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terça-feira, 2 de setembro de 2025

Brasileiros ampliam horizontes: Europa, Austrália e Ásia ganham espaço como destinos de estudo no exterior

Com a queda na emissão de vistos nos EUA e no Canadá e o aumento da competitividade global, estudantes brasileiros diversificam suas opções e buscam países com custos mais acessíveis, políticas flexíveis e melhores oportunidades de trabalho


O cenário da mobilidade internacional de estudantes está passando por uma transformação significativa e os brasileiros estão no centro dessa mudança. Por décadas, os Estados Unidos e o Canadá foram os destinos mais desejados por quem planejava estudar fora, mas o endurecimento das políticas migratórias e os custos elevados estão levando cada vez mais jovens a diversificarem suas escolhas. Agora, Europa, Austrália e Ásia se consolidam como alternativas atrativas, oferecendo programas de qualidade, condições mais acessíveis e oportunidades reais de inserção no mercado de trabalho. 

Segundo dados do ETS TOEFL Competitor Market Update (ago/2025), estima-se que cerca de 450 mil estudantes internacionais tenham deixado os principais destinos tradicionais (Estados Unidos, Canadá, Austrália e Reino Unido) desde 2024, e cerca de 100 mil por ano estão buscando novas opções mais competitivas. Até 2030, a estimativa é que o número total de estudantes no exterior alcance 9 milhões, com crescimento expressivo nas matrículas em países europeus, asiáticos e do Oriente Médio. 

Entre os brasileiros, a tendência acompanha esse movimento global, mas com particularidades. Os Estados Unidos continuam sendo um destino de prestígio, com crescimento de 7% dos vistos de brasileiros, mas enfrentam um cenário mais restritivo. Em 2025, houve uma queda de 15% na emissão de vistos F-1, num cenário mundial, em relação ao ano anterior, o que representa uma redução significativa no número de novas admissões. A recente decisão do governo norte-americano de limitar a duração dos vistos a no máximo quatro anos, em alguns casos apenas dois, e de revogar autorizações de mais de 6 mil estudantes internacionais, aumentou a insegurança de quem planeja estudar no país e acelerou a busca por alternativas mais estáveis. 

O Canadá, historicamente um dos três principais destinos escolhidos pelos brasileiros, também perdeu força. A emissão de novos vistos caiu 48% em 2024, resultado de políticas de contenção que reduziram drasticamente o número de matrículas, impactaram programas de idiomas e provocaram o cancelamento de cursos inteiros, principalmente em instituições públicas de Ontário. Com custos de vida cada vez mais altos e maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho local, muitos brasileiros estão optando por explorar novos caminhos. 

Nesse cenário, países como Austrália, Irlanda, Alemanha, Portugal, Holanda, Coreia do Sul e Japão têm ganhado espaço. A Austrália, por exemplo, recebeu mais de 816 mil estudantes internacionais em 2025 e segue atraindo brasileiros pela flexibilidade acadêmica, pela qualidade reconhecida globalmente de suas instituições e pelas oportunidades de trabalho pós-estudo, mesmo após o aumento da taxa de visto para AUD$ 2.000, a mais alta do mundo. 

A Europa também tem se consolidado como destino estratégico, especialmente Irlanda, Alemanha e Portugal, que combinam custos mais acessíveis com políticas mais amigáveis de permanência e trabalho. Ao mesmo tempo, países asiáticos, como Coreia do Sul e Japão, registram um crescimento expressivo no número de estudantes brasileiros, impulsionado por bolsas de estudo, acordos bilaterais e programas de internacionalização que facilitam o acesso de estrangeiros ao ensino superior.
 

Pragmatismo estudantil 

A escolha por destinos alternativos reflete uma mudança de mentalidade do estudante brasileiro, que hoje adota um perfil mais pragmático e estratégico. Se antes o foco estava apenas na experiência internacional, agora a prioridade passa por um conjunto de fatores que envolvem qualidade acadêmica, possibilidade de trabalhar durante ou após o curso, reconhecimento internacional do diploma e, principalmente, custo-benefício. De acordo com o ETS Human Progress Report 2025, 91% dos profissionais brasileiros acreditam que certificados de habilidades e idiomas são essenciais para conquistar melhores oportunidades de carreira, o que reforça o interesse crescente por qualificações que ofereçam retorno concreto no mercado de trabalho. 

Essa transformação também faz com que os brasileiros busquem comprovar competências reconhecidas globalmente, especialmente em relação ao inglês. O TOEFL permanece como uma das credenciais mais aceitas por universidades e órgãos de imigração ao redor do mundo, funcionando como uma chave para acessar bolsas, matrículas e programas de inserção no mercado global. 

Omar Chihane, Diretor Global de TOEFL da ETS, avalia que a diversificação dos destinos e a busca por oportunidades mais amplas marcam um novo momento na mobilidade estudantil brasileira. “O estudante brasileiro está mais estratégico do que nunca. A retração nos Estados Unidos e no Canadá forçou uma diversificação que abriu espaço para destinos antes pouco explorados, como Irlanda, Austrália, Alemanha e Coreia do Sul. Mais do que estudar, os brasileiros querem trabalhar, construir redes globais e garantir relevância no mercado internacional. Nesse contexto, dominar o inglês e comprovar proficiência com um teste reconhecido globalmente, como o TOEFL, tornou-se um diferencial competitivo decisivo.”

Com o mercado de educação internacional cada vez mais competitivo, os brasileiros estão mais atentos às mudanças de políticas migratórias e ao custo de vida nos países de destino, priorizando locais que oferecem um equilíbrio entre qualidade acadêmica, empregabilidade e acessibilidade financeira. Essa tendência reforça uma transformação estrutural no perfil da mobilidade estudantil e confirma que, para quem busca oportunidades globais, preparar-se com certificações reconhecidas é um passo essencial para ampliar horizontes.


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