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quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Pandemia leva pacientes com câncer a adiar tratamento, o que pode agravar a doença

Diagnóstico tardio pode afetar o sucesso do tratamento, aumentando as taxas de mortalidade


A pandemia de Covid-19 trouxe muitas consequências nefastas para a saúde dos brasileiros e nem todas envolvem diretamente o novo coronavírus.  Muitos pacientes com medo de serem contaminados pelo coronavírus adiaram consultas e exames primordiais para o diagnóstico do câncer, podendo comprometer o prognóstico do tratamento. O diagnóstico tardio pode afetar o sucesso da terapêutica e tende a necessitar tratamentos mais agressivos, aumentando as taxas de mortalidade.

 A tendência é observada em âmbito nacional desde o início da pandemia, onde estatísticas apontam que houve um declínio das consultas já agendadas e de novas consultas, quando comparado ao mesmo período do ano sem pandemia na rede privada. No SUS a situação é mais agravante, já que muitas Unidades Básicas de Saúde foram destinadas exclusivamente para atendimento de Covid-19, privando pacientes com outras doenças de receber o primeiro atendimento.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Mastologia, entre março e abril deste ano houve queda de 70% na procura aos exames preventivos e tratamentos nos hospitais públicos na busca pelo diagnóstico e tratamento para o câncer de mama. O medo da contaminação pelo novo coronavírus afastou as mulheres das unidades de saúde.

No Radion – Instituto de Oncologia e Radioterapia de Curitiba, foi constatada também a redução no número de tratamentos. A grande preocupação é em relação ao fornecimento de tratamento adequado ao paciente. “Houve diminuição no número de pacientes atendidos visto que muitas vezes a radioterapia é realizada após o paciente ter feito a quimioterapia e a cirurgia. Foi observado ainda aumento nos tratamentos paliativos, em casos como metástase óssea, metástase em sistema nervoso central, metástase pulmonar, entre outras”, explica o médico Gustavo Smaniotto, radio-oncologista do RADION.

Infelizmente, o número de tumores no Brasil só tende a aumentar.  Em 2018, antes da pandemia, portanto, já havia pesquisas apontando esse crescimento, em levantamento da Agência para a Pesquisa do Câncer, uma entidade ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS). “A perspectiva era de um aumento de mais de 50% nos casos de câncer até o ano 2040. Por outro lado, como muitos pacientes não estão fazendo o diagnóstico de sua enfermidade, a perspectiva é de diminuição na sobrevida do paciente e a realização de tratamento mais paliativo do que curativo”, observa Smaniotto.

As recomendações dos médicos são para que os pacientes oncológicos façam sempre seus exames preventivos. “Com os exames preventivos conseguimos detectar tumores de forma precoce e desta forma proporcionar tratamento oncológico ideal para cada tipo de tumor. Não deixe de tratar sua doença, pois os tumores progridem sem tratamento e causam impacto negativo no controle tumoral”, orienta Smaniotto.


Orientações para tratamento

Os pacientes com câncer fazem parte do grupo de risco e receberam prioridade de vacinação para Covid-19.

Os cuidados do paciente são basicamente os que devem ser seguidos por toda a população, envolvendo distanciamento social, lavagem de mãos e etiqueta respiratória. Os pacientes devem seguir medidas de prevenção, mas mantendo ao máximo possível o tratamento oncológico, porque é um tratamento que não pode esperar. 

 

 

Fontes:

Artigo - Impacto da COVID-19 sobre o atendimento de pacientes oncológicos: experiência de um centro oncológico localizado em um epicentro Latino-Americano da pandemia - https://www.scielo.br/j/eins/a/VFchpPrYBTJBmDgrbPpFFtk/abstract/?lang=pt

https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,cancer-no-brasil-pode-aumentar-em-78-nos-proximos-20-anos,70002498843


Saúde da mulher: Endometriose pode demorar até 8 anos para ser diagnosticada

Especialista alerta para os sinais da doença e fala dos quadros que atinge 10% das brasileiras


Freepik
A endometriose é uma doença inflamatória do sistema reprodutor feminino que ocorre quando o endométrio (tecido que reveste a parte interna do útero) se expande para fora do útero, atingindo outros órgãos, como intestinos, bexiga, ovário e até mesmo os nervos. De acordo com o Ministério da Saúde, 10% da população feminina brasileira fértil - com idade entre 14 a 45 anos - sofre com a endometriose e muitas delas não têm conhecimento sobre a doença. Segundo o especialista em cirurgias ginecológicas e médico da área de Endoscopia Ginecológica do Hospital Universitário Pedro Ernesto - UERJ, Dr. Thiers Soares , o atraso médio mundial para descobrir a doença é de 8 anos entre as primeiras queixas até chegar ao diagnóstico definitivo.

A identificação acontece, muitas vezes, a partir de exames de imagem, como a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética da pelve. "A demora em diagnosticar os focos da doença pode levar ao estado mais grave do quadro, quando é necessário partir para uma intervenção cirúrgica", explica o médico. Mesmo assim, é importante lembrar que a endometriose não tem cura. Ela é uma condição crônica, que deve ter acompanhamento constante.

A endometriose é popularmente conhecida como uma condição que não permite que a mulher engravide. Soares afirma que, com o tratamento adequado para cada caso, é totalmente possível que a paciente tenha uma vida reprodutiva normal.

 

Como identificar a endometriose?

