Pesquisar no Blog

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Brasil assume compromisso para erradicação do câncer de colo de útero

Ministério da Saúde colabora para construção de um plano de ação para o combate à doença, que abrange a vacinação, o teste e o tratamento contra o HPV

 

O Ministério da Saúde participou nesta terça-feira (17) do lançamento da estratégia global da Organização Mundial da Saúde (OMS) para acelerar a eliminação do câncer de coloco do útero. Na oportunidade, a pasta assumiu o compromisso de erradicar a doença no Brasil com medidas de vacinação, de rastreamento e de tratamento. O evento foi promovido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

“O governo brasileiro assume publicamente, junto à OMS e à OPAS, o compromisso de erradicar o câncer de colo de útero nas mulheres brasileiras”, afirmou diretor do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Antônio Braga.

O diretor ressaltou ainda que a pasta vai atuar na construção de um plano conjunto para o combate à doença. “Estaremos ao lado das instituições brasileiras, em especial do Instituto Nacional de Câncer (INCA), para pensarmos em como aplicar a estratégia da OMS para ajudar a erradicar esse problema das mulheres brasileiras”.

Na reunião foi apresentada a estratégia global da OMS para a eliminação desse tipo de câncer a representantes do Brasil, ao Suriname, à Costa Rica e aos Estados Unidos. Os presentes apresentaram as ações de cada país e fortaleceram o compromisso de atuar em conjunto na estratégia.

A estratégia global lançada pela OMS tem três grandes metas: 90% de cobertura da vacinação contra o HPV em meninas antes dos 15 anos; 70% de cobertura com teste de HPV entre mulheres de 35 a 45 anos; e 90% de cobertura de tratamento. O câncer de colo do útero é o quarto tipo que mais acomete o público feminino no Brasil.

A diretora-geral do Inca, Ana Cristina Pinho, apresentou as medidas do governo brasileiro dentro de cada uma das metas da OMS. “Na cobertura de vacinação, temos a introdução da vacina no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninos e meninas e o sistema de registro individual para monitoramento das doses das meninas”, informou.

Em relação a cobertura de teste do HPV, Ana citou durante seu discurso a implementação de um sistema que registra os exames Papanicolau das mulheres, permitindo o monitoramento dos casos e o pronto acompanhamento e tratamento necessário para evitar o câncer de colo de útero.

Ao final da reunião, os países presentes se comprometeram a elaborar um planejamento de ações, cada um, para o atendimento das metas da estratégia global da OMS para a erradicação do câncer de colo de útero.


VACINAÇÃO

O Ministério da Saúde implementou no calendário vacinal, em 2014, a vacina tetravalente contra o HPV para meninas de 9 a 13 anos. A partir de 2017, a pasta incluiu as meninas de 9 a 14 anos e os meninos de 11 a 14 anos. O imunizante protege contra os tipos mais incidentes de HPV, que causam verrugas genitais e são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero.

A vacinação e a realização do exame preventivo – o Papanicolau - se complementam como ações efetivas de prevenção desse tipo de câncer. Mesmo as mulheres vacinadas na pré e na adolescência, a partir dos 25 anos deverão fazer o exame preventivo periodicamente, pois a vacina não protege contra todos os tipos de HPV que podem causar a doença.


O CÂNCER

O câncer do colo do útero é causado pela infecção persistente por alguns tipos de vírus chamados de Papilomavírus Humano (HPV). A infecção genital por esse vírus é muito frequente e não causa doença na maioria das vezes. Entretanto, em alguns casos, ocorrem alterações celulares que podem evoluir para o câncer.

A detecção precoce do câncer é uma estratégia para encontrar um tumor numa fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento. O exame preventivo do câncer do colo do útero (papanicolau) é o procedimento mais efetivo para detectar lesões precursoras e fazer o diagnóstico precoce da doença. O exame pode ser feito em postos ou unidades de saúde da rede pública que tenham profissionais capacitados. Sua realização periódica permite reduzir a ocorrência e a mortalidade pela doença.

 


Larissa Lima

Ministério da Saúde com informações do Inca

 

ONU mobiliza pesquisadores na busca de soluções para a crise socioeconômica decorrente da COVID-19

      

Documento propõe 25 prioridades de pesquisa em áreas estratégicas para a construção de um futuro mais justo, resiliente e sustentável (foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)


A Organização das Nações Unidas (ONU) mobilizou 250 pesquisadores, dirigentes de agências de fomento de 25 países – a FAPESP, entre elas –, formuladores de políticas governamentais, entre outros, para, juntos, definir estratégias nacionais e internacionais de recuperação da crise socioeconômica que se espalhou pelo planeta na esteira da pandemia da COVID-19.

Ao longo de dez semanas, estes 250 especialistas elaboraram um roteiro com 25 prioridades de pesquisas, detalhadamente descrito no United Nations Research Roadmap for the COVID-19 Recovery e divulgado hoje. “Esse roteiro é uma ferramenta que pode ser utilizada por pesquisadores, agências de fomento à pesquisa, organizações da sociedade civil, governos e instituições internacionais para construir parcerias, alinhar esforços de pesquisa e demonstrar o poder da ciência global”, afirma Amina Mohammed, vice-secretária-geral da ONU na mensagem de abertura do documento.

