Com a queda na emissão de vistos nos
EUA e no Canadá e o aumento da competitividade global, estudantes brasileiros
diversificam suas opções e buscam países com custos mais acessíveis, políticas
flexíveis e melhores oportunidades de trabalho
O cenário da mobilidade internacional de estudantes
está passando por uma transformação significativa e os brasileiros estão no
centro dessa mudança. Por décadas, os Estados Unidos e o Canadá foram os
destinos mais desejados por quem planejava estudar fora, mas o endurecimento
das políticas migratórias e os custos elevados estão levando cada vez mais
jovens a diversificarem suas escolhas. Agora, Europa, Austrália e Ásia se
consolidam como alternativas atrativas, oferecendo programas de qualidade,
condições mais acessíveis e oportunidades reais de inserção no mercado de
trabalho.
Segundo dados do ETS TOEFL Competitor Market Update (ago/2025),
estima-se que cerca de 450 mil estudantes internacionais tenham deixado os
principais destinos tradicionais (Estados Unidos, Canadá, Austrália e Reino
Unido) desde 2024, e cerca de 100 mil por ano estão buscando
novas opções mais competitivas. Até 2030, a estimativa é que o
número total de estudantes no exterior alcance 9 milhões, com
crescimento expressivo nas matrículas em países europeus, asiáticos e do
Oriente Médio.
