Nova diretriz de
cardiologia destaca a urgência de tratar como fator de risco cardiovascular
doenças como a depressão e a ansiedade
Um novo consenso clínico da Sociedade Europeia de Cardiologia
(ESC), divulgado no Congresso de 2025 em Madri, lança um alerta urgente sobre a
profunda e muitas vezes subestimada relação entre a saúde mental e as doenças
cardiovasculares. O documento destaca que quadros como depressão, ansiedade e
transtornos psiquiátricos graves podem encurtar a expectativa de vida em até 20
anos, tendo as doenças cardíacas como uma das principais causas de mortalidade
entre os pacientes. As doenças cardiovasculares são responsáveis por cerca de
30% das mortes no Brasil e no mundo, e os problemas emocionais agora são
considerados um fator de risco tão significativo quanto o tabagismo, segundo a
Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp).
A ciência tem avançado na compreensão de como essa conexão se
manifesta e alguns estudos têm mostrado que a solidão e o isolamento social,
por exemplo, elevam a produção de proteínas ligadas à inflamação e às
infecções, aumentando o risco de doenças cardiovasculares, derrames e até
diabetes tipo 2. O estresse crônico, comum em pessoas com distúrbios mentais,
provoca mudanças biológicas prejudiciais, incluindo o aumento da inflamação e
da pressão arterial.
“Essa resposta do corpo ao estresse, com a liberação de hormônios
como cortisol e adrenalina, sobrecarrega o sistema cardiovascular a longo
prazo, danificando os vasos sanguíneos e facilitando a formação de placas nas
artérias. Por isso, devemos cada vez mais ter um olhar amplo considerando a
saúde física, aspectos emocionais e socioeconômicos em uma abordagem colaborativa
entre cardiologistas e psiquiatras, visando tratar o paciente de forma
integral, e não apenas a doença”, explica Carisi Anne Polanczyk, chefe do
Serviço de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular do Hospital
Moinhos de Vento.
A solidão foi identificada como causa do aumento de cinco
proteínas no sangue, que podem explicar parte da associação entre o sentimento
e o maior risco de mortalidade e eventos cardiovasculares. Uma dessas
proteínas, a ADM, está ligada à regulação de hormônios do estresse e do
"hormônio do amor" (ocitocina), e seus níveis mais altos foram
associados a um menor volume de regiões cerebrais importantes para a percepção
do estado corporal e para processos emocionais e sociais, além de estarem
relacionados a um risco maior de morte prematura. O tratamento de transtornos
mentais, como a depressão e a ansiedade, em pacientes cardíacos, pode reduzir
em até 75% o risco de novas internações, aumentar o controle e a adesão ao
cuidado cardiológico e o bem-estar físico.
"É fundamental que os profissionais de saúde reconheçam a
urgência dessa conexão e comecem a tratar o paciente de forma holística,
integrando o cuidado da saúde mental e física. Não é aceitável que a saúde
psicológica seja ignorada, pois ela é uma aliada poderosa na prevenção e recuperação
de doenças cardiovasculares", afirma a médica, que participou do congresso
europeu em que as novas diretrizes foram apresentadas.
A medicina evolui, e a nova diretriz busca modernizar a abordagem,
reforçando que é preciso avaliar o paciente em sua totalidade, considerando a
saúde mental, a genética e o estilo de vida. Começar os cuidados o mais cedo
possível é crucial, já que a aterosclerose, o processo de formação de placas
nas artérias, é uma doença crônica e progressiva que pode se iniciar na infância.
No Hospital Moinhos de Vento, essa abordagem integral é um dos pilares de
atenção, especialmente no Hospital do Coração, unidade inaugurada em agosto.
Hospital Moinhos de Vento
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