Por ter sintomas semelhantes aos dos ciclos menstruais, a endometriose acaba passando despercebida em alguns momentos, entretanto, o Dr. Thiers Soares reforça que é necessário ficar atenta a alguns sinais que extrapolam os sintomas comuns, como:

• Fortes cólicas durante e após o período menstrual (dores que chegam a impedir o deslocamento e até mesmo a execução de atividades);

• Dores durante as relações sexuais

• Sangramento intestinal durante o ciclo menstrual

• Ciclo menstrual desregulado

• Cansaço excessivo e fadiga mental

• Dificuldade para engravidar

 

Tratamentos avançados devolvem a qualidade de vida das mulheres

Após a suspeita ou diagnóstico, é importante realizar um acompanhamento médico com o seu ginecologista para identificar o grau da endometriose e principalmente quais são os métodos mais eficazes para o tratamento em curto, médio e longo prazo para cada caso. Hoje muitos tratamentos hormonais podem auxiliar na melhora do quadro.

Mas quando necessário alguma intervenção cirúrgica, a medicina já avançou o suficiente para aliar a tecnologia à favor da saúde. Em alguns casos, recomenda-se a videolaparoscopia, cirurgia para a retirada dos focos de endometriose espalhados pelos órgãos de forma minimamente invasiva, sem realizar grandes incisões no corpo da paciente, livrando de complicações e grandes cicatrizes.

Dr. Thiers Soares conta que a cirurgia robótica também é uma grande aliada no tratamento da endometriose. "Com as plataformas robóticas, é possível garantir um procedimento mais rápido, com um pós-operatório mais seguro, menos tempo de internação e a garantia para o paciente de um retorno mais rápido a sua rotina".

Recentemente, a atriz Larissa Manoela revelou sofrer com a endometriose, e afirmou que as dores fortes na região do abdome são suas principais queixas relacionadas à doença. O ginecologista afirma que é comum mulheres jovens descobrirem o quadro, e que quanto mais rápido forem diagnosticadas, mais rápido e eficiente também é o tratamento para cada situação.

 


Dr. Thiers Soares - Graduado em Medicina pela Fundação Universitária Serra dos Órgãos (2001), Dr. Thiers Soares é atualmente presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica - capítulo Rio de Janeiro - RJ e médico do setor de endoscopia ginecológica (Laparoscopia, Robótica e Histeroscopia) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ). É membro honorário da Sociedade Romena de Cirurgia Minimamente Invasiva em Ginecologia, membro honorário da Sociedade Búlgara de Cirurgia Minimamente Invasiva, membro honorário da Sociedade Romeno-Germânica de Ginecologia e Obstetrícia e membro da diretoria e comitês de duas das maiores sociedades mundiais em cirurgia minimamente invasiva em ginecologia (SLS e AAGL).  Designado para receber, no ano de 2021, o título de Doctor Honoris Causa, pela Universidade Victor Babe, na Romênia, o médico ainda será homenageado no Congresso Anual da SLS, programado para Nova York, em agosto deste ano, com o título de Honorary Chair. Também é Senior Medical Advisor do Luohu Hospital, em Shenzen, na China.


Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose: especialistas reforçam cuidados com a doença

Entenda os sinais da doença, os tratamentos disponíveis e como a atividade física é uma grande aliada

 

Nesta quinta-feira, 16 de setembro, é lembrado o Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose. A data visa a disseminação dos cuidados com a doença, uma das que mais mata em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, OMS. Estima-se, por exemplo, que a trombose acometa duas a cada mil pessoas por ano, com índice de recorrência de 25%. No Brasil, conforme a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, estima-se aproximadamente o registro de 180 mil novos casos de trombose venosa por ano.

A médica angiologista do Hospital Anchieta de Brasília, Alane Leite, explica que a Trombose Venosa Profunda ou TVP, é a formação de um coágulo de sangue em uma veia. A mais conhecida e amplamente difundida, segundo a médica, é o comprometimento do sistema venoso dos membros inferiores, porém, essa patologia pode acontecer em qualquer veia do corpo humano, desde as veias intra cerebrais (dentro da cabeça) até as veias intra abdominais.

Ela explica que a trombose tem um caráter multifatorial e está relacionada a algumas mutações genéticas chamadas trombofilias, além de fatores de risco como: imobilização prolongada, uso de hormônios e gravidez, fraturas e traumas, idade avançada, câncer em atividade, quimioterapia, entre outros. "Se tratando do comprometimento de um membro, uma forte suspeita se dá diante de um quadro de dor associada a um edema assimétrico do mesmo, ou seja, um membro de maior tamanho que o outro", exemplifica. "Em casos de suspeita,o paciente deve procurar atendimento médico a fim de realizar a devida investigação", ressalta.

Diagnóstico
Dra Alane destaca que existem exames de sangue que auxiliam no diagnóstico, porém, a descoberta definitiva é feita com ajuda de uma ultrassonografia dos vasos sanguíneos. "A principal complicação da trombose venosa se chama embolia pulmonar que consiste da fragmentação de parte do trombo localizado em membros inferiores em direção ao pulmão causando um quadro de falta de ar súbito e dor toráxica", aponta. Conforme a especialista, a longo prazo, se não tratada adequadamente, o paciente pode evoluir para uma síndrome pós trombótica que é uma insuficiência venosa crônica do membro.

Tratamento
O tratamento, de acordo com a angiologista, consiste no uso de medicação anticoagulante, ou seja, remédios para afinar o sangue evitando assim a fragmentação do trombo e o aumento da extensão da trombose. "Além do uso de analgésicos para controle de dor e meia elástica para auxílio do retorno venoso melhorando também a dor e edema no membro", complementa.

