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Conheça quais as
principais novidades e como elas irão impactar no sistema financeiro brasileiro
Um novo sistema de pagamentos desenvolvido pelo
Banco Central, o PIX, promete revolucionar a forma como lidamos com as
transações bancárias. Alguns cogitam até que será o fim do dinheiro físico. Mas
para entendermos melhor a dimensão dessa mudança, vamos voltar na história
monetária mundial.
O início da representação monetária surgiu no
século VII a.C, na atual Turquia com as primeiras moedas feitas de metais como
ouro e prata, que evoluiu para o papel-moeda nos primeiros séculos d.C.
Já o primeiro banco mundial foi criado em 1406, em Gênova e era chamado
de Banco
di San Giorgio.
O cheque foi uma das primeiras substituições do
dinheiro físico. Em 1605, o Banco da Inglaterra passou a guardar o ouro do
reino e emitir papéis que representassem seu valor equivalente. Mas, foi entre
1759 a 1772 que o nome cheque foi adotado e passou a ser utilizado como
conhecemos hoje.
Depois de séculos de utilização das cédulas e do
surgimento dos bancos, e até mesmo do estabelecimento do padrão ouro, os
cartões surgiram nos anos 50 do século XX como uma alternativa ao chamado
“dinheiro vivo”. Essa indústria cresceu e incorporou inovações tecnológicas
como o chip. O Banco da Escócia, em 1983, se tornou o primeiro banco a
oferecer serviços eletrônicos.
No meio dessa revolução de meios de pagamento sem
dinheiro, nos últimos anos uma outra inovação acabou surgindo: o pagamento
digital. O sistema, que possui carteiras digitais, QR Code, NFC, permite
transações a partir de aparelhos celulares e até mesmo dispositivos como
relógios digitais.
No que parece um movimento contínuo em direção à
extinção do dinheiro físico, o Brasil está vendo o surgimento do PIX, que
promete facilitar ainda mais os meios de pagamentos instantâneos.
Debatido desde 2018 pelo Banco Central (BC), o PIX,
novo método de pagamentos eletrônicos do Brasil, começará a receber cadastros a
partir de outubro. A promessa do BC é que a tecnologia esteja funcionando em
novembro de 2020.
Márcio Barnabé, Chief Marketing Officer da UzziPay,
fintech ecológica que está cadastrada no PIX, afirma que o sistema será uma
revolução no mercado. Além de operações com custos muito menores, para clientes
e empresas, ele salienta que a facilidade de realizar essas operações pelo
celular é um dos trunfos do PIX.
“Essa inovação surge para deixar todo o sistema
financeiro mais ágil, seguro e descomplicado. Esse é um importante movimento
que o Brasil está tomando”, defende.
Os pagamentos pelo PIX poderão ser realizados
através da leitura de um QR Code, redirecionamento em sites de compra e
identificando o usuário que receberá o dinheiro. Nessa terceira situação será
possível identificar o destinatário através do número de celular, e-mail ou
CPF.
Márcio elenca nove aspectos que o PIX mudará na
vida bancária dos brasileiros:
1 – Transações 24 horas por dia nos sete dias da
semana
Atualmente, para que uma transferência financeira
seja efetivada no mesmo instante é necessário que as duas contas envolvidas
sejam do mesmo banco. Além disso, há limite de horário e dia da semana para
realizar essas transações. No caso do TED, para que o valor caia no mesmo dia é
preciso fazer a operação até às 17h. Em relação ao DOC, além do período de um
dia útil, é preciso fazer a transferência até às 22h. Ambos só são efetuados de
segunda a sexta-feira.
Quando o PIX estiver estabelecido, qualquer pessoa
poderá transferir para um PJ ou PF em qualquer horário do dia. Além disso, a
transação será completada em segundos, sendo a conta dos dois envolvidos do
mesmo banco ou não. Além de transferências para amigos, o PIX permitirá o
pagamento de contas, impostos, recebimento de salário e muito mais.
2 – Cadastramento de informações
No modelo atual de transferência bancária é preciso
saber pelo menos quatro informações da pessoa ou empresa que receberá o
dinheiro: CPF ou CNPJ; número da conta; número da agência e instituição
financeira.
A partir de novembro, os valores poderão ser
movimentados com apenas uma informação, que ficará à escolha do usuário do
serviço. A identificação para o envio do dinheiro poderá ser feita através do
CPF, CNPJ, número de celular ou e-mail. Apenas um desses três dados será
exigido para que a movimentação financeira seja realizada.
3 - Saque descentralizado
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, anunciou
que entre as possibilidades do PIX estará o saque em redes varejistas. Ou seja,
as pessoas físicas poderão sacar dinheiro na padaria, farmácia, lojas e mais. O
saque deixará de ser um serviço exclusivo de agências bancárias ou caixas
eletrônicos.