Os 25 temas de pesquisa estão distribuídos em cinco áreas consideradas prioritárias para a construção de um futuro mais justo, resiliente e sustentável, alinhados aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS): proteção de serviços e sistemas de saúde; garantia de proteção social e serviços básicos; planejamento da retomada de empregos, de pequenas e médias empresas e de oportunidades para trabalhadores do setor informal; apoio à resposta macroeconômica e à colaboração multilateral; e fortalecimento da coesão social e da resiliência da comunidade.

A ciência, na visão da ONU, é a “melhor chance” para o planeta se recuperar da COVID-19, já que é capaz de produzir mudanças transformadoras, que envolvem engenhosidade, pesquisa em todas as áreas do conhecimento, parcerias e colaboração. As cinco estratégias e 25 prioridades de pesquisa propostas no documento têm como objetivo mobilizar a comunidade científica para este desafio.

A contribuição da FAPESP

Em cinco capítulos e mais de 120 páginas, o documento, coordenado por Steven Hoffman, diretor científico do Canadian Institutes of Health Research, do Canadá, aponta um conjunto de recomendações e oferece uma lista de temas de pesquisa – no formato de perguntas – para cada um dos cinco pilares estratégicos. Adicionalmente, em cada pilar, são identificadas três subprioridades de pesquisas de impacto imediato (quick-win), de maior retorno sobre o investimento (best-buy) e de grande poder de transformação (game-changer).

No pilar Proteção Social e Serviços Básicos, por exemplo, as recomendações têm foco em políticas em favor das populações mais pobres, nos serviços essenciais de alimentação, nutrição – especialmente de crianças e mulheres – e saneamento, na aprendizagem sustentada, em serviços sociais e na implementação de medidas contra a violência de gênero.

Neste pilar, pesquisas que busquem definir estratégias de fornecimento de serviços básicos para proteger a saúde mental de trabalhadores são classificadas como quick-win, iniciativas para a inclusão digital são apontadas como best-buy e medidas eficazes para a proteção da renda básica são os game-changer. Essas sugestões são seguidas de cinco recomendações de pesquisas envolvendo medidas de proteção social inclusivas, redução da desigualdade, prosperidade, entre outras.

A FAPESP, representada pelo seu diretor científico, Luiz Eugênio Mello, e pela pesquisadora Marta Arretche, ex-coordenadora do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da Fundação –, contribuiu para a identificação das perguntas-chave do pilar Proteção Social e Serviços Básicos, ao lado de representantes de outras dez instituições de pesquisa de todo o mundo.

“O grande desafio foi traduzir as questões relevantes para implementação imediata e que, ao mesmo tempo, ofereçam um desafio de pesquisa a ser trabalhado. Evidentemente há muito conhecimento já disponível, mas que, por vezes, carece de ajustes locais para ser adequadamente aplicado em benefício da sociedade”, afirma Mello.

A FAPESP teve uma participação importante na inclusão de dois temas relevantes, sublinha Arretche. “O primeiro diz respeito à importância da inclusão digital. Este é um grande desafio contemporâneo e a pesquisa ainda tem um espaço muito grande de contribuição. O segundo diz respeito à importância de estudos sobre implementação, etapa crucial da produção de políticas e estudos que, neste campo, podem apresentar resultados muito relevantes para nosso conhecimento sobre as estratégias de inclusão social.”

Coordenado por Angela Liberatore, do European Research Council, e por Bhushan Patwardhan, do Indian Council of Social Science Research, o grupo que elaborou propostas para o pilar Proteção Social e Serviços Básicos também contou com a participação de Anita Charlesworth, do Health Foundation, do Reino Unidos; Isayvani Naicker, da African Academy of Sciences, do Quênia; e Sara Wolfe, do Grand Challenges Canada, do Canadá.

“Não deixar ninguém para trás”

O documento United Nations Research Roadmap for the COVID-19 Recovery  parte do pressuposto da interdependência de todos os habitantes do planeta para dar suporte aos seus três eixos principais – equidade, resiliência e sustentabilidade – e à proposta de construção de uma base sólida de conhecimento a ser apresentada como opção aos governos, sociedade civil e setor privado com o objetivo de “não deixar ninguém para trás”. E o fator impulsionador de uma recuperação econômica equitativa é a pesquisa.

“Fortalecer a capacidade de pesquisa nacional é crítico para garantir que os pesquisadores locais possam gerar conhecimento adequado à tomada de decisões”, afirma o documento. Para tanto, também a empreitada de pesquisa deve ser mais equitativa, diversa, inclusiva e participativa.

A ONU recomenda que as agências de fomento “trabalhem juntas” para garantir recursos para o financiamento das prioridades de pesquisa que buscam solução para a crise socioeconômica engendrada pela COVID-19, por meio do fortalecimento de parcerias em âmbito nacional e internacional. “A colaboração é vital para a implementação desse roteiro”, destaca o documento.

Com base nesse documento a FAPESP dará início às discussões para o lançamento de chamadas específicas endereçando as prioridades definidas nesse mapa. “O protagonismo da FAPESP ao participar dessa iniciativa das Organização das Nações Unidas dá ao pesquisador do Estado de São Paulo a possibilidade de inserção em chamadas internacionais na investigação de um tópico cujas soluções e desafios também tenham uma natureza global”, diz Mello.

A íntegra do documento está disponível em https://www.un.org/en/pdfs/UNCOVID19ResearchRoadmap.pdf.