Atividade física pode ser aliada na prevenção à doença
A profissional de educação física e especialista em treinamento de força da Bodytech Asa Norte, Marília Rojas Bayma, comenta que as doenças cardiovasculares estão entre as que mais matam no mundo, mesmo podendo identificar suas causas, preveni-las e evitá-las. Nesse contexto, a prática da atividade física é fundamental, pois ativa a circulação sanguínea e, por isso, previne doenças venosas como a trombose.

"A prática da musculação aliada a bons hábitos alimentares, hidratação adequada, redução do consumo de álcool, não fumar e manter uma rotina de sono equilibrada e de qualidade, são fatores que previnem o risco de desenvolver trombose", explica. De acordo com a especialista, entre os benefícios de se movimentar e se manter ativo, está o controle de peso, já que praticando atividades físicas regularmente, aumentamos o déficit calórico e diminuímos o risco de obesidade.

Ela conclui: "juntamente com o treinamento de força, que está associado ao processo de contrações musculares no processo de hipertrofia auxiliando o funcionamento das veias e prevenindo esse tipo de problema.

O "barulhinho na cabeça" e a terceira idade

 

O que é o tal zumbido nos ouvidos que idosos costumam ter?

 

É muito comum que em pessoas mais velhas surja uma espécie de “barulhinho”, que parece vir tanto da cabeça como dos ouvidos. Geralmente esse sintoma aparece junto de alguns níveis de surdez na pessoa idosa, o que leva muitos a acreditarem que o tal barulho  – espécie de zumbido, é um dos indícios da perda de audição.

Apesar disso, esse zumbido não necessariamente está relacionado a surdez. É, por sua vez, "um sintoma que faz parte do envelhecimento auditivo da qual estamos todos sujeitos", explica a médica otorrinolaringologista especialista em otoneurologia Rita de Cássia Guimarães.

Alguns fatores podem colaborar para o início precoce ou potencializado do tal barulhinho, como por exemplo distúrbios metabólicos, ortopédicos, neurológicos ou até mesmo alguma alteração na estrutura dos próprios ouvidos.

Isso não significa, entretanto, que esse sintoma seja totalmente normal e deva ser deixado de lado. O zumbido pode estar relacionado a questões como insuficiência cardíaca e descontrole da hipertensão arterial, além de gerar problemas relacionados ao sono e até contribuir para distúrbios cognitivos como demência.

Para Rita, é importante fazer checkups com frequência, e se manter atento não só com o zumbido em si, mas também com possíveis sequelas geradas pelo mesmo, afinal muitas pessoas mais velhas não se sentem incomodadas com o sintoma, ao ponto de nem sequer relata-lo á outras pessoas: “É relevante que familiares e cuidadores dos idosos prestem atenção sobre a necessidade do comparecimento a um médico otorrinolaringologista.”

 


Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães (CRM 9009) - Otorrinolaringologista, otoneurologista, mestre em clínica cirúrgica pela UFPR

Blog: http://canaldoouvido.blogspot.com

Email: ritaguimaraescwb@gmail.com

 

Roche Diabetes Care lança websérie e oferece capacitação médica por streaming

Roche Diabetes Webserie conta com oito episódios e traz experiências e histórias reais de profissionais de saúde


Com o objetivo de proporcionar educação médica em um formato moderno, leve e cheio de experiências reais do dia a dia do médico dedicado ao tratamento do paciente com diabetes, a Roche Diabetes Care lança um streaming de educação médica. A iniciativa marca o pioneirismo da companhia ao oferecer capacitação médica no formato de narrativa - bem diferente das aulas tradicionais - com vídeos disponíveis on demand, ou seja, que podem ser assistidos no streaming a qualquer momento e ordem.

A série de estreia tem o título "Antes e Depois Dela" e aborda as principais questões sobre a terapia de bomba de insulina, trazendo depoimentos de importantes endocrinologistas do Brasil. São oito episódios, com até 20 minutos de duração, que contam histórias de transformação com o uso da bomba de insulina.

A websérie contará também com um episódio especial com o médico alemão Ralph Ziegler, um dos pioneiros na terapia de bomba de insulina no mundo. "A iniciativa será essencial para divulgarmos, entre a comunidade médica, como é o início da jornada do paciente que utiliza a bomba de insulina, quais são as condutas médicas para os ajustes que o paciente necessita com a terapia e o papel importante das educadoras de diabetes nesse processo", diz Diego Aguiar, Gerente de Produto IDS da Roche Diabetes Care.

Quinzenalmente, um novo episódio com um médico diferente irá ao ar nesta plataforma , que oferecerá acesso gratuito a todos os médicos cadastrados com CRM. "Com a Roche Diabetes Websérie, queremos oferecer educação médica de forma inovadora, em um formato que privilegia a história do médico em sua jornada com a terapia de bomba de insulina, mostrando como esse tratamento pode transformar a vida de pacientes e suas famílias", finaliza Marina Figueiredo, Gerente Médica da Roche Diabetes Care.

Os títulos dos episódios são: "Preparando o terreno", com Dra. Monica Gabbay; "Admirável mundo novo", com Dra. Renata Noronha; "Laços que nos unem", com Dr. Walter Minicucci e Renata Rosseto; "Enxergando o invisível", com Dr. Márcio Krakauer; "Doce infância", com Dr. Luis Eduardo Calliari; "Espaço para crescer", com Dra. Denise Franco; "Dois caminhos. Um só desejo", com Dr. Augusto Santomauro; e "Passo de gigante", com Dr. Ralph Ziegler.

