- O
projeto criado para levar testes de diagnóstico às maiores favelas do país
já percorreu cinco comunidades e traz comparativo dos dados
- O
Bora Testar vai percorrer as 10 maiores comunidades brasileiras que
compõem o G-10 das Favelas - bloco de líderes e empreendedores de impacto
social
- Entre
os problemas que a pandemia trouxe, o desemprego é uma das grandes
dificuldades que os moradores enfrentam
- A
próxima favela a receber a campanha será o Morro do Alemão, no Rio de
Janeiro
- O
projeto ainda precisa de doações por plataforma online para alcançar sua
meta final
Infográfico com resultados dos testes e pesquisas aplicados em Coroadinho, MA
Bora Testar
O projeto Bora Testar, criado para levar testes de
diagnóstico as 10 maiores favelas do país com o objetivo de ajudar na prevenção
da saúde dessa população e gerar dados que traduzam a realidade desses
territórios, traz uma análise do que encontrou até agora, no momento em que
atinge metade de sua meta.
Em São Paulo, a campanha percorreu as favelas que
são consideradas as maiores comunidades da cidade. Paraisópolis e Heliópolis
com aproximadamente 60 mil habitantes cada uma e o bairro de Cidade Tiradentes,
distrito que abriga o maior complexo de conjuntos habitacionais da América
Latina. No Rio de Janeiro, o Bora Testar passou pela comunidade da Rocinha,
território com mais de 100 mil habitantes, a maior concentração populacional em
uma favela do país e no último final de semana, finalizou Coroadinho, em São
Luís do Maranhão, a quarta maior favela do país.
Com ações realizadas entre os meses de setembro e
outubro, a Rocinha era o local com maior número de contaminados (17%), no
início de outubro. Paraisópolis com 6,3% (ação realizada em setembro),
Heliópolis com 4%, no início de outubro e Cidade Tiradentes com apenas 1,5% -
bem abaixo da média geral – entre os dias 17 e 18 de outubro.
A mais recente ação realizada pelo Bora Testar foi
em Coroadinho, no último final de semana. O estado do Maranhão continua com a
curva de contaminação ascendente, contabilizando quase 200 mil casos e mais de
quatro mil mortes registradas, de acordo com o convênio de imprensa que
contabiliza os dados da pandemia no país. Pelo levantamento feito pelo Bora
Testar, a comunidade também apontou um número alto contaminação pelo
coronavírus. Foram 10% de casos positivos.
Ao todo, foram mais de duas mil pessoas
entrevistadas e, em média, mais de 20% delas encaminhadas para o teste de
Covid-19. A triagem é realizada por meio da plataforma online Ciente,
desenvolvida por médicos parceiros para apontar, por meio de questionário sobre
sintomas e saúde dos moradores, se eles têm indicação para o fazer o exame
diagnóstico.
“A gente sabe que a pandemia, a exemplo de tantas
outras doenças, acomete prioritariamente grupos populacionais menos
favorecidos, que têm menos acesso à saúde, menos condições de fazer
distanciamento social. Quando a gente vai à comunidade e faz uma entrevista, oferece
um teste, oferece um resultado, a gente mostra a pandemia está aqui”, comenta
Juliana de Arruda Matos, médica infectologista, uma das desenvolvedoras da
plataforma Ciente e parceira do Bora Testar.
O desemprego - outro fantasma que assombra as comunidades:
Os dados levantados pelo projeto Bora Testar, que quer traçar um retrato
do impacto da Covid-19 nas favelas brasileiras, também trazem um grave problema
que atinge essa população, de maneira ainda mais intensa do que a média geral
do país: o desemprego. Em todos os locais, a falta de trabalho, provocada pela
pandemia, aparece com alta incidência e muito acima da média nacional, que
fechou o trimestre em agosto em 14,4%, de acordo com dados oficiais do governo.
Paraisópolis, em São Paulo, traz o número mais alto
de desemprego (26%) e também menor índice de escolarização: 52% dessas pessoas
têm ensino fundamental incompleto e 31% ensino médio incompleto. Em seguida, o
bairro Cidade Tiradentes, com 22% dos entrevistados sem trabalho, 52,7% são
homens e 47,3% mulheres. Desses desempregados, 35% têm ensino médio incompleto
e 34,3% têm superior incompleto.
Em Heliópolis, 18,5% estão desempregados, 73% se
declaram pardos ou negros e há duas faixas etárias distintas: 35% até 29 anos e
52% com mais de 40 anos.
Coroadinho tem 17,5% das pessoas desempregadas. 75%
delas se declaram pardas ou negras e mais de 44,3% têm ensino médio completo ou
superior incompleto e 8,6% superior completo. O desemprego atinge quase que
igualmente todas as faixas etárias – de 18 anos a mais de 55 anos de idade.
E por último, aparece a Rocinha com 17,2% das
pessoas sem trabalho. 49% se declaram pardos e 22,5% negros. 31% têm ensino
fundamental incompleto e 42,3% ensino médio incompleto. Em todas as
comunidades, a maioria das famílias vive com uma renda mensal de R$1045,00.
Situação que deve se agravar com o desemprego.
Próximas ações - A
próxima ação do Bora Testar está programada para acontecer no Rio de Janeiro,
no Morro do Alemão – uma grande extensão territorial com cerca de 90 mil habitantes.