 

 

Claudia Izique

Agência FAPESP 

https://agencia.fapesp.br/onu-mobiliza-pesquisadores-na-busca-de-solucoes-para-a-crise-socioeconomica-decorrente-da-covid-19/34627/

 

Visto E-2 permite que investidores brasileiros com dupla cidadania solicitem permanência nos Estados Unidos

Essa modalidade foi criada para que cidadãos de países que têm tratado de navegação e comércio com os Estados Unidos possam trabalhar e viver no país com suas famílias. É temporário e concedido, via de regra, de dois ou até cinco anos, dependendo da análise da imigração. Boa parte dos países da Europa fazem parte deste tratado, com exceção de Portugal.

Os solicitantes que atendem as exigências do E2 conseguem iniciar uma atividade nova sem estar vinculado juridicamente a anterior. É possível abrir outras unidades, inclusive vender franquias startups nos EUA.

Além da dupla cidadania, o solicitante precisa dispor de uma quantia que varia entre 120 a 150 mil dólares, além do capital de giro e disposição para empreender e investir. A complexidade deste visto está presente na análise de risco e implantação de negócio, que é algo totalmente subjetivo. Diferente do L1 ou EB, em que a apuração é feita baseada em documentos, a conclusão do E2 envolve interpretação muitas vezes repletas de critérios.

O sucesso de todo o projeto vai depender também do profissional que fará a assessoria para o investidor. Caso não fique claramente caraterizado o risco, a solicitação será negada.

Franquias já estruturada e conhecidas que estejam consolidadas não podem fazer parte desta proposta, apenas as que estão iniciando suas atividades. Somente as startups que visam um novo mercado e que estão abrindo a primeira loja nos Estados Unidos atendem ao pré-requisito. Investir em uma unidade do Mc Donalds, por exemplo, não caracteriza o risco.

Recentemente tive contato com um cliente que possui dois restaurantes em São Paulo, uma esfiharia e uma pizzaria, e ele tinha interesse em iniciar um novo negócio nos Estados Unidos utilizando o visto E-2, reforçando que ele possui cidadania espanhola. Um dos pontos levantados foi sobre abrir uma nova pizzaria, mas é algo que existe em abundância no país, sendo ainda mais difícil concorrer com os preços das marcas já estabelecidas.

Vamos supor que um estabelecimento venda 100 pizzas por dia por 5 dólares cada, trabalhando todos os dias da semana ao final do mês o rendimento é de 15 mil dólares: é importante lembrar dos custos, como água, luz, marketing, internet, funcionários, despesas com matéria prima etc. Considerando tudo isso, o lucro que volta para o investidor é mínimo.

Por conta de tudo isso, concluímos que não era uma boa ideia e passamos a pensar em algo mais inovador, como um brainstorm do que seria a melhor opção: chegamos a uma pizza em formato de cone, com uma massa crocante e recheios diferenciados, coisas que pudessem ter um valor agregado. Depois de alguns testes nas lojas brasileiras, seguimos com o planejamento para o visto E-2, que foi aplicado no ano de 2019 e deu certo. Assim que fizeram a mudança começaram os trabalhos e então: pandemia.

Ao contrário do que foi esperado, o negócio continuou a prosperar nos Estados Unidos, porque esse mercado oferece uma opção fundamental para esse momento, que é o delivery. Mesmo com a quarentena, o faturamento foi de 12% acima do previsto, então logicamente o negócio cresceu, precisou até mesmo aumentar o número de funcionários.

A dica é que esse mercado traz benefícios muito positivos para quem tem interesse nesse visto, além de abrir muitas portas. Outra vantagem é que não necessita de um investimento tão alto, como uma churrascaria, por exemplo. É o caso de um produto novo e adaptado que deu certo.

 

 


Daniel Toledo - advogado da Toledo e Advogados Associados especializado em direito Internacional, consultor de negócios internacionais e palestrante. Para mais informações, acesse: http://www.toledoeassociados.com.br ou entre em contato por e-mail daniel@toledoeassociados.com.br.  Toledo também possui um canal no YouTube com mais de 77 mil seguidores https://www.youtube.com/danieltoledoeassociados com dicas para quem deseja morar, trabalhar ou empreender internacionalmente. Ele também é membro efetivo da Comissão de Relações Internacionais da OAB São Paulo e Membro da Comissão de Direito Internacional da OAB santos


Debate sobre ações afirmativas ultrapassa fronteiras e séculos


“Quarenta acres e uma mula”. A ordem emitida nos Estados Unidos pelo general da União William Sherman, em janeiro de 1865, se insere entre as primeiras tentativas de reparação dirigida a famílias negras escravizadas naquele país. A Guerra da Secessão se aproximava do fim e a intenção de Sherman, ao distribuir terras confiscadas dos Confederados, estava em sintonia com inciativas projetadas no breve período da Reconstrução, quando se discutiu meios de garantir direitos iguais à população negra. 

Com vida curta, a proposta acabou rejeitada pelo presidente Andrew Johnson, sucessor de Abraham Lincoln, assassinado em abril daquele ano. E as terras voltaram para as mãos dos antigos proprietários escravagistas. Passados 155 anos e uma longa história de segregação, ainda hoje os conflitos raciais permeiam a sociedade estadunidense. 