 

Setembro Laranja contra a Obesidade Infantil

A estimativa da Organização Mundial da Saúde é que para em 2025 o número de crianças obesas no planeta chegue a 75 milhões. Os registros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que uma em cada grupo de três crianças, com idade entre cinco e nove anos, está acima do peso no País. As notificações do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, de 2019, revelam que 16,33% das crianças brasileiras entre cinco e dez anos estão com sobrepeso; 9,38% com obesidade; e 5,22% com obesidade grave. Em relação aos adolescentes, 18% apresentam sobrepeso; 9,53% são obesos; e 3,98% têm obesidade grave.

O cirurgião do aparelho digestivo Dr. Rodrigo Barbosa, de SP, revela que a obesidade é uma epidemia para toda a humanidade e a prevenção da deve começar o quantos antes, caso contrário o sistema de saúde não conseguirá arcar com as doenças do futuro.

Diversos estudos destacam a importância de uma boa manutenção do peso na primeira infância para reduzir a obesidade na vida adulta e suas consequências negativas. Além do excesso de peso, o problema metabólico traz diversas doenças que podem colocar em risco a vida do indivíduo em qualquer fase da vida. Isso se explica também pela genética, já que a nossa composição corporal é determinada, de 60% a 80%, pela hereditariedade e mais de 300 genes estão envolvidos na regulação do peso. "Outros pontos que também influenciam são o aumento de peso da mãe e a diabetes gestacional, que levam a uma programação metabólica no bebê que faz com que ele tenha piores preferências alimentares, obesidade e síndrome metabólica na vida adulta", conta.


Aleitamento é prevenção

A amamentação previne o alto ganho de peso na infância e o risco de obesidade na fase pré-escolar. "Uma meta análise recente mostrou que as crianças amamentadas apresentam 22% menos risco de obesidade quando comparada àquelas que receberam fórmulas especiais, principalmente após os três meses de vida", destaca.

Segundo o especialista, isso ocorre porque muitas fórmulas prontas são ricas em calorias e proteínas. "Nos primeiros dois anos de vida, o excesso de proteína está associado a uma maior produção endógena de insulina e IGF-1, hormônios ligados à diferenciação das células de gordura e do seu acúmulo. Esse mecanismo é conhecido como ‘programming’ e representa fator crucial para o desenvolvimento da obesidade e suas consequências na vida adulta", explica.


O comportamento dos pais

A prevenção da obesidade também passa pelos atos da família. "Bebês amamentados têm melhor percepção de saciedade do que aqueles alimentados com fórmulas. Isso ocorre também porque muitos pais e cuidadores usam a mamadeira como forma de acalmar a criança, prejudicando o aprendizado correto da auto regulagem da fome", fala.

O primeiro paladar das crianças é adocicado, já que o leite materno também é classificado como mais docinho. Justamente por isso é que o açúcar precisa ser evitado até os dois anos de idade, pois além de ser considerado um alimento estimulante, é um grande gatilho para a compulsão e, consequentemente, a obesidade.

"Com o paladar ainda em formação, os pais precisam se conscientizar de que a criança precisa negar por pelo menos 7 vezes um alimento para então afirmarmos que ela não gosta daquilo. "A primeira recusa deve ser oferecida novamente, por mais 6 vezes e em até outro formato (cozido, cru, amassadinho, em purê, assado ou grelhado). No mais, quanto mais os pais buscarem voltar às origens e oferecer os alimentos na forma mais crua e in natura, é melhor", destaca.

Incluir os pequenos no preparo das refeições também ajuda a desenvolverem um bom relacionamento com a comida e estudos mostram que as famílias que fazem as refeições juntas regularmente têm menos chances de sofrer de sobrepeso e obesidade. "O bebê aprende a se alimentar com os pais e vai ter bons hábitos se os mesmos o tiverem. Famílias que priorizam frutas, verduras, legumes e grãos integrais aos alimentos industrializados têm muito mais saúde e qualidade de vida. Isso se reflete não apenas no presente, mas principalmente no futuro de todos", conclui.

 

Dr Rodrigo Barbosa - Médico graduado pela Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba com internato médico pelo Hospital Sírio-Libanês - SP. Cirurgião geral pela Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo e cirurgião do aparelho digestivo pela Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba. Especialista em coloproctologia pelo Hospital Sírio-Libanês-SP .

https://www.drrodrigobarbosa.med.br/

Dia Mundial da Leucemia Crônica (22/9)

 Compromisso com o tratamento é a grande arma para enfrentar a leucemia mieloide crônica


Inibidores de tirosina quinase revolucionaram o prognóstico da doença, garantindo uma expectativa de vida igual a das pessoas que não têm diagnóstico


No próximo dia 22 de setembro é celebrado o Dia Mundial da Leucemia Mieloide Crônica (LMC), um tipo de câncer caracterizado por alterações na medula óssea que levam à proliferação exagerada de células sanguíneas anormais, mas que hoje é altamente controlável por meio da ingestão de comprimidos orais. A maior parte dos casos ocorre em adultos na faixa dos 50 anos e apenas 4% dos pacientes são crianças. 

Até a virada deste século, os pacientes diagnosticados com LMC tinham uma mediana de expectativa de vida de cinco anos. Mas graças ao uso dos inibidores de tirosina quinase, hoje eles têm expectativa de vida igual a das pessoas livres desse diagnóstico. "Existem casos de evolução mais grave, mas eles são cada vez mais raros”, explica o hematologista do Centro de Oncologia e Hematologia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Fábio Pires de Souza Santos. 

