Do resfriado à pneumonia, médica conta quais são os indícios de
que é preciso buscar ajuda médica
Com os dias mais frios e o ar mais seco, a tendência é buscarmos
cada vez mais ambientes fechados e aconchegantes no inverno. O grande problema
é que esse tipo de ambiente é propício para a propagação de diferentes doenças
típicas da estação. As crianças, mais vulneráveis, são as mais acometidas por
doenças como
- Asma: caracterizada
por espasmo da musculatura dos brônquios, que causa dificuldade de
respirar, chiado e aperto no peito, respiração curta e rápida. Os sintomas
pioram de noite e nas primeiras horas da manhã ou em resposta à prática de
exercícios físicos, à exposição a alérgenos, à poluição ambiental e às
mudanças climáticas. Desta maneira, a asma é causada por fatores alérgicos
ou irritativos na via respiratória.
- Bronquiolite: infecção viral
dos bronquíolos, que tem início do quadro com leve resfriado, que progride
após 2 a 3 dias com chiado no peito, tosse, fadiga respiratória, cianose e
febre. A infecção apresenta graus variáveis de gravidade: de leve a
severa, necessitando de internação em UTI. O principal causador é o vírus
sincicial respiratório.
- Resfriado: coriza,
espirros, obstrução nasal, dor de garganta, tosse e rouquidão são os
sintomas da doença, que é causada por vírus. Duração de 3 a 7 dias.
- Gripe: os sintomas dos
resfriados são acompanhados de febre e são causados por vírus. Duração de
3 a 7 dias.
- Pneumonia: infecção bacteriana
ou viral no pulmão. Causa tosse, falta de ar, dor torácica e febre. Pode
ocorrer tosse com expectoração.
- Sinusite: infecção viral
ou bacteriana dos seios da face. Causa sempre obstrução nasal e secreção
amarelada (critérios diagnósticos maiores). Alguns pacientes podem
apresentar dor de cabeça, dor nos dentes superiores, tosse e febre.
- Rinite: causa alérgica
ou irritativa. Os sintomas são obstrução nasal, coriza clara, espirros e
coceira (nariz, céu da boca, olhos, ouvidos).
- Otite: infecção bacteriana
da orelha média. Causa dor de ouvido, altercação auditiva e febre. Em
alguns pacientes pode ocorrer ruptura timpânica com saída de secreção.
E quando a criança sofre com algum dos problemas
acima, os pais entram em desespero. A médica otorrinolaringologista Dra. Maura
Neves, da capital paulista, orienta os pais sobre como agir em caso de alguma
enfermidade de inverno.
Quando se deve procurar um médico?
Dra. Maura:
Sugiro sempre procurar um profissional nos quadros infecciosos. Quadros
alérgicos, já orientados em consulta, podem iniciar tratamento em casa. Caso
ocorra agravamento ou prolongamento dos sintomas, além de presença de
algum sinal não habitual, o paciente deve ser avaliado novamente.
Por que as doenças respiratórias são tão frequentes durante
o inverno?
Dra. Maura: Nessa
estação ocorrem condições climáticas (seco e frio) que favorecem a proliferação
de vírus. Além disso, há tendência das pessoas buscarem aglomerações ou mesmo
locais fechados, o que favorece a transmissão desses agentes infecciosos - por
contato interpessoal – mãos e partículas de secreções.
Elas sempre começam com alguma coriza, tosse ou espirro e
febre?
Dra. Maura: Os
quadros respiratórios de via aérea alta se iniciam desta maneira na maioria das
vezes. A febre é frequente em quadros infecciosos e não está presente em
quadros alérgicos. Coriza, tosse e espirro não ocorrem nas otites.
Tem como cuidar da criança em casa (tratamentos e cuidados
caseiros, nada de automedicação)?
Dra. Maura: Há
cuidados gerais, como boa alimentação, lavar as mãos com água e sabão, além de
lavagem nasal com solução salina que devem ser feitos de maneira rotineira para
prevenção. A lavagem nasal pode ser intensificada no início dos sintomas dos
quadros de via aérea alta para alivio sintomático.
Por que a automedicação pode ser perigosa?
Dra. Maura: O uso
de medicações sem prescrição médica pode: causar efeitos colaterais ao uso da
mesma; mascarar sintomas da infecção atual; medicamento pode ser usado sem
necessidade (por não ser indicado no quadro).
Quando é necessária a visita ao pediatra?
Dra. Maura: O
pediatra deve ser visitado de rotina para acompanhamento do crescimento e
desenvolvimento da criança e nos episódios de doenças agudas.
Existe alguma faixa etária em que essas doenças podem ser
mais preocupantes? Qual e por quê? Como agir nesses casos?
Dra. Maura:
Crianças abaixo de 2 meses devem ser avaliadas de imediato. No geral, quanto
menor a criança maior a potencial gravidade da infecção. Nestes casos um médico
deve ser consultado.
Existe alguma idade em que é mais comum que as crianças
fiquem doentes? Por quê?
Dra. Maura:
Teoricamente, crianças entre 2 e 4 anos apresentam de 8 a 11 episódios de
infecção viral ao ano. Isto decorre da imaturidade do sistema imunológico
associado ao início de atividades sociais (escola etc). Atualmente, o ingresso
precoce nas escolas facilitou o aumento da frequência destas infecções.
Verdade que crianças com alguma doença crônica ou alergia
(como rinite ou asma) estão mais suscetíveis às doenças de inverno?
Dra. Maura: A
presença de alergia ou doença crônica causa uma redução nas defesas do sistema
respiratório. Isto facilita a entrada de um agente infeccioso.
É possível passar a temporada sem pegar nenhuma das doenças?
Como?
Dra. Maura:
SIM! Devem-se manter as vacinas em dia, alimentação saudável com aporte
de legumes e frutas in natura, realizar o repouso com horas de sono adequadas,
prática de exercícios físicos. Além disso, evitar aglomerações, lavar as mãos
com frequência e realizar lavagem nasal ao menos duas vezes ao dia.
A vacina faz toda a diferença, mas nem todas as famílias têm
seguido à risca as vacinações das crianças. Qual a sua recomendação?
Dra. Maura: A
recomendação é vacinar-se. Em todas as faixas etárias há vacinas que devem ser
recebidas: crianças, adolescentes, adultos e idosos. Sugiro atenção ao
calendário vacinal dos postos de saúde. As vacinas são disponibilizadas
gratuitamente no Brasil e são seguras. Quem se vacina ajuda a sua própria saúde
(evitando infecções) e a do próximo (ao diminuir a transmissão de doenças).
Casos de câncer, hepatite etc. ou gravidez devem ser avaliados individualmente.
Nas crianças, atenção à idade: cada vacina tem indicação em uma determinada
faixa etária.
Quais as suas dicas de modo geral para fugir das doenças de
inverno?
Dra. Maura: Manter
as vacinas em dia, alimentação saudável com aporte de legumes e frutas in
natura, realizar o repouso com horas de sono adequadas, prática de exercícios
físicos. Além disso, evitar aglomerações, lavar as mãos com frequência e
realizar lavagem nasal ao menos duas vezes ao dia.
Dra. Maura Neves – Otorrinolaringologista
- Formação: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Graduado em
medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP.
Residência médica em Otorrinolaringologia no Hospital das Clinicas Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo - USP. Fellowship em Cirurgia Endoscópica
Nasal no Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo - USP , Título de especialista pela Associação Brasileira de
Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial - ABORL-CCF, Doutorado pelo
Departamento de Otorrinolaringologia do Hospital das Clinicas Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo – USP
Clínica
MEDPRIMUS
www.medprimus.com.br