Já o Brasil, que carrega a imagem negativa de ser o último país das Américas a abolir a escravidão, promoveu a queima de arquivos com registros do período com a intenção de recomeçar a história. A medida, ordenada por Rui Barbosa e noticiada pelos jornais da época como “belo exemplo”, ainda gera polêmica. 

Há quem aponte a motivação do então ministro da Fazenda como de cunho fiscal, que visava proteger o Estado de arcar com indenizações para escravagistas. A ação, porém, ao mesmo tempo que inviabilizou qualquer possibilidade de exigência de indenização pelos libertos, eliminou registros históricos que comprometeram até mesmo a construção da identidade dos antigos escravos, fato que ainda hoje reflete em seus descendentes. 

O debate sobre ações afirmativas chegou ao Brasil somente nas últimas décadas do século passado e medidas começaram a se concretizar neste século, com maior força, após 2010, quando foi promulgado o Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288). Ao longo da história, o país se agarrou à ideia de uma democracia racial que contribuiu para escamotear o racismo estrutural que perdura na sociedade brasileira. 

Para o desembargador Roger Raupp Rios, do Tribunal Regional Federal da 4a Região (TRF4), a resistência às ações afirmativas no Brasil está diretamente relacionada a essa visão. “Num certo momento da história, por volta dos anos 50, se achava que o Brasil, diferentemente de qualquer outro país do mundo, era um lugar onde não existia nenhum tipo de preconceito, bem como discriminação racial.” 

Estudioso e autor de vários livros sobre o direito das minorias, ele ressalta que a construção do “mito da democracia racial” chamou atenção de muitos países e de organizações internacionais que enviaram, na década de 50 do século passado, grupos de estudos para conhecer e estudar o Brasil e ver “a maravilha que seria uma sociedade sem preconceito racial”. “Infelizmente, constataram a triste realidade de uma grande discriminação racial, não só no campo do ensino, mas do trabalho e no próprio cotidiano.”

 

Raupp cita o “mito”, ainda presente no Brasil, como um dos fatores responsáveis pela resistência à implementação de ações afirmativas. “Essa é uma barreira de autopercepção que nós brasileiros, a sociedade brasileira, as instituições públicas e privadas, estão caminhando para superar e tomar consciência da realidade.”

Ele esclarece que as ações afirmativas são medidas conscientes da existência de uma situação de discriminação e que buscam quebrar os mecanismos, perceptíveis e imperceptíveis, que existem nas práticas das instituições. “O objetivo é que essa e discriminação, que persiste e se perpetua, cesse ou, pelo menos, vá diminuindo.” 

O desembargador enfatiza que é fundamental não confundir ação afirmativa com discriminação invertida ou discriminação benéfica, porque é exatamente o contrário. “Não se trata de discriminação. São medidas para interromper os mecanismos que mantém os grupos discriminados excluídos das chances de trabalho, de emprego e renda e de aprendizado, no caso dos estágios.”

 

Barreiras 

As ações afirmativas surgiram a partir da constatação que a eliminação de situações de discriminação explícitas era insuficiente. Raupp cita o exemplo dos Estados Unidos, onde pessoas negras eram proibidas de frequentar universidades ou ocupar determinados postos de trabalho. “Dado o primeiro passo, que consistiu na derrubada dessas barreiras, o que se verificou posteriormente, é que mesmo sem essas restrições de fato, as pessoas negras continuavam não entrando não ocupando espaços. Não por falta de qualificação, mas por uma série de mecanismo que vem de uma história de vida com muitas barreiras que são colocadas nos contextos da sociedade.” 

A partir dessa constatação, observa, ficou clara a necessidade de se tomar medidas conscientes para enfrentamento da dificuldade de acesso, levando ao surgimento das ações afirmativas. “Se ações afirmativas são para evitar a discriminação, o passo seguinte é identificar a quem ela se destina. Quem são as pessoas e grupos sociais que são discriminados na nossa sociedade?” 

A próxima etapa é a identificação da pessoa discriminada, o que ocorre a partir da autodeclaração. “É quando ela diz que se considera ou se percebe como uma pessoa negra. O objetivo da política pública - e é isso que importa - é alcançar as pessoas que sofrem discriminação”, destaca o desembargador.

Raupp avalia que as medidas de ação afirmativa têm avançado em instituições públicas e privadas e cita as universidades como o primeiro exemplo. Ele lembra que tribunais já adotam cotas em concursos públicos para magistrados, servidores e estagiários. “Tudo que muda, que mexe com a realidade para enfrentar uma mentalidade e costumes arraigados, naturalmente, vai enfrentar resistência. Não é diferente no Brasil. O importante é perseguir o objetivo justo, que é construir  uma sociedade decente, realmente sem discriminação racial.”

 



Jeferson Melo

Agência CNJ de Notícias


terça-feira, 17 de novembro de 2020

5 dicas para fazer diferente e vender mais nos marketplaces durante a Black Friday

Os marketplaces são plataformas para compra e venda de produtos, é o lugar mais utilizados na web por empresas no mercado brasileiro. No momento atual da pandemia, muitas lojas físicas fecharam e os pequenos e médios negócios utilizaram desse modelo para ganhar visibilidade e aumentar as vendas.

De acordo com pesquisa do Webshoppers, o mais amplo relatório sobre e-commerce do país, elaborado pela Ebit|Nielsen, em parceria com a Elo, mostra que o e-commerce ainda é bastante dependente do marketplace, com 78% do faturamento total do mercado. Com faturamento de 30 bilhões nos seis primeiros meses de 2020, o crescimento no setor com a pandemia fez com que as lojas que atuam no marketplace se expandissem 56% sobre o mesmo período em 2019.