Essa revolução no tratamento torna ainda mais evidente a importância de os pacientes aderirem rigorosamente às prescrições medicamentosas e manterem o acompanhamento médico regular para avaliar se as metas terapêuticas vêm sendo atingidas. De acordo com consensos científicos, os médicos observam periodicamente se a medicação indicada vem conseguindo reduzir a quantidade de células leucêmicas a determinados percentuais. Isso é feito até quase zerar as células anormais, chegando a níveis ótimos de controle da doença. 

O hematologista da BP explica que pacientes que seguem essa jornada conseguem controlar a doença até o final da vida, falecendo quase sempre por conta do processo natural de envelhecimento ou em razão de outras doenças. O descuido com a medicação, entretanto, coloca em risco essa estratégica, expondo-os a riscos totalmente evitáveis. Se as metas medicamentosas funcionam como marcadores do sucesso do tratamento, quanto mais o paciente adere ao uso desses remédios, mais sucesso ele obtém com o tratamento, fato comprovado inclusive por estudos científicos.

 

Aderindo à vida

Entre os principais motivos que levam à negligência estão o tempo prolongado do tratamento e alta eficácia dele. “Os anos vão passando e os pacientes se veem completamente livres de sintomas, o que os leva a pensar, erroneamente, que não necessitam mais dos remédios que estão, justamente, favorecendo a saúde. Há, ainda, aqueles que se incomodam com eventuais efeitos colaterais. Mas as interrupções, principalmente as prolongadas, e o uso desregulado e intermitente dos medicamentos podem abrir portas para o retorno da doença, às vezes de forma agravada. Em alguns desses casos é necessário, inclusive, fazer troca de medicamentos”, diz o hematologista. 

A interrupção do uso das medicações é até possível para pacientes que atingiram níveis excelentes de controle da doença por tempo prolongado, muitas vezes com níveis indetectáveis de células leucêmicas. Contudo, essa alternativa só é viável mediante supervisão médica, que vai garantir que a enfermidade não está voltando. Caso seja detectado o reaparecimento das células leucêmicas, será necessário regressar ao tratamento medicamentoso. Cerca de 50% dos pacientes que param o uso do remédio nesse cenário necessitam retornar a ele. 

Atualmente, os inibidores de tirosina quinase já estão na terceira geração, o que indica que existem opções variadas para o tratamento dos pacientes. De acordo com o médico da BP, quanto mais nova a geração, mais potentes eles são. Por outro lado, quanto mais potentes, mais efeitos colaterais podem apresentar, o que requer formas específicas de manejá-los. “Alguns desses medicamentos, inclusive, têm interação com certos tipos de alimentos, o que exige seguir a orientação médica sobre as formas seguras e adequadas de consumo alimentar e dos medicamentos”, diz Fábioç

Com tantos recursos eficazes à disposição, o único risco de comprometer os resultados no cuidado da doença é esquecer-se de tomar o remédio ou interromper o uso, seja lá qual for o motivo. 

Esqueceu ou parou por algum motivo de força maior? A recomendação é retomar o uso regular prontamente, pois esse é o melhor caminho para se beneficiar da revolução do tratamento leucemia mieloide crônica, um dos maiores exemplos de sucesso da medicina moderna.

 


BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo 

 

ANAD alerta para redução do controle do diabetes durante a pandemia

Mudança na rotina dos pacientes, com redução da atividade física e menor frequência na dosagem dos níveis de açúcar no sangue podem ter reduzido o controle da doença no país durante pandemia

 

O isolamento social e a dificuldade de acesso aos serviços básicos de saúde em mais de um ano e meio de pandemia da COVID-19 afetaram os pacientes com doenças crônicas, que não puderam manter o nível ideal dos tratamentos. Um exemplo são as pessoas com diabetes, doença que afeta cerca de 17 milhões de brasileiros. O Brasil é hoje o quinto país em incidência de diabetes no mundo.

Tanto para a diabetes tipo 1 como para a diabetes tipo 2, é fundamental que o paciente siga uma rotina de cuidados em relação à alimentação, ao uso de medicamentos e controle de glicemia, que não podem parar em tempos de Covid-19. No entanto, de acordo com o médico endocrinologista Fadlo Fraige Filho, presidente da ANAD (Associação Nacional de Atenção ao Diabetes), essa rotina foi muito prejudicada durante a pandemia. "Notamos uma redução da atividade física e a piora no controle dos níveis de açúcar no sangue dos pacientes, dois fatores importantes para o acompanhamento do quadro clínico e para evitar complicações e internações hospitalares", destaca.

Segundo ele, o diabetes pode trazer múltiplas complicações quando não é tratado adequadamente e controlado. Entre elas a hipertensão, a insuficiência renal, a arteriosclerose e o aumento da gordura no sangue, que pode levar ao infarte ou ao AVC (Acidente Vascular Cerebral), entre outros. Ele recomenda que os pacientes procurem seu médico a cada três meses para que possam refazer os exames clínicos de controle da doença. "Só por meio desse acompanhamento médico é possível detectar se há alguma complicação e qual o tratamento mais adequado para o diagnóstico", afirma.


Comunicação é aliada do tratamento

O endocrinologista ressalta ainda que o diabetes é conhecido como doença silenciosa e que a prevenção é uma ferramenta poderosa contra a enfermidade. "Conscientizar, orientar e esclarecer é uma arma importante nesta luta para salvar vidas e evitar as graves complicações".

Esse é um dos motivos pelos quais a ANAD se uniu à farmacêutica Genomma Lab para criar a campanha de conscientização "Dialogue a Diabetes", que tem o objetivo de ampliar o conhecimento da população sobre o diabetes e sobre a importância do diagnóstico precoce da doença.

