como a LLA ph+, as LLA ph-like apresentam hiperativação de proteína tirosina quinase, que é o que o IL-7R acaba ativando também.

No estudo, os pesquisadores produziram dois modelos de camundongo transgênico, mas o desenvolvido no Brasil foi o que se mostrou mais eficiente para a realização da pesquisa e o entendimento da oncogênese. “Esse modelo experimental poderá agora ser utilizado em novos estudos sobre a doença”, afirma Yunes.

O pesquisador explica que, geralmente, as células costumam controlar a produção do IL-7R para assim evitar a ativação descontrolada da proteína. “Isso se dá principalmente pelo controle no nível da transcrição, que é quando o gene é transcrito em um RNA mensageiro”, diz.

Diferentemente de outros estudos sobre genes relacionados com o aparecimento e crescimento de tumores, os pesquisadores desenvolveram modelo de camundongo transgênico que simulava a mutação no gene IL-7R sem, no entanto, alterar seu controle de transcrição. “Com isso, conseguimos que a proteína IL-7R mutante continuasse sendo produzida nos mesmos estágios da maturação do linfócito e com a mesma intensidade. Assim, o efeito da mutação pode ser avaliado em níveis fisiológicos normais. Era um modelo que poderia não funcionar tão bem como de fato funcionou, mas optamos por ele espelhar melhor aquilo que ocorre em humanos”, explica.

Depois de analisar como a doença era ativada nos animais, as duas equipes realizaram estudos do sequenciamento genômico nas células leucêmicas para identificar quais outros genes estavam alterados. Em Portugal, os pesquisadores realizaram o sequenciamento das células pré-leucêmicas também.

Os pesquisadores realizaram ainda análises no exoma – parte do genoma onde ficam os genes codificadores de proteína e, portanto, onde há mais chance de ocorrerem mutações causadoras de doenças. Por último, eles analisaram todos os dados conjuntamente.

“Em Portugal foram testadas algumas drogas que inibem os efeitos moleculares do IL-7R. Foram realizados estudos com painéis de fármacos que poderão, no futuro, serem testados em animais e depois em humanos até que se comprove a sua efetividade. De qualquer forma, são achados importantes, pois permitem também propor o tratamento mais indicado para cada paciente a partir da identificação dessas alterações”, afirma.

O artigo Interleukin-7 receptor α mutational activation can initiate precursor B-cell acute lymphoblastic leukemia (doi: 10.1038/s41467-021-27197-5), de Afonso R. M. Almeida, João L. Neto, Ana Cachucho, Mayara Euzébio, Xiangyu Meng, Rathana Kim, Marta B. Fernandes, Beatriz Raposo, Mariana L. Oliveira, Daniel Ribeiro, Rita Fragoso, Priscila P. Zenatti, Tiago Soares, Mafalda R. de Matos, Juliana Ronchi Corrêa, Mafalda Duque, Kathryn G. Roberts, Zhaohui Gu, Chunxu Qu, Clara Pereira, Susan Pyne, Nigel J. Pyne, Vasco M. Barreto, Isabelle Bernard-Pierrot, Emannuelle Clappier, Charles G. Mullighan, Ana R. Grosso, J. Andrés Yunes e João T. Barata, pode ser lido em https://www.nature.com/articles/s41467-021-27197-5.  

 

 

Maria Fernanda Ziegler

Agência FAPESP 

https://agencia.fapesp.br/descoberta-mutacao-genetica-que-desencadeia-leucemia-aguda-grave/37565/

 

Marketing Fake News; Saiba os riscos da estratégia já utilizada por Anitta e outros famosos

Gossip
O universo digital é amplo e tem um enorme potencial para ‘bombar’ um lançamento se utilizado corretamente. Na internet, informações se espalham com uma velocidade impressionante e, por vezes, polêmicas parecem ser um caminho atrativo para chamar atenção das pessoas. 

Histórias como a do lançamento do single “Tô preocupada” de Anitta e MC Rebecca se repetem constantemente. Na época, as duas artistas trocaram unfollow nas redes sociais e MC Rebecca chegou a fazer um tweet que poderia ser interpretado como uma indireta para Anitta. Porém, após a polêmica, as duas esclareceram que tudo não passava de uma estratégia de marketing.

 

Um outro caso que causou repercussão nas redes sociais, foi o recente lançamento da música “Assalto Perigoso” da MC Melody. A artista postou em suas redes sociais uma foto chorando, informando aos seguidores que havia sido assaltada. Porém, Melody foi duramente criticada pelos internautas que logo perceberam que era uma tentativa de divulgação do novo trabalho. “O ‘marketing fake news’ já está na moda há um tempo. Mas, o público já está começando a ficar saturado disso”, afirma a BBA e especialista em marketing Jennifer de Paula.

 

O excesso de utilização deste tipo de estratégia é prejudicial para o mercado num todo. Até mesmo para aqueles que nunca foram pegos utilizando tal artimanha, porque gera uma desconfiança desmedida no público. “No caso do casamento do Dynho e da MC Mirella, parte do público acusou a cantora de pedir o divórcio e para que deixassem o marido por mais tempo no reality, como forma de realizar uma jogada de marketing, exemplifica Jennifer.