Para 2020, a Black Friday deve consolidar ainda mais o marketplaces. De acordo com o relatório anual Global Entrepreneurship Monitor 2020 (GEM), realizado no Brasil com o apoio do Sebrae e o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), indica que 2020 será o ano em que o país atingirá sua maior taxa de empreendedores iniciais ou donos do próprio negócio com até três anos e meio de atividade, com 25% da população adulta nacional empreendendo.

Alexandre Nogueira, CEO da Universidade Marketplaces e credenciado pelo Mercado Livre separou algumas dicas para os lojistas se destacarem nessa Black Friday. “Essa Black Friday promete ser a melhor nos últimos anos, mas pensando no crescimento do marketplace, temos que pensar também no aumento da concorrência. Eu comecei vendendo e vejo a dificuldade dos lojistas em se programarem para conseguir aumentar suas vendas. Nessa época do ano é necessário estar preparado estrategicamente para não perder vendas”, ressalta o CEO.

 

1-) Planejar e organizar estoque

Antes de organizar a venda é necessário quantificar sua compra. A matéria prima de alguns produtos está em falta, então certifique-se de que terá a quantidade certa para anunciar na hora da venda.Vender algo e não entregar, seja lá por qual motivo é a maior reclamação dos consumidores. Além disso, saber o quanto de produto que tem no seu estoque, te possibilita de desovar alguns produtos que estão parados a muito tempo. Uma dica é fazer combo nas promoções com esses produtos parados.

 

2-) Deixe todas as informações disponíveis para o cliente

O número de lojas e concorrentes dentro do marketplace é gigantesco, então é importante fornecer o maior número de informações possíveis do seu produto ou serviço. Apresente informações objetivas, descrições detalhadas e boa qualidade nas fotos. Isso evita que o consumidor fique com dúvidas e desista da compra.

 

3-) Faça planejamento do seu posicionamento

O momento é de aproveitar a Black Friday para consolidar o crescimento da sua marca no marketplaces. O tráfego de pessoas é muito alto nessa época do ano e ter um posicionamento correto pode fazer total diferença na hora da escolha para o cliente.

 

4-) Ofereça desconto de verdade

Os consumidores estão interessados em promoções e estão cada vez mais antenados com os “falsos descontos” e “black fraude”. Para ele acaba sendo fácil identificar uma promoção duvidosa. Faça kits ou combos, mas nada de aumentar o valor antes para dar desconto na Black Friday.

 

5-) Organizar sua logística

Um dos maiores diferenciais que os clientes procuram na hora da compra pela internet é prazo de entrega. Então é ideal que sua logística esteja alinhada e cumpra o prazo estabelecido pelos produtos. É importante escolher parceiros certos e usar a tecnologia a seu favor. No mercado existem diversas empresas que podem ajudar a melhorar sua logística e não depender apenas dos correios.

 

A Black Friday é uma data que exige muito planejamento e organização dos detalhes. Prepare-se, siga essas dicas e boas vendas!

   

Bactérias "do bem" podem fazer a diferença no combate a pernilongos e à poluição de grandes rios

Tecnologia limpa e natural, sem equipamentos e com microrganismos vivos, já chegou a ser testada para o tratamento do Rio Pinheiros, com resultados surpreendentes.


 
Mau odor e ondas de pernilongos são problemas recorrentes de São Paulo - e também de outras cidades - que possuem rios poluídos que se tornaram, em alguns casos, quase canais de esgoto. No verão, virou quase uma tradição assistir insetos que invadem as casas, incomodando pessoas e até transmitindo doenças como dengue e chikungunya.
 
Mas existe  solução disponível  no  Brasil, baseada em biotecnologia, já testada em projeto piloto conduzido pela própria prefeitura de São Paulo. Sem necessidade de equipamentos complexos ou uso de produtos tóxicos, é possível reduzir o mau cheiro e os detritos orgânicos, principais responsáveis por atrair e facilitar a reprodução de baratas, escorpiões e pernilongos.
 
“A Biotecnologia nos permitiu desenvolver um tratamento limpo e natural à base de microrganismos vivos, verdadeiras `bactérias do bem`, que se alimentam dos resíduos orgânicos  sem provocar qualquer tipo de doença ou gerar subprodutos tóxicos", explica Monique Zorzim, gerente técnica da área de Saneamento da SuperBAC. A empresa, nacional, há mais de 20 anos se dedica ao tratamento de efluentes com soluções biotecnológicas para vários segmentos. Entre seus cases de sucesso estão, entre outras,  grandes empresas de  laticínios, frigoríficos e papel & celulose. 


 
Testada com sucesso no  Canal do RIo Pinheiros
 
A solução biotecnológica da SuperBAC, é reconhecida no Brasil e no Exterior, e já foi testada com resultados muito bons no Canal do Rio Pinheiros, em São Paulo, em um projeto piloto realizado pela Secretaria de Meio Ambiente. O local foi escolhido justamente por concentrar quantidades significativas de esgotos e para verificar a progressão do processo de despoluição ao longo do percurso todo. 
 