A iniciativa, lançada em junho deste ano, conta atualmente com filmes na TV Aberta. São 10 vídeos educativos com diferentes abordagens sobre o diabetes, que contam com a participação do Dr. Fadlo Fraige Filho e o jornalista Tom Bueno, diagnosticado com diabetes tipo 1 há 15 anos. Os vídeos podem ser acompanhados na grade de programação da TV Record, parceira na divulgação da Campanha e no canal do Youtube da ANAD. Para assistir o primeiro vídeo, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=6clsK6p-p3E.


Movimento dedicado aos colaboradores

Para engajar seus colaboradores com a campanha, a Genomma Lab está promovendo ações de endomarketing com foco na prevenção da doença por meio da busca por uma vida mais saudável. Para isso, a empresa lançou uma campanha estimulando desafios de condicionamento físico e alimentação. Neste mês, por exemplo, foi criado o calendário "Desafio Vida Saudável" para que os funcionários possam incluir diariamente as suas atividades físicas e o tempo dedicado a elas. É um estímulo para lembrá-los sobre a importância da prática de esportes para a saúde.

 


Genomma Lab


Estresse aumenta risco de AVC

Estudo avaliou situação em pessoas com pressão arterial normal; Rede Brasil AVC alerta para a importância da prevenção


Adultos com pressão arterial normal e altos níveis de cortisol (hormônio do estresse) são mais propensos a desenvolver pressão alta e a sofrer eventos cardiovasculares – como o AVC (Acidente Vascular Cerebral) – em comparação a aqueles que tinham níveis mais baixos, de acordo com uma pesquisa publicada nesta semana na Hypertension, um jornal da American Heart Association, e na revista científica Circulation. Outro ponto levantado é que os jovens são mais propensos a desenvolver essas condições.

Ao acompanhar por 13 anos (entre 2005 e 2018), 412 adultos com idades entre 48 e 87 anos, e pressão arterial normal, os pesquisadores chegaram à conclusão de que a elevação do cortisol no sangue pode causar pressão alta nos próximos dez anos. Além disso, dobrar os níveis desse hormônio aumenta em 90% o risco de se apresentar um problema cardiovascular.  

O AVC acontece quando os vasos que levam o sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a morte da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. É a segunda maior causa de mortalidade no Brasil e estudos indicam que uma em cada quatro pessoas terá a doença ao longo da sua vida. “Durante um evento desse tipo, cerca de 1,9 milhões de neurônios morrem por minuto”, explica a neurologista, presidente da Rede Brasil AVC e presidente-eleita da Organização Mundial de AVC (World Stroke Organization), Sheila Cristina Ouriques Martins.

Entre os sinais de alerta mais comuns estão: fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão mental, alteração da fala ou compreensão; alteração na visão, no equilíbrio, na coordenação, no andar; tontura e dor de cabeça súbitas, intensas, sem causa aparente.  “A identificação precoce dos sintomas de AVC e o tratamento médico imediato em um Centro de AVC intensifica consideravelmente a recuperação. O socorro ágil evita o comprometimento mais grave que pode deixar sequelas permanentes, como redução de movimentos, perda de memória, prejuízo à fala e diminui drasticamente o risco de morte”, fala Sheila.

A especialista ressalta que a adequação dos hábitos de vida diária é primordial para a prevenção do AVC. “Com práticas simples, 90% dos casos de AVC poderiam ser evitados, como por exemplo, não fumar; não consumir álcool; manter o peso ideal e uma alimentação saudável; beber bastante água; praticar atividades físicas regularmente e manter a pressão sob controle.


Atenção Primária

Neste mês, foi iniciado o projeto executado pelo Hospital Moinhos de Vento, através do PROADI-SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional, do Sistema Único de Saúde), que visa engajar os agentes de saúde, enfermeiros e médicos da Atenção Primária no combate à doença.

“A Atenção Primária é a porta de entrada do SUS e atende até 80% dos problemas de saúde da população, sem que haja a necessidade de encaminhamento para os especialistas. Por isso, é um instrumento de grande valor no combate ao AVC e tantos outros problemas de saúde”, pontua a médica.

Inicialmente, a ação envolverá oito unidades de Estratégia de Saúde da Família em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, expandindo-se para outras 60 unidades em todo o país. Entre as ações previstas no projeto, estão a implementação de programa de detecção de fatores de risco na comunidade, com encaminhamento para tratamento dos fatores de risco, além de classificação de risco de AVC e doença cardiovascular através do aplicativo para celular “Riscômetro de AVC”.

Também já está em execução a campanha “Combatendo o AVC”, coordenada nacionalmente pela Rede Brasil AVC. A campanha acontece todos os anos próximo ao dia 29 de outubro – Dia Mundial de Combate ao AVC. “Prevenir sempre será melhor do que remediar, por isso, todo trabalho e soma de esforços, da prevenção ao atendimento agudo, é de extrema importância”, conclui a Sheila.

 

 

Rede Brasil AVC

http://www.redebrasilavc.org.br/


Dia Mundial do Alzheimer: os sintomas iniciais e os cuidados paliativos

2021 marca o 10º ano da campanha Setembro: Mês Mundial da Doença de Alzheimer, uma iniciativa global que objetiva desafiar o estigma e a desinformação que ainda envolvem a demência. Em 21 de setembro, Dia Mundial da Doença de Alzheimer, a Alzheimer Disease International (ADI) lançará seu Relatório Mundial de Alzheimer que, neste ano, se concentrará no aspecto do diagnóstico, levantando questões importantes para sistemas de saúde, governos, gestores e pesquisadores. 

