Pesquisa aponta que 45% dos brasileiros percebem efeitos negativos das redes sociais. O Instituto Cactus compartilha dicas para desconectar-se das telas e fortalecer a saúde mental de forma consciente e coletiva
Em um mundo cada vez mais conectado, algumas pessoas estão
redescobrindo o prazer de se desconectar. O movimento J.O.L.O. (Joy Of Logging
Off), ou “prazer de se desconectar”, incentiva pausas conscientes das redes
sociais e da vida digital, valorizando momentos offline para o bem-estar e a
saúde mental. A prática não é apenas sobre evitar notificações, mas sobre
resgatar experiências reais e significativas, promovendo equilíbrio entre o
mundo virtual e o cotidiano.
A última edição do Panorama da Saúde Mental, estudo realizado pelo
Instituto Cactus em parceria com a AtlasIntel, revelou que 45% dos brasileiros
percebem efeitos negativos das redes sociais em sua saúde mental. Entre os
jovens de 16 a 24 anos, esse percentual atinge 15%. Os dados foram coletados no
primeiro semestre de 2024, com mais de 4.300 participantes, mostrando que os
impactos do ambiente digital são um dilema coletivo e relevante para toda a
sociedade.
Diante desse cenário, o Instituto Cactus sugere algumas estratégias para promover a desconexão saudável, principalmente no período noturno, quando 58% dos participantes do estudo preferem usar redes sociais.
4 Dicas para mitigar o impacto das redes sociais na saúde mental
- Pratique
atividades físicas e de lazer:
Esportes em grupo, passeios ao ar livre ou atividades de lazer promovem socialização saudável, fortalecem a autoestima e ajudam a contrabalançar o uso excessivo das redes sociais.
- Dedique-se
a hobbies/atividades criativos:
Leitura, projetos de artesanato ou voluntariado são formas de reduzir o tempo de tela. Além disso, promovem desenvolvimento pessoal e conexão social fora do ambiente digital, diminuindo a necessidade de validação online.
- Estabeleça
limites saudáveis:
Aplicativos de gerenciamento de tempo ou períodos pré-determinados de desconexão ajudam a reduzir os impactos negativos da vida digital, promovendo mais qualidade de vida e relações reais.
- Cuidado
para não se isolar:
O “detox digital” pode gerar sensação de isolamento. O Instituto Cactus recomenda distanciamento parcial, combinando horários de desconexão com outros métodos de contato com amigos e familiares, como encontros presenciais ou ligações. Como destaca Bianca Kann, especialista do Instituto:
Antes
de tudo, vale um alerta: ao decidir fazer um detox digital, é fundamental
comunicar amigos íntimos e familiares. Assim, os vínculos podem se manter e se
fortalecer por meio de encontros presenciais ou conversas por telefone.
Além
disso, é necessário reconhecer como o ambiente digital influencia o equilíbrio
emocional, uma vez que as redes sociais são projetadas para capturar a atenção
e gerar engajamento contínuo, o que pode amplificar sentimentos de ansiedade,
inadequação ou sobrecarga. Para o Instituto Cactus, refletir sobre essas
dinâmicas não é apenas uma questão de escolha individual, mas um chamado para
repensar coletivamente como a sociedade lida com a saúde mental e os impactos
emocionais do mundo digital.
Saúde mental como prioridade
Embora práticas individuais de desconexão digital, como o
movimento J.O.L.O., sejam importantes para o equilíbrio emocional, o Instituto
Cactus reforça que a saúde mental não pode ser tratada apenas como uma
responsabilidade pessoal. Ela deve ser compreendida como uma pauta coletiva,
transversal e contínua, integrando diferentes áreas da sociedade e estando no
centro do debate público.
Nesse sentido, a desconexão digital representa apenas um dos
aspectos de uma abordagem mais ampla e necessária: a saúde mental deve ser
protegida e promovida por meio de políticas públicas que a coloquem no centro
das decisões, reconhecendo sua importância para a qualidade de vida e o
desenvolvimento humano. Isso exige ações estruturantes que promovam prevenção,
cuidado e suporte acessível, com investimentos em educação emocional, acesso
ampliado a serviços de qualidade e apoio comunitário que fortaleça vínculos e
reduza o estresse cotidiano.
É nesse sentido que o Instituto Cactus contribui com projetos como
o Tamo Junto, que mobiliza comunidades para a promoção da saúde mental; o
Painel de Saúde Mental, que gera dados e evidências para orientar políticas
públicas; e a proposta de fortalecimento do Programa Saúde na Escola (PSE), que
tem abordado o cuidado em saúde mental dentro dos territórios.
“Cada pessoa pode ser multiplicadora de iniciativas semelhantes,
reconhecendo em sua própria comunidade a importância de reivindicar ações que
ampliem o acesso ao cuidado e criem espaços de acolhimento. Isso também
significa assumir a responsabilidade de acompanhar e cobrar a efetiva
implementação das políticas públicas em saúde mental para que sejam eficazes,
abrangentes e inclusivas”, avalia Maria Fernanda Quartiero, diretora-presidente
do Instituto Cactus.
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