"O tratamento natural, em casos como o do Rio Pinheiros, por utilizarem metodologia extremamente simples para aplicação, traz inúmeros benefícios, que se refletem rapidamente na qualidade de vida da população dos bairros adjacentes", destaca Monique Zorzim. No caso específico do projeto piloto, em apenas trinta dias de testes, a aplicação da solução SuperBAC reduziu consideravelmente a matéria orgânica e o odor, o que, em escala real, poderia reduzir a atração e proliferação de vetores. Também aumentou a concentração de oxigênio dissolvido na água durante o teste realizado, o que melhoraria as condições de vida naquele trecho do Rio.
 
"Para um tratamento completo do Rio Pinheiros, seriam necessários apenas pontos de dosagem do produto perto das comunidades que o abastecem de esgoto e pontos de dosagem ao longo da sua margem. Uma estrutura bem mais econômica para a cidade", afirma Zorzim. Os resíduos que são lançados no Rio também podem ser reduzidos com a aplicação da tecnologia nos ralos e vasos sanitários das casas, além dos resíduos industriais que ainda são enviados ao RIo.
 
A executiva da SuperBAC lembra ainda que produtos biotecnológicos  também podem ser uma ferramenta-chave no tratamento de resíduos de óleo/gás, para remediação de áreas contaminadas com derivados de petróleo, em indústrias e em restaurantes e residências (redução de gordura em caixas e tubulações), além de permitirem soluções para a agricultura, proporcionando maior produtividade com a melhoria das condições do solo.
  

Problemas com compras nas redes sociais

Em enquete feita no Stories do Instagram do Procon-SP, 65% dos consumidores revelaram ter tido problemas ao comprar nas redes sociais; Facebook, Instagram, Whatsapp e Youtube serão notificados a explicar sobre a política de acompanhamento dos perfis com práticas comerciais


O Procon-SP realizou uma enquete no Stories do Instagram com o objetivo de mapear os problemas enfrentados pelos consumidores ao comprar pelas redes sociais: dos 353 internautas que participaram, 65% revelaram ter tido problemas. O Procon-SP irá notificar as redes sociais Facebook, Instagram, Whatsapp e Youtube para que expliquem sobre a política de acompanhamento e controle que adotam em relação aos perfis com práticas comerciais a fim de garantir que a legislação seja cumprida.

Apesar dos problemas, dos 227 consumidores que responderam se voltariam a fazer compras pelas redes sociais, 62% afirmaram que sim e 38%, que não. "De acordo com a pesquisa, boa parte das pessoas que teve problemas voltaria a comprar pelas redes sociais - o que indica que as compras online são uma alternativa cada vez mais presente para os consumidores, seja pela praticidade ou rapidez.", afirma Fernando Capez, diretor executivo do Procon-SP.

Dentre aqueles que tiveram problemas, 40% (85 pessoas) acionaram o atendimento do Procon-SP e 60% (129 pessoas) não o fizeram. O diretor do Procon-SP reafirma a importância de procurar a instituição: "Nosso atendimento tem um alto índice de efetividade, de mais de 80% de solução dos casos. Caso enfrente algum problema de consumo, tenha dúvidas ou precise de uma orientação, o Procon-SP está disponível para auxiliar. Busque pelo site https://www.procon.sp.gov.br/ ou app Procon.SP", informa Capez. "O fato de realizar venda pelas redes sociais, não isenta o fornecedor de cumprir com as determinações do Código de Defesa do Consumidor", acrescenta.


Outros resultados da enquete

De 223 consumidores que responderam ter tido problema, 61% afirmaram que o problema foi ao comprar pelo Instagram; 20%, pelo Facebook; 16%, pelo Whatsapp e 3%, pelo Youtube.

O principal problema foi com a entrega ou troca do produto: 47% responderam ter sido essa a questão enfrentada. O segundo maior problema citado foi a qualidade do produto, com 30%; seguido por problemas com pagamento ou restituição, resposta de 17%; e de questões relacionadas ao contato com o vendedor, 6%. Um total de 167 consumidores responderam a essa pergunta.

Quando indagados sobre qual segmento de produto estavam comprando, 44% revelaram que o problema foi ao comprar eletroeletrônicos; 39%, itens de vestuário; 11%, cosméticos e 6%, alimentos. Essa pergunta foi respondida por 221 participantes.

Sobre o perfil em que realizaram a compra em que houve problema, dos 179 consumidores que responderam a essa pergunta, 52% informaram ter sido de perfil verificado; 23%, de perfil novo; 17%, de perfil indicado por influenciador e 8%, do perfil do próprio influenciador.


Dicas para evitar problemas e golpes no ambiente virtual

* desconfiar de preço muito abaixo do mercado;

*observar com atenção e conferir o endereço eletrônico do estabelecimento;

* buscar informações sobre o fornecedor: endereço, atividades realizadas, meios de comunicação, etc; guardar as mensagens relativas a oferta, descrição do produto, preço e formas de pagamento;

* não comprar de perfil que não tenha CNPJ, endereço físico ou virtual (informações necessárias para a localização do fornecedor);

* consultar a lista "evite esses sites" no site do Procon-SP, que divulga sites que devem ser evitados, pois tiveram reclamações de consumidores, foram notificados, não responderam ou não foram encontrados. Confira aqui https://sistemas.procon.sp.gov.br/evitesite/list/evitesites.php

* não fornecer dados, senhas, códigos, etc;

* não acreditar em ofertas de ajuda, sorteio, dinheiro etc enviadas pelo whatsapp, redes sociais, e-mails e não clicar nesses links;

