Passamos por um momento de reestruturação. E agora? Frente a um futuro incerto, como manter o engajamento de nossos colaboradores, da equipe e, ainda, uma boa gestão? Nesse contexto, de isolamento social e empresas precisando recorrer ao trabalho remoto, exercer uma liderança efetiva nunca foi tão falado, não é mesmo?
A realidade é que o exercício da liderança não
tem a ver com cargo e menos ainda com o momento atual. Liderança tem a ver com
a capacidade de influenciar nossos pensamentos, sentimentos e atitudes, seja
presencialmente ou virtualmente. Exercer essa influência é primordial em
momentos de incerteza, como este em que estamos vivendo.
Muitas decisões foram e ainda precisam ser
tomadas, mas vale lembrar que quem está em um cargo de gestão hoje, também é um
ser humano e, assim como todos da equipe, possui suas inseguranças e medos em
relação ao que o Covid-19 pode causar. Todos nós somos perfeitamente
imperfeitos e estamos aprendendo ao mesmo tempo com tudo isso.
Segundo Brené Brown, a vulnerabilidade é uma
força humana e não uma fraqueza, por isso entendemos que a melhor forma de
começar exercer essa liderança é gerar conexão humana com as pessoas. Ou seja,
compartilhar as ansiedades e não se sentir na obrigação de ter todas as
respostas para a equipe. No entanto, acredito que existam alguns pontos de
extrema importância a serem trabalhados para que esse processo de liderança
remota traga resultados:
• Falar com cada um da equipe individualmente, se
possível. Demonstrar interesse genuíno em saber os desafios de cada um e como,
de alguma forma, contribuir para que esse processo seja mais leve.
• Mostrar a visão de futuro para a equipe. Quais
decisões estão sendo tomadas para os próximos dias.
• Envolver a equipe perguntando e criando
soluções em conjunto para esse processo. A equipe precisa se sentir incluída,
respeitada e acolhida.
• Ter clareza do que é esperado de cada um da
equipe e como eles deverão entregar os resultados de médio e longo prazo,
frente a esse cenário. Quais as respostas que a liderança já possui e quais
ainda não.
• Os gestores devem estar mais presentes para
apoiar seu grupo de colaboradores e ter um mentor ou mentora que também o apoie
neste jornada.
• O ritmo de acompanhamento dependerá muito do
contexto do trabalho e dos entregáveis, lembrando que o mais importante nesse
acompanhamento é:
• Ter clareza da direção das decisões. Para que
os resultados futuros aconteçam, quais são os entregáveis de cada um ao longo
das semanas. Me refiro a resultados pragmáticos e não a lista de tarefas:
Exemplo de tarefa: Enviar email para tal pessoa.
Exemplo de resultado: Ter o contrato negociado e
prorrogado.
Mais importante do que controlar as tarefas que
cada colaborador está fazendo é ter clareza de quais os resultados são
relevantes para se chegar na visão planejada. Melhor do que controlar os
e-mails enviados é saber se a solução foi atingida.
Em um processo remoto, a autonomia é a palavra de
ordem, sendo assim, todos tendo a clareza dos resultados efetivos que precisam
ser entregues e acompanhados, a organização das tarefas ficará a cargo de cada
integrante da equipe dentro da distribuição do seu próprio tempo.
As reuniões de acompanhamento devem ser para
trazer os progressos dos resultados e pontos de melhoria que estão impedindo
esses progressos. Não é a quantidade de horas trabalhadas o mais importante, e
sim a evolução do direcionamento estabelecido.
Outros detalhes importantes:
• Entender a realidade de cada colaborador,
principalmente pensando naqueles que estão com seus filhos em casa. Quem está à
frente de uma equipe tem que ter empatia para entender que a rotina produtiva não
será mais a mesma e que não deve ser apenas a agenda do líder que dita o ritmo,
mas a agenda do grupo. Como esses pais estão se alternando com as crianças? É
preciso estimular os homens a contribuírem com suas mulheres e vice-versa, e
também entender os melhores horários para as reuniões de acompanhamento.
• Hoje, com a tecnologia, não existem mais
limitações. Depois de tantos recursos que as empresas estão disponibilizando
gratuitamente é fácil criar meios para estar sempre em contato, como Hangout, Whatsapp,
Telegram, Trello, etc.
Na escola ELAS, ensinamos e acreditamos na Liderança
Centrada, que respeita a compensação entre vida profissional e pessoal.
Neste período em que todos estão revendo sua forma de ser útil e, ao mesmo
tempo, revendo o valor das relações e conexões, também é o momento para
renovarmos a nossa visão do que de fato é uma liderança, de resultado e mais
humana.
Amanda Gomes - especialista em análise
comportamental e cofundadora da ELAS , primeira escola de liderança feminina
do Brasil.
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