Pediatra
alerta para a necessidade de dialogar sobre a diversidade com as crianças
A intolerância contra
gênero, raça, religião e orientação sexual tem sido cada vez mais combatida e
repelida pelas sociedades de todo o mundo. No entanto, ainda temos muito a
trilhar para podermos ter uma sociedade mais igualitária para todos.
"E o que estamos
fazendo para que nossos filhos cresçam em uma sociedade mais justa e
igualitária?", essa é a pergunta do Dr. Paulo Telles, pediatra pela
Sociedade Brasileira de Pediatria que lembra uma frase importante de Nelson
Mandela: "ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua pele, por sua
origem ou religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem
aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar".
Não existe receita
pronta, quando se trata da criação de filhos, mas cabe aos pais conversar,
discutir e até mudar sua postura para dar exemplos positivos aos pequenos. O
primeiro passo, segundo o pediatra, está em reconhecer que existe o problema.
"Muitas vezes
noto que o problema ainda não está escancarado. Ainda ouço que se trata de
‘mimimi’, quando, na verdade, estamos falando de um crime! Reconhecer a falha é
essencial para que a sociedade se organize e tenha condições de achar soluções.
Todos precisam deixar de lado os preconceitos para que possamos evoluir."
E o assunto não
precisa ser abordado de forma sisuda. Mesmo nas mais tenras idades, as crianças
são capazes de compreender e o pediatra sugere explicar conceitos de racismo,
xingamento, injúria e estereótipos de forma lúdica. "Também temos que dar
o exemplo e colocar os conceitos na primeira infância, no núcleo familiar e dentro
das escolas", afirma.
Estamos inseridos em
uma sociedade que se estruturou a partir de ideias preconceituosas, com
atitudes de discriminação e relações que se estruturaram a partir da ideia de
superioridade de um grupo sobre o outro. Mudar isso é essencial e começa com a
convivência com a diversidade e isso também passa pelas histórias que contamos
aos nossos filhos.
O médico também cita
algumas maneiras preconizadas pela Unicef para contribuir para uma infância
livre de discriminação:
1. Eduque as crianças
para o respeito ao que é diferente. A diferença está nos tipos de brinquedos,
nas línguas faladas, nos costumes entre amigos e pessoas de variadas culturas,
raças e etnias e enriquecem nosso conhecimento.
2. Textos, histórias,
olhares, piadas e expressões podem ser estigmatizantes com outras crianças,
culturas e tradições. Indigne-se e esteja certo se isso acontecer!
3. Não classifique
nunca o outro pela cor de pele -- o essencial você ainda não viu. Lembre-se de
que racismo é crime.
4. Se seu filho foi
discriminado, abrace-o, apoie-o. Mostre que a diferença entre as pessoas é
legal e que cada um pode usufruir de seus direitos igualmente. Toda criança tem
o direito de crescer sem ser discriminada.
5. Denuncie! A
discriminação é uma violação de direitos.
6. Proporcione e
estimule a convivência de crianças de diferentes raças e etnias nas
brincadeiras, nas salas de aula em casa e em todos os lugares.
7. Valorize e
incentive o comportamento respeitoso e sem preconceito.
8. As escolas são
grandes espaços de aprendizagem. Em muitas, as crianças estão aprendendo sobre
a história e a cultura dos povos indígenas e da população negra. Ajude a escola
de seus filhos a adotar essa postura.
"Como pediatra,
sigo esperançoso de que crianças bem orientadas e educadas conseguirão fazer
esta diferença e mudar o final da história. Cabe a cada pai iniciar essa
mudança dentro de sua casa para que tenhamos uma sociedade melhor para
todos", conclui.
Dr. Paulo Nardy Telles - CRM 109556 @paulotelles • Formado
pela Faculdade de medicina do ABC •
Residência médica em pediatra e neonatologia pela Faculdade de medicina da USP •
Preceptoria em Neonatologia pelo hospital Universitário da USP • Título de
Especialista em Pediatria pela SBP •
Título de Especialista em Neonatologia pela SBP • Atuou como Pediatra e
Neonatologista no hospital israelita Albert Einstein 2008-2012 • 18 anos atuando em sua clínica particular de
pediatria, puericultura.
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