 

A especialista acredita que optar pelo marketing fake news só parece ser uma forma rápida de conseguir engajamento, mas na verdade, pode ter um efeito contrário por mexer com o lado emocional do público que, por vezes, se sente enganado. “Onde está o limite desse tipo de comportamento? Inventar situações para divulgar um outro tipo de assunto. Acredito que existem formas melhores de conseguir engajamento. Até porque, o resultado que vem da polêmica é temporário e o que vem de uma estratégia sólida é contínuo”, explica.

 

Jennifer defende que as fórmulas de lançamento continuam sendo a melhor forma de disseminar trabalhos ou serviços. “As fake news podem fazer com que todo o seu trabalho vá por água abaixo, além de causar a perda de credibilidade”, pontua. 

 

 

Jennifer de Paula - diretora de marketing e gestão da MF Press Global, uma agência de comunicação internacional. Responsável por gestão de mídias sociais, carreira, posicionamento de marca, comunicação integrada e construção de autoridade no mercado de profissionais que somam milhões de seguidores nas redes sociais. A especialista é referência no que diz respeito às principais atualizações do mundo digital.


Dicas de ouro para começar a empreender em 2022


Dezembro chegou, e com ele, vem o famoso balanço de fim de ano e o planejamento de novas metas e desafios para 2022. Com a crise econômica, muitos profissionais têm buscado se reinventar e uma das possibilidades é o empreendedorismo, iniciativa que está em alta no Brasil.

Segundo um levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), no primeiro semestre de 2021 houve um aumento recorde de abertura de micro e pequenas empresas no país: nos seis primeiros meses foram cerca de 2,1 milhões de novos negócios, um crescimento de 35% em comparação ao mesmo período em 2020, percentual considerado o maior desde 2015.

No entanto, é importante se preparar antes de começar a empreender. Estude o mercado, pesquise oportunidades e trace um planejamento para que seu negócio tenha o sucesso esperado. Se possível, invista em cursos. Converse com empreendedores e empresários mais experientes, faça networking, fale com pessoas que já passaram por esse processo, tenha mentores para te orientar, pois, como eles já vivenciaram o que você vai experienciar, poderão te conceder ensinamentos. Com isso, suas decisões, certamente, serão mais assertivas.


É fundamental ter um propósito, ou seja, ter clareza sobre o motivo principal da empresa existir no mercado. Com essa informação estabelecida para os clientes e colaboradores, os seus serviços ou produtos comercializados terão mais força. Quando comecei, meu pensamento foi empreender para fazer a diferença e contribuir de alguma forma para um mundo melhor.

Após escolher um nicho de mercado, é imprescindível investir na divulgação e estratégias para vendas. Utilize as redes sociais, sites e aplicativos. Priorize, sempre, o bom atendimento e a qualidade do serviço ou produto comercializado.

Esteja disposto a mudar processos, se necessário. Afinal, nem sempre tudo sai conforme o planejado. Seja flexível e tenha paciência, o sucesso é a combinação de persistência e consistência. Eu mesma tive que mudar alguns caminhos e processos quando vi que o que tinha planejado inicialmente não estava dando os resultados esperados, e isso faz parte.

Por fim, é essencial ter em mente que o fracasso só existe para quem desiste. Veja como exemplo Abraham Lincoln, que faliu duas vezes, perdeu sua casa, concorreu a cinco eleições e perdeu todas. Somente aos 51 anos se tornou presidente dos EUA. Então, aprenda com os erros e siga em frente com coragem e resiliência, ajustando o que for preciso para chegar ao seu objetivo.



Clemilda Thomé - uma das primeiras empresárias no Brasil a se tornar bilionária ao vender sua empresa NEODENT para uma multinacional suíça. Hoje, é uma das mulheres de negócio mais influentes do país.

 

Prorrogada: cartinhas da campanha Papai Noel dos Correios podem ser adotadas até dia 20 em São Paulo Metropolitana


A Campanha Papai Noel dos Correios está dando mais 3 dias para padrinhos e madrinhas adotarem cartinhas de crianças, com os mais variados pedidos em forma de palavras ou de desenhos, na região de São Paulo Metropolitana. A ação foi prorrogada até o dia 20/12, segunda-feira, data em que é possível escolher um pedido e postar o presente.

A edição 2021 da campanha tem formato híbrido, ou seja, físico e online. O envio e a adoção das cartas podem ser realizadas pessoalmente – nas agências participantes e nas casas do Papai Noel montadas pelo país - e também no Blog. Estão disponíveis para adoção milhares de cartinhas emocionantes, escritas por alunos matriculados em escolas públicas, até o 5º ano, e por crianças em situação de vulnerabilidade social, com até 10 anos de idade.

Padrinhos e madrinhas devem se atentar aos prazos para adoção e entrega dos presentes. Em alguns Estados, as datas estão sendo prorrogadas.

Para a adoção online, basta acessar o blog da campanha, clicar em “Adoção On-line” e seguir os passos. É necessário escolher a localidade para visualizar as cartinhas disponíveis em cada cidade ou município.