* não confiar e não compartilhar links e informações dos quais não tenha certeza da origem;

* não preencher formulários que não estejam nos sites oficiais;

* baixar aplicativos apenas das lojas oficiais;

* em caso de dúvidas ou dificuldades, procure um familiar ou amigo que possa ajudar;

* utilizar antivírus no computador, tablet e smartphone;

o Procon-SP não pede informações do consumidor e não envia mensagens via whatsapp; o consumidor deve procurar a instituição pelos canais oficiais, veja quais são aqui https://www.procon.sp.gov.br/espaco-consumidor/. Os nossos perfis oficiais são: @proconsp (facebook e instagram) e @proconspoficial (twitter); e o site é o https://www.procon.sp.gov.br



Procon-SP


Casos de intolerância e discursos de ódio batem recordes nas redes sociais

Internet reforça um comportamento histórico, social e cultural e amplifica a voz de quem usa o anonimato garantido pelas telas do computador para expor sua ira, desrespeito e violência

 

A violência e os abusos contra os direitos humanos praticados na internet vêm crescendo no país. Em 2018, a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos da SaferNet Brasil - organização não governamental, sem fins lucrativos, que reúne cientistas da computação, professores, pesquisadores e bacharéis em direito com a missão de defender e promover os direitos humanos na internet - registrou aumento de 109,95% no número de queixas em comparação a 2017.

A misoginia ou crimes contra mulheres foi recordista, com crescimento de 1.639,54% nas denúncias, mas a lista inclui incitação a crimes contra a vida, pornografia infantil, xenofobia, racismo, homofobia, neonazismo, maus tratos contra animais e intolerância religiosa. 

Neste ano, entre março e julho, as denúncias de homofobia saltaram para 2.782 (contra 1.017 no mesmo período do ano passado). A apologia aos crimes contra a vida cresceu 95% e o racismo, 245% nos cinco primeiros meses da pandemia. Já as denúncias de maus tratos a animais subiram 302%, segundo a SaferNet. 

Mas, afinal, a internet deixou as pessoas mais intolerantes? Os professores do curso de psicologia do UNICURITIBA Daniela Jungles e Guilherme Alcântara Ramos garantem que não. E na semana dedicada ao debate sobre o tema, motivado pelo Dia da Tolerância (16 de novembro), eles lembram que o desrespeito, o ódio e a maldade não se originaram nas redes sociais. 

“Desde o início dos tempos, os humanos são movidos por impulsos agressivos. A grande diferença no mundo moderno é que a internet forneceu um megafone poderoso em termos de rivalidade, eco e impacto. Hoje, pessoas acima de qualquer suspeita podem espalhar ódio e raiva sem sair de seus lares”, diz a psicóloga Daniela, mestre em Ciências da Educação pela Université de Sherbrooke (Canadá) e supervisora do Serviço-Escola de Psicologia do UNICURITIBA.

  

Internet e a “segurança” por trás da tela 

Na avaliação do mestre em Psicologia, membro do Núcleo de Atendimento Psicopedagógico do UNICURITIBA e orientador de projetos de qualidade de vida e bem-estar, professor Guilherme, a internet não aumenta a intolerância, mas permite o alcance de comunicação entre grupos que não se conheciam e que agora tem ferramentas para disseminar seus discursos de ódio. 

“A intolerância é uma realidade histórica e cultural em todo o mundo. Tivemos a inquisição, o holocausto, a escravidão e, para citar exemplos mais modernos, temos profissões mais privilegiadas que outras. A questão é que leis e as lutas de grupos sociais e minorias tornaram essas práticas menos aceitas social e presencialmente, mas a internet permite a prática da intolerância de forma mais ‘segura’ porque facilita o anonimato. É mais fácil ser intolerante na internet do que cara a cara”, comenta o especialista, que também é coordenador da Comissão de Psicologia Organizacional e do Trabalho do Conselho Regional de Psicologia.

A mobilização de grupos que praticam discursos de ódio e incitam a violência também encontrou campo fértil no meio virtual. “Agora, as pessoas reforçam as suas ideias e encontram seus pares na internet, aumentando esse efeito dominó que faz parecer com que a sociedade está mais intolerante quando, na verdade, as redes sociais apenas amplificam a voz desses grupos”, continua Ramos. 

 

Banalização da violência 

Se o tipo de agressão cometido na web é o mesmo que se vê na vida offline, o que muda é a intensidade com que as pessoas reagem quando estão atrás da tela. Afinal, um sem-fim de pessoas que não tem a ousadia de responder de forma agressiva e desrespeitosa em uma discussão cara a cara sente-se livre e desinibido nas redes sociais, explicam os professores. 

As causas da banalização da violência em posts e comentários em redes sociais, diz a psicóloga, vão além da possibilidade de anonimato e tem sua origem em questões culturais e sociais. “A agressão online é considerada uma justificativa moral e se uma mensagem não corresponde à minha verdade, eu me frustro a ponto de me sentir desrespeitado e desafiado. Poucas são as pessoas realmente dispostas a ouvir opiniões distintas. ”

 

Tolerância, um aprendizado diário

Por ser um comportamento social, continua o professor Guilherme, a tolerância pode ser ensinada e aprendida – e como tal, é possível criar estratégias para exercitar o respeito, a empatia e o combate à intolerância. 