No Brasil, cerca de 1,2 milhão pessoas vivem com alguma forma de demência e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano. Em todo o mundo, o número chega a 50 milhões de pessoas. Segundo estimativas da Alzheimer’s Disease International, os números poderão chegar a 74,7 milhões em 2030 e 131,5 milhões em 2050, devido ao envelhecimento da população. 

“O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, progressiva e ainda sem cura. Atinge, em geral, pessoas acima dos 65 anos de idade. Essa é a forma mais comum de demência no idoso. Estudos mostram que a doença está relacionada ao acúmulo no cérebro de placas formadas pela proteína beta-amiloide. Sua aglutinação entre os neurônios impede a transmissão de sinais, prejudicando toda a atividade neural”, afirma Dr. Adiel Rios, mestre em Psiquiatria e Psicologia Médica pela UNIFESP e pesquisador do Instituto de Psiquiatria da USP.

 

Sintomas iniciais

Nas fases iniciais, os sintomas mais importantes são as falhas progressivas de memória em relação a fatos recentes. Já os fatos antigos, ficam preservados. “A pessoa pode se lembrar detalhadamente de fatos que ocorreram há 50 anos, mas não se lembra de algo que aconteceu ontem, ou há poucas horas. Muitas vezes, faz a mesma pergunta repetidamente, ouve a resposta, mas logo se esquece e pergunta de novo”, explica o psiquiatra. 

A medida que a doença progride, a pessoa começa a ter dificuldade para se orientar no tempo e espaço. Ela pode ir a um lugar que já frequenta sempre, mas acaba se perdendo na rua ou esquecendo o caminho de volta para casa. Outros sintomas são alterações do sono, agitação ou apatia, e até quadros psicóticos. “Na fase final da doença, o paciente perde a capacidade de se expressar, não reconhece nem os familiares e não consegue mais cuidar de si mesmo, demandando a presença de cuidadores em tempo integral”, alerta Adiel Rios. 

Outros sinais importantes:

– Diminuição da capacidade de juízo e de crítica

– Dificuldade de raciocínio

– Colocar coisas no lugar errado

– Alterações frequentes de humor e comportamento

– Mudanças na personalidade

– Perda da iniciativa para realizar tarefas

 

Tratamento

Apesar de ainda não haver cura para a doença de Alzheimer, já existem opções de tratamento: medicamentos (disponíveis nas farmácias do SUS), reabilitação cognitiva, terapia ocupacional e controle de doenças crônicas, como hipertensão arterial, hipercolesterolemia e diabetes, que podem causar lesões vasculares e agravarem o quadro. 

“O Alzheimer tem um caráter progressivo e apesar das medicações anticolinerterasicas reduzirem os sintomas, ainda não são capazes de barrar o avanço da doença. Uma das alternativas que está sendo estudada é a prática de exercício aeróbico como meio de frear a evolução do Alzheimer. A pesquisa foi publicada em formato de estudo piloto no Journal of Alzheimer’s Disease, sinalizando que esta atividade física pode intervir na doença e preparar o terreno para estudos futuros que possam corroborar com a ideia inicial”, conclui o psiquiatra Dr. Adiel Rios.

 

Setembro verde: projeto de transplantes do PROADI-SUS salva vidas de crianças recém-nascidas

 Doação de parte do fígado salvou a vida de 72 crianças em 2020; líder do projeto pelo Hospital Sírio-Libanês fala sobre transplante hepático pediátrico

 

O TransPlantar, iniciativa conduzida pelo Hospital Sírio-Libanês, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS) do Ministério da Saúde, é responsável por realizar transplantes de fígado e intervenções cardíacas a pacientes de todo o país atendidos pelo SUS, além de dar apoio em todas as etapas do processo de reabilitação intestinal. Além disso, é responsável por quase 40% dos transplantes pediátricos no país: só em 2020, a iniciativa salvou a vida de 72 crianças.

Em 25 de junho deste ano, foi a vez de Maísa Kivia, hoje com 11 meses: natural de Catalão, no interior do Goiás, a menina estava em seu terceiro mês de vida quando foi diagnosticada com atresia de vias biliares, uma doença do fígado e ductos biliares que ocorre em recém-nascidos e faz com que a bile se acumule no fígado, podendo levar à lesão hepática irreversível.

A mãe, Alba Kivia, relata que a menina foi encaminhada ao Hospital Menino Jesus, para iniciar seu tratamento pelo projeto TransPlantar. Assim que foi constatada a necessidade do procedimento, seu marido se candidatou imediatamente para doar parte de seu fígado à filha, mas a detecção de um tumor impossibilitou a cirurgia. Enquanto buscavam por uma nova opção, o quadro clínico da menina se agravou consideravelmente e foi por meio de uma campanha nas redes sociais que encontraram a nova doadora: a filha de uma amiga da família.

"O transplante foi autorizado em quatro dias, mas nesse intervalo, Maisa teve mais uma piora e precisou ficar internada por cinco dias, sendo alimentada por sonda. E tudo poderia acontecer com ela a qualquer momento. Quando a cirurgia foi realizada, ela tinha apenas 1% do fígado funcionando. Cheguei a pensar que iria perder a minha filha, mas hoje é outra criança", relata, emocionada.