A ideia, segundo Roberto Campos, é estimular a
competição, aumentar as opções dos clientes e dar mais eficiência para a
reutilização do dinheiro no próprio setor varejista.
4 - Taxas mais baratas
O Banco Central definiu que será cobrado das
instituições financeiras que utilizarem o PIX apenas R$ 0,01 a cada 10
transações. Ou seja, a cada pacote de 10 transferências o Banco Central cobrará
R$ 0,01 do banco ou fintech. Apesar desse valor bem baixo, ele não significará
necessariamente que o cliente pagará a mesma quantia. Todos os agentes que
oferecerão o PIX poderão instituir um valor para cada transação do cliente.
Contudo, a tendência é que a operação fique
realmente muito mais barata para o consumidor do que atualmente. Os TEDs e
DOCs, operações mais comuns de transferência bancária, custam entre R$ 9 e R$
20 nos principais bancos do país. Uma das possibilidades debatida é que as
instituições financeiras deixem gratuito um certo limite de transferências
mensais e cobrem pelo excedente.
5 – Transações com vários agentes e até mesmo com o
Governo
Além de uma opção para pagamento tradicional de
contas, o PIX servirá para transferências de valores entre conhecidos, de
empresas para empresas e até mesmo para transações com o Governo. O PIX poderá
ser utilizado por:
- De pessoas físicas para pessoas físicas (chamadas
de transações P2P, person to person);
- De pessoas físicas para empresas, seja locais
físicos ou digitais (chamadas de transações P2B, person to business);
- De empresas para outras empresas, para pagamento
de fornecedores, por exemplo (chamadas de transações B2B, business to
business);
- De pessoas físicas e empresas para entes
governamentais, para pagamentos de taxas e impostos, por exemplo (chamadas de
transações P2G, person to government, e B2G, business to government);
- De entes governamentais para pessoas físicas,
para pagamentos de salários e benefícios sociais como o Bolsa-Família, por
exemplo (chamadas de transações G2P, government to person);
- De entes governamentais para empresas, para
pagamentos de convênios e serviços, por exemplo (chamadas de transações
G2B, government to business).
6 - Centenas de opções de instituições
Uma das etapas do PIX foi o processo de adesão para
participação do sistema. Iniciado em junho de 2020, no início do mês de agosto
o BC já contabilizava mais de 900 instituições cadastradas. Entre essas
instituições estão bancos, fintechs, empresas de carteira digital, corretoras
de câmbio, sociedades de crédito, bancos de desenvolvimento e cooperativas.
7 – Fim do cartão de crédito e boleto bancário?
Os pagamentos realizados pelo PIX poderão ser
agendados para uma data futura. O banco ou instituição que ofereça o PIX
precisará, porém, desenvolver soluções de agendamento, o que possibilitará a
transação.
Por causa dessa opção de pagamento futuro, existe a
possiblidade de que o PIX concorra com cartões de crédito. A empresa
responsável pelo fornecimento de segurança para o sistema do PIX já pontuou que
a solução poderá até mesmo substituir o cartão a médio e longo prazo.
Outra opção de pagamento atual que correrá risco é
o boleto bancário. Com compensações que demoram até dois dias, a opção poderá
deixar de ser usada, já que os pagamentos pelo PIX são completados em segundos.
8 – Segurança
Além da facilidade de uso, o PIX será completamente
seguro. O sistema utilizará a chamada criptografia para proteger os dados dos
usuários. A técnica permite o embaralhamento das informações para que somente
quem possui uma chave de acesso consiga verificar as informações.
Além da criptografia, as informações pessoais que circularão
no PIX estarão protegidas pelo sigilo bancário e pela Lei Geral de Proteção de
Dados (LGPD). Essas medidas de segurança, junto com formas de autenticação, já
são adotadas nos TEDs e DOCs e serão utilizadas pelas instituições financeiras
também no PIX.
9 – Fim do papel moeda?
Outra possibilidade levantada pelos agentes do
setor financeiro é a diminuição da circulação e uso do dinheiro físico. Esse é
um movimento internacional e em países como Coreia do Sul, Reino Unido, Índia,
China e Holanda os pagamentos por meios digitais ou cartões de crédito/débito
já ultrapassaram o uso de cédulas.
Na Suécia, outro país que tem visto esse movimento,
grande parte das agências bancárias não aceitem há algum tempo depósitos e nem
permitem saques.
“Ainda existem várias inovações que o PIX trará e
que ainda não sabemos. Além do fato de que o sistema terá um desenvolvimento
contínuo, as instituições financeiras também poderão pensar em novas soluções
para os clientes, fazendo com que todo o sistema financeiro passe por uma
revolução”, finaliza Márcio Barnabé.
UzziPay