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Pesquisa do Instituto Vencer o Câncer (IVOC), com patrocínio da Bayer, chama
atenção para o aumento na incidência e mortalidade pela doença no Brasil e no
mundo
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No Brasil, diagnóstico tardio e falta de acesso ao tratamento são obstáculos
para redução da mortalidade
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Levantamento visa auxiliar instituições de saúde, poder público, sociedades
médicas e outras organizações no desenvolvimento de iniciativas que contribuam
com a mudança desse cenário
Os dados de incidência
e mortalidade por câncer de próstata no Brasil são alarmantes - excluindo o
câncer de pele não melanoma, o câncer de próstata é o mais incidente nos
brasileiros, e a segunda causa de morte por neoplasia nos homens. E um dos
fatores que contribuem com esse cenário é a falha na detecção precoce da
doença, especialmente no caso de pacientes brasileiros no sistema público de
saúde - é o que aponta uma investigação conduzida pelo Instituto Vencer o
Câncer (IVOC), com patrocínio da Bayer, entre novembro de 2019 e julho de 2020,
chamada de Leitura Estratégica Integrada (LEI).
O estudo, que levantou
dados sobre o atual cenário do câncer de próstata no Brasil e a linha de
cuidado do paciente que está no sistema público de saúde, tem como objetivo
auxiliar instituições da área, poder público, sociedades médicas e outras
organizações no desenvolvimento de iniciativas que contribuam com a melhora
desse cenário.
"Apesar de muitos
esforços no desenvolvimento de políticas públicas e estratégias, a mortalidade
por câncer de próstata continua crescendo no decorrer dos anos, e isso não pode
ser ignorado. É momento de rever tudo o que foi feito até agora e identificar o
que precisa ser melhorado e/ou adaptado. Enquanto essa revisão é feita, mais
pacientes são diagnosticados tardiamente ou perdem a vida para a doença",
destaca Dr. Fernando Maluf, fundador do IVOC.
Rodolfo Ferreira,
diretor de Oncologia da Bayer Brasil, complementa: "o apoio para a
realização dessa leitura aprofundada sobre o câncer de próstata no país está em
linha com o nosso propósito, já que os dados são essenciais para a construção
de melhores políticas públicas, que poderão dar soluções em escala para
problemas de saúde, como o acesso tanto à informação como a serviços e
medicamentos inovadores. Isso contribuirá com avanços no sistema de saúde, além
de trazer um impacto positivo na vida de milhões de pacientes e familiares que
enfrentam o câncer".
Quem corre mais risco?
Histórico familiar,
alterações genéticas, obesidade, sedentarismo, tabagismo e principalmente a
idade são importantes fatores de risco para o câncer de próstata. De acordo com
dados do Ministério da Saúde (MS), cerca de 60% das mortes pela doença se
concentram entre idosos de mais de 75 anos e 38% entre adultos e idosos de 55 a
74 anos. Juntas, essas faixas respondem pela quase totalidade das mortes (98%).
"Por isso, a recomendação é que o acompanhamento médico e a realização de
exames sejam feitos a partir dos 45 anos para homens que apresentem fatores de
risco, e a partir dos 50 para os demais, contribuindo para uma possível
detecção precoce", explica. Caso contrário, o cenário tende a piorar, já
que os idosos (60+) representam 12,4% da população masculina brasileira atual
e, até 2030, passará a representar 16,9%; além disso, mais da metade da
população tem excesso de peso e a obesidade alcançou a maior prevalência em
adultos nos últimos treze anos, segundo o MS.
"Importante dizer
que apesar do grupo de risco ser essencialmente de idosos, é preciso atenção
também à mortalidade prematura por câncer de próstata, pois esse é um indicador
que contribui para o monitoramento do impacto das políticas públicas na
prevenção e no controle da doença e seus fatores de risco", pontua Dr.
Maluf.
A Sociedade Brasileira
de Urologia (SBU) alerta que a raça negra é também um importante fator de risco
para a doença, o que é enfatizado por estudos internacionais. De acordo com uma
pesquisa da American Cancer Society, a incidência e mortalidade por câncer de
próstata em homens negros dobram em comparação com os índices em homens brancos
nos Estados Unidos. "Apesar de não existirem estudos concretos sobre o
tema no Brasil, sabemos que isso é também uma realidade no país. E essas taxas
desproporcionais têm relação direta com a desigualdade social - ou seja, menor
renda e acesso à saúde, o que dificulta a prevenção, diagnóstico precoce e
tratamento adequado para homens negros", destaca.