“Temos que lidar com as pessoas nas redes sociais como lidamos com elas fora da internet e o caminho é o estímulo à empatia, ao respeito e ao autoconhecimento. Isso pode ser feito desde a infância e a adolescência. Ao entender o que é desagradável para si, nossos filhos percebem o que é desagradável e grosseiro para os outros”, explica. 

As dicas do especialista incluem bons exemplos dos pais, debates, leituras, filmes, séries, reportagens e artigos científicos que levem à reflexão sobre a diversidade. Monitorar as redes sociais dos filhos, supervisionando sua postura em grupos e comentários também é importante para contribuir na formação de cidadãos mais tolerantes. “Entender que as diferenças fazem parte do nosso dia a dia e tratá-las com naturalidade é fundamental para o entendimento da tolerância e esse aprendizado”, orienta o professor Guilherme.

“Sociedades que promovem ações que valorizam as diferenças por meio da educação apresentam uma população mais tolerante. As diferenças são verdadeiras fontes de riqueza para um país ou grupo social. Precisamos entender que o exercício da tolerância passa pela habilidade de observarmos nossos próprios julgamentos. Antes de julgar alguém, caminhe três luas com seus sapatos, diz um provérbio nativo americano”, finaliza a mestre Daniela Jungles.


Semana da consciência negra, sociedade igualitária começa na infância

Pediatra alerta para a necessidade de dialogar sobre a diversidade com as crianças


A intolerância contra gênero, raça, religião e orientação sexual tem sido cada vez mais combatida e repelida pelas sociedades de todo o mundo. No entanto, ainda temos muito a trilhar para podermos ter uma sociedade mais igualitária para todos.

"E o que estamos fazendo para que nossos filhos cresçam em uma sociedade mais justa e igualitária?", essa é a pergunta do Dr. Paulo Telles, pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria que lembra uma frase importante de Nelson Mandela: "ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua pele, por sua origem ou religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar".

Não existe receita pronta, quando se trata da criação de filhos, mas cabe aos pais conversar, discutir e até mudar sua postura para dar exemplos positivos aos pequenos. O primeiro passo, segundo o pediatra, está em reconhecer que existe o problema.

"Muitas vezes noto que o problema ainda não está escancarado. Ainda ouço que se trata de ‘mimimi’, quando, na verdade, estamos falando de um crime! Reconhecer a falha é essencial para que a sociedade se organize e tenha condições de achar soluções. Todos precisam deixar de lado os preconceitos para que possamos evoluir."

E o assunto não precisa ser abordado de forma sisuda. Mesmo nas mais tenras idades, as crianças são capazes de compreender e o pediatra sugere explicar conceitos de racismo, xingamento, injúria e estereótipos de forma lúdica. "Também temos que dar o exemplo e colocar os conceitos na primeira infância, no núcleo familiar e dentro das escolas", afirma.

Estamos inseridos em uma sociedade que se estruturou a partir de ideias preconceituosas, com atitudes de discriminação e relações que se estruturaram a partir da ideia de superioridade de um grupo sobre o outro. Mudar isso é essencial e começa com a convivência com a diversidade e isso também passa pelas histórias que contamos aos nossos filhos.

O médico também cita algumas maneiras preconizadas pela Unicef para contribuir para uma infância livre de discriminação:

1. Eduque as crianças para o respeito ao que é diferente. A diferença está nos tipos de brinquedos, nas línguas faladas, nos costumes entre amigos e pessoas de variadas culturas, raças e etnias e enriquecem nosso conhecimento.

2. Textos, histórias, olhares, piadas e expressões podem ser estigmatizantes com outras crianças, culturas e tradições. Indigne-se e esteja certo se isso acontecer!

3. Não classifique nunca o outro pela cor de pele -- o essencial você ainda não viu. Lembre-se de que racismo é crime.

4. Se seu filho foi discriminado, abrace-o, apoie-o. Mostre que a diferença entre as pessoas é legal e que cada um pode usufruir de seus direitos igualmente. Toda criança tem o direito de crescer sem ser discriminada.

5. Denuncie! A discriminação é uma violação de direitos.

6. Proporcione e estimule a convivência de crianças de diferentes raças e etnias nas brincadeiras, nas salas de aula em casa e em todos os lugares.

7. Valorize e incentive o comportamento respeitoso e sem preconceito.

8. As escolas são grandes espaços de aprendizagem. Em muitas, as crianças estão aprendendo sobre a história e a cultura dos povos indígenas e da população negra. Ajude a escola de seus filhos a adotar essa postura.

"Como pediatra, sigo esperançoso de que crianças bem orientadas e educadas conseguirão fazer esta diferença e mudar o final da história. Cabe a cada pai iniciar essa mudança dentro de sua casa para que tenhamos uma sociedade melhor para todos", conclui.

 



Dr. Paulo Nardy Telles  - CRM 109556 @paulotelles • Formado pela Faculdade de medicina do ABC • Residência médica em pediatra e neonatologia pela Faculdade de medicina da USP • Preceptoria em Neonatologia pelo hospital Universitário da USP • Título de Especialista em Pediatria pela SBP • Título de Especialista em Neonatologia pela SBP • Atuou como Pediatra e Neonatologista no hospital israelita Albert Einstein 2008-2012 • 18 anos atuando em sua clínica particular de pediatria, puericultura.


Posts mais acessados