A parceria com a comunidade local e associação de moradores é fundamental para
a realização desse trabalho. “Nós privilegiamos contratar pessoas da comunidade
para desenvolver o projeto, como profissionais de saúde, entrevistadores para a
triagem e suporte local, uma maneira de também apoiar nesse momento em que
emprego também está escasso”, conta Emília Rabello, uma das idealizadoras do
projeto e responsável pelo planejamento e coordenação da equipe em campo.
Com patrocínio da empresa de mídia Outdoor Social e
em parceria com a agência de comunicação LatAm Intersect PR, a testagem
continuará até alcançar as comunidades do Grupo G-10, composto pelas 10 maiores
favelas do Brasil. “Nosso objetivo é fazer um retrato das comunidades
periféricas de todo o país, para formar uma grande leitura das necessidades de
transformação e poder contribuir para novas políticas públicas”, afirma Claudia
Daré, também idealizadora do projeto.
O Bora Testar conta também com apoio de empresas
solidárias e com uma plataforma de crowfunding para compra de testes e suporte
logístico. Para contribuir com qualquer valor a partir de 10 reais, basta
acessar a plataforma aqui.
Conheça mais sobre o projeto nas redes sociais @boratestarcovid no Instagram e
Facebook.
Dados resultantes da ação em cinco maiores favelas
do país
Coroadinho – São Luís do Maranhão
Na Capital Maranhense, conforme metodologia da
campanha, 400 pessoas passaram pela triagem e 45,6% foram encaminhadas para
testes, resultando 10,1% em casos positivos para a Covid-19. Desses, 29,3%
trabalham como autônomos e prestadores de serviço 9,8% em serviços gerais – em
constante contato com outras pessoas. 17,1% tem curso superior e 90% têm renda
familiar de até dois salários mínimos. 78% usam transporte público diariamente
e a maioria dos casos está entre jovens adultos de 26 a 35 anos de idade (30%),
seguidos de 27,5% entre 46 a 55 anos.
Cidade Tiradentes – São Paulo
Assim como as outras comunidades, o bairro Cidade
Tiradentes também foi dividida em setores censitários, com base na demarcação
do IBGE, mas por ser um território muito grande, com mais de 100 setores, a
ação se deu no centro dos conjuntos habitacionais e 400 pessoas foram
entrevistadas.
Entre os entrevistados, 42% possuem renda familiar
igual a um salário mínimo e 70% fazem uso do transporte público. Apesar de 20%
afirmar que não usam máscara com frequência e 22% nunca terem feito teste para
diagnóstico da Covid-19, nessa comunidade, o índice de contaminação apresentado
foi bastante baixo, em comparação com as outras - dos 24% encaminhados para a
testagem, apenas 1,3% teve resultado positivo.
Rocinha – Rio de
Janeiro
Campanha realizada entre os dias 5 e 10 de outubro,
413 pessoas foram entrevistas para triagem. Desse total, 26% foram indicadas
para realizar os testes e 17% apresentaram resultado. Destes, 23,5% usam
transporte público e 18% residem no Quadrante 2 - uma região de grande
concentração de comércio. O maior número de contaminados (8,1%) está entre 50 e
59 anos de idade, seguido de 7,7% entre os que têm menos de 20 anos. O número
de mulheres contaminadas é de 19,2%, índice maior que o de homens (13,6%). 13%
das pessoas com teste positivo trabalham no comércio, em atendimento
presencial.
Na Rocinha, 51% da população se declara parda e
22,5% negra. É preocupante que 37% disseram não usar máscara com frequência e
12,3% as usam às vezes. 43% nunca fizeram teste para a Covid.
Heliópolis – São Paulo
400 pessoas testadas, 26% foram encaminhadas para
testes e 4% apresentaram resultados positivos. Profissionais que atendem
pessoas presencialmente são maioria, 23% no setor de serviços e 7% no comércio.
Todos os diagnósticos positivos estão entre pessoas com renda familiar de até
dois salários mínimos. O principal problema da comunidade é o desemprego: 18,5%
das pessoas entrevistadas estão sem trabalho – número superior à média nacional
que que é de 14%, e atinge principalmente pessoas que se declaram negras e
pardas (73%). Entre os desempregados há duas faixas etárias distintas: 52%
acima de 40 anos e 35% até 29 anos. Outro fator preponderante é que 66% dos
desempregados têm até o primeiro grau completo e 90,5% de suas famílias vivem
com renda mensal de R$1045,00. Essas famílias são compostas em sua maioria
(42%) por 5 a 8 pessoas.
Paraisópolis – São Paulo
400 moradores passaram pela triagem. 28% foram
encaminhados para testes e 6,3% tiveram resultado positivo para a Covid-19.
Entre os que apresentaram resultado positivo, 48% têm renda familiar até R$ 1045
reais. Foram contaminados igualmente 40,7% dos que têm o fundamental incompleto
e os que têm ensino médio e superior incompletos. O contágio se deu com
maior incidência entre os moradores que saem de casa para trabalhar (51,9%).
40% das pessoas trabalham com atendimento presencial (serviços) e 50% servem na
área de saúde.
Sobre a Campanha Bora Testar
Idealizada para levar testes de diagnóstico da
Covid-19 às favelas do Brasil, o objetivo da campanha é ajudar a preservar a
saúde dessa população, além de gerar dados que traduzam melhor a realidade
desses locais. Com quatro pilares básicos: informação, triagem, exames com
sintomáticos e geração de dados, a campanha foi criada e desenvolvida pela
Outdoor Social e Latam Intersect PR, empresas de comunicação que se uniram com
suas diferentes especialidades para realizá-la.
Outdoor
Social
Instagram @outdoorsocial.
LatAm
Intersect PR