Jovem doou parte do fígado à sobrinha

Em maio deste ano, a família de Júlia Franchini, de um ano e meio, comemorou um ano do transplante de fígado também realizado por meio do TransPlantar. Em uma história similar a de Maísa, Júlia começou a apresentar a pele amarelada com dois meses de vida e logo precisou de internação. Sua tia e madrinha Vitória Franchini, de 22 anos, se ofereceu como doadora assim que o cunhado, pai da menina, precisou interromper os processos após ser diagnosticado com tuberculose.

Vitória relata que a sua cirurgia foi rápida e sem complicações. A de Júlia, no entanto, teve oito horas de duração, tornando o dia memorável pela angústia e pelo medo de perder a afilhada. Apesar do sucesso do procedimento, a menina precisou permanecer internada por mais um mês após complicações do pós-operatório, além de algumas semanas por confirmação de coronavírus. Apesar do susto, dois meses depois Júlia estava em casa, saudável.

"A gente tinha muito medo no início, porque ela era muito nova, mas começou a engatinhar logo depois e não teve nenhuma sequela. Hoje, ela é um bebê completamente saudável. A rapidez da mudança do corpo dela foi brutal, quando ela recebeu o fígado saudável parecia que tinha virado uma chavinha. Ela estava inchada e amarela, era muito ruim olhar, dava vontade de chorar. A gente não podia pegá-la no colo. E, então, ela parecia totalmente saudável, que tinha acabado de nascer. É muito gratificante viver isso", conta.


Desafios do transplante hepático pediátrico

O Dr. Eduardo Antunes Fonseca, do departamento de Serviço de Transplante Hepático do Hospital Sírio-Libanês e um dos líderes do projeto TransPlantar, explica que diversas doenças podem motivar o transplante hepático. Em adultos, a principal causa é a doença hepática crônica em decorrência da hepatite C, além de outras causas como cirrose pelo álcool, esteatose hepática etc. Nas crianças, a principal indicação é a atresia de via biliares, que acomete recém-nascidos em decorrência de uma obstrução de ductos biliares que causa cirrose, se não tratada a tempo.

No entanto, o procedimento pediátrico traz inúmeros desafios. "Poucos centros no Brasil e no mundo fazem transplantes em crianças de baixo peso (abaixo de 10kg). O principal desafio é a dificuldade da reconstrução vascular de veias e artérias de pequeno calibre nesta população pediátrica. Além disso, existem questões como a gravidade destes candidatos, que chegam para o transplante desnutridos e com risco maior de mortalidade enquanto aguardam", explica.

Fonseca ressalta, ainda, que um trabalho publicado pela equipe do hospital em agosto deste ano na revista Pediatric Transplanation mostrou que os resultados dos transplantes pediátricos tiveram resultados similares antes e durante a pandemia. "Desta forma, concluímos a segurança da atividade de transplante hepático pediátrico durante a pandemia. Isto evidencia que as doenças não podem ser negligenciadas durante a pandemia com risco de progressão da doença e de mortalidade. Isto foi conseguido graças à construção de fluxos seguros nos hospitais, minimizando os riscos para estes pacientes", conclui.


Setembro verde

As histórias de Júlia e Maísa fazem parte dos 89.558 transplantes realizados no Brasil nos últimos dez anos e dos 3.195 só do primeiro semestre de 2021 - dados do Registro Brasileiro de Transplantes da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Ainda de acordo com a ABTO, em dezembro de 2020, o país contava com 43.643 pessoas aguardando o surgimento de um doador para passar pelo procedimento.

Do total de potenciais doações, cerca de 40% não têm autorização da família, e outros 10% são perdidos por falhas no manejo clínico do paciente em morte encefálica. Neste contexto, a campanha Setembro Verde tem como objetivo sensibilizar a população para se declarar doadora de órgãos e tecidos. Para ser um potencial doador, não é necessário deixar algo por escrito, mas é fundamental comunicar o desejo, visto que, em casos de morte encefálica, é a família quem tem a decisão final.

"Não estou vivendo um luto hoje, porque alguém se entregou para poder salvar uma vida em um ato de amor. Não mudou só a minha, como a de milhares de pessoas que esperaram e ainda esperam por uma oportunidade assim, de ter a vida de um familiar salvo. Não temos muita noção do quanto é importante a doação. Quero conscientizar a quem eu puder sobre a importância de ser doador e dispor às famílias para a doação também. As pessoas precisam saber: a situação é grave, mas que pode e deve ser cuidada", afirma a mãe de Maísa.


O projeto TransPlantar

Iniciativa conduzida pelo Hospital Sírio-Libanês por meio do PROADI-SUS, o projeto TransPlantar dá apoio em todas as etapas do processo de identificação, diagnóstico e tratamento das hepatopatias pediátricas e falência intestinal, realizando transplantes de fígado e intestino, bem como a reabilitação intestinal. O projeto entrega cuidado de excelência com elevado rigor técnico e ainda mais alto cuidado humano e social.

Além da assistência, o projeto também promove a qualificação de profissionais no SUS e realiza intervenções cardíacas. O Sírio-Libanês é líder em transplante de fígado pediátrico e intervivos no Brasil, além de ter uma das maiores casuísticas mundiais em transplante de fígado em crianças.

Além disto, é a única instituição no Brasil a fazer "transplante dominó" de fígado pediátrico para crianças portadoras de leucinose. Por fim, a iniciativa é responsável por quase 40% dos transplantes pediátricos no país e, no último ano, capacitou seis instituições; treinou 52 profissionais; realizou 72 transplantes pediátricos de fígado; dois procedimentos cardíacos; e três implantes de dispositivo de longa permanência.


Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde - PROADI-SUS, https://hospitais.proadi-sus.org.br

 

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