As cartinhas devem ser manuscritas e, depois, fotografadas ou digitalizadas para envio ao blog da campanha. É importante enviar uma imagem nítida para que a mensagem possa ser lida e compreendida pelo Papai Noel. As cartas que atenderem aos critérios estabelecidos pela ação são disponibilizadas para adoção. A iniciativa também contempla cartinhas enviadas por crianças acolhidas em creches, abrigos e núcleos socioeducativos.

 

Entrega dos presentes - Ao adotar uma das cartas, o padrinho precisa providenciar a entrega do presente, que deve ser feita presencialmente, em uma das agências de Correios listadas no blog. O atendimento presencial é realizado com atenção aos protocolos de segurança – uso de máscaras e distanciamento –, para evitar aglomerações.


Corrente do bem - Ao longo dos mais de 30 anos da campanha, mais de 6 milhões de cartinhas foram atendidas em todo o Brasil. Na edição de 2020, totalmente online, cerca de 100 mil cartas foram disponibilizadas na internet, sendo que 75% delas foram adotadas. Este ano, mais de 209 mil cartas estão disponíveis para adoção, na internet e nas agências participantes.

As datas, locais e horários de atendimento dos pontos de adoção e entrega de presentes variam em cada Estado. Todas as informações sobre a campanha estão disponíveis no endereço https://blognoel.correios.com.br/


Como as ferramentas de suporte à decisão clínica podem contribuir para a sustentabilidade econômica dos hospitais?

À medida que a digitalização do mercado de saúde amadurece, novos conceitos tecnológicos ganham força para contribuir para a aceleração do desenvolvimento deste setor, não somente no cuidado ao paciente, mas na união de outros pilares complexos do sistema de saúde como a garantia de acesso, os custos e a qualidade do atendimento. Neste sentido, a interoperabilidade na saúde tem se destacado como um importante conceito para a melhoria do gerenciamento hospitalar e da sustentabilidade econômica das instituições.

Diante deste cenário, a tecnologia assume papel estratégico em todas as áreas destas instituições e o investimento em ferramentas digitais torna-se cada vez mais necessário. De acordo com um estudo realizado pela International Data Corporation, o investimento em tecnologias na área da saúde na América Latina deve chegar em US 1.931 milhão até 2022, o que equivalente a quase R 10 bilhões.

Este dado demonstra que o avanço tecnológico é uma das pautas prioritárias no segmento. A partir disto, é preciso compreender a maneira como esta evolução acontece no mercado de saúde, bem como as vantagens que determinadas ferramentas agregam ao setor e à gestão das instituições de saúde.


O papel das ferramentas de suporte à decisão clínica para a gestão hospitalar

A efetividade clínica é ponto chave quando se trata de saúde. As ferramentas de suporte à decisão clínica colaboram, não apenas com a melhoria do cuidado ao paciente, mas também com a gestão e a sustentabilidade econômica das instituições, uma vez que, na medicina, a melhor prática é, muitas vezes, a abordagem mais economicamente efetiva.

A utilização desses recursos promove o acesso a informações que garantem melhores decisões clínicas, tornando-as mais ágeis e assertivas. As decisões baseadas em evidências colaboram com a redução da variabilidade clínica, de eventos adversos, desperdícios e no tempo de internação do paciente, o que impacta diretamente nos custos da instituição. Desta forma, o primeiro ponto para uma gestão de qualidade é garantir eficiência e assertividade no atendimento e cuidado ao paciente.


A conexão de sistemas e a necessidade da interoperabilidade na saúde

Além da ampliação do escopo de tecnologias, é necessário que estas soluções estejam interligadas e consolidem um ecossistema dentro das instituições. A interoperalabilidade na saúde permite que boa parte das ações e estratégias definidas pelos gestores aproximem-se do corpo clínico e garantam a assertividade e a rapidez necessárias para o planejamento e o desenvolvimento das atividades.

Segundo a pesquisa " TIC Saúde 2021 ", divulgada em novembro de 2021 pelo "Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação" (Cetic), embora mais de 90% das instituções de saúde contem com sistemas eletrônicos para registro de informações sobre os pacientes, o número de empresas que investem em interoperabilidade na saúde ainda é baixo. De acordo com o levantamento, somente 29% das instituições participantes possuem interoperabilidade entre sistemas.

É fato que o primeiro passo para a transformação digital foi dado com a implementação de prontuários eletrônicos e registro de informações de pacientes. O próximo passo é garantir a integração entre este sistema digital a outras ferramentas tecnológicas, como as soluções de suporte à decisão clínica, por exemplo. Este é um desafio que pode ser superado a partir do alinhamento do corpo clínico e do departamento de TI, uma vez que discutir o processo e o que pode ser aprimorado em conjunto garante subsídio de informações à administração destas instituições e, consequentemente, facilita a tomada de decisão, reforça a eficiência do atendimento clínico e permite a tão necessária sustentabilidade econômica dos hospitais e clínicas de saúde.

 


Juliana Gomes - líder de novos negócios e projetos da Wolters Kluwer , Health no Brasil.


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