Quanto antes
diagnosticado, melhor
Além da prevenção, não
é novidade que o diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de
cura dos pacientes. Mas o aumento na incidência e mortalidade da doença no
Brasil e no mundo pode ser um indicativo de que isso ainda não acontece em
grande parte dos casos. "A dificuldade na redução da mortalidade por
câncer de próstata pode estar relacionada à concentração de casos
diagnosticados no estádio IV, por exemplo, quando os pacientes têm apenas 30%
de chance de viver por mais 5 anos", explica o médico.
De acordo com a LEI,
em 2017, a maioria dos casos de câncer de próstata no Brasil foram
diagnosticados no Estádio II (55,5%), seguido pelo estádio IV (17,6%). O
percentual de diagnósticos no estádio I no Estado de São Paulo (13,4%) é menor
do que a média nacional (15,3%). Por outro lado, os diagnósticos em estádios
mais avançados (estádios II e IV) é menor no Estado (31,0%) comparado com o
Brasil (36,2%).
Outro dado que mostra
essa concentração de diagnósticos em estágios mais avançados é o crescimento,
nos últimos anos (de 2009 a 2018), de 44,4% no número de hospitalizações por
câncer de próstata no SUS, com uma média de mais de 7 mil internações por ano.
Semelhante ao perfil nacional, no Estado de São Paulo, 93,6% das internações
ocorre entre adultos e idosos de 55 anos e mais, sendo que a concentração é
maior entre 60 a 74 anos de idade (59,7%) (2018).
"A falta de conhecimento
tanto sobre a doença em si e quando o acompanhamento médico deve ser iniciado,
como sobre os riscos que esse diagnóstico tardio pode trazer à saúde, é um dos
fatores impeditivos da detecção precoce. Em paralelo, quando falamos do sistema
público de saúde, sabemos que ainda há uma demora no agendamento de consultas
médicas e um gap no rastreamento. A ideia do nosso estudo é justamente rever
todos esses pontos e identificar o que podemos fazer para melhorar essa
situação e salvar a vida desses pacientes", pontua Dr. Fernando Maluf.
O que vem depois do
diagnóstico?
Existem, atualmente,
diferentes opções de tratamento para a doença, que dependem do estágio e outros
fatores individuais do paciente, podendo variar de cirurgia, radioterapia,
quimioterapia e medicamentos. O médico é responsável por orientar o paciente
sobre a opção ideal de acordo com seu perfil.
Entretanto, a LEI traz
também um alerta nesse sentido: apesar da variedade de tratamentos, é
necessário que os pacientes tenham não só acesso, mas sejam tratados
rapidamente após o diagnóstico, especialmente em estágios mais avançados. Uma
análise trazida pelo estudo mostra que o tempo médio entre o diagnóstico e o
primeiro tratamento é de cerca de 82 a 88 dias no Estado de São Paulo, por
exemplo. Nesse período, o sucesso do tratamento e qualidade de vida do paciente
podem ser comprometidos.
"A linha de
cuidado do câncer de próstata deve representar um atendimento contínuo de
assistência ao homem, composto por ações de promoção, prevenção, rastreamento,
diagnóstico, tratamento e cuidados paliativos. Ela permite fluxos de
atendimento seguros e garantidos ao paciente e deve servir de guia para
orientar quais são os procedimentos mais efetivos no controle e no tratamento
da doença e quais são as áreas responsáveis no processo de assistência. Se uma
etapa dela não funciona de forma satisfatória, todas as demais são
comprometidas", destaca.
Atualmente, é cada vez
mais importante tratar o câncer pensando não só na cura, mas em como controlar
o seu desenvolvimento, e a medicina se mostra cada vez mais capaz de fazer
isso, assim como já acontece com as doenças crônicas. Hoje, já existem linhas e
opções de tratamento altamente evoluídas, que trazem resultados melhores, para
cada estágio da doença. "Nossa luta é que cada vez mais os pacientes
tenham acesso à linha completa de cuidado e a essas inovações, para que vivam
melhor e por mais tempo", conclui Dr. Maluf.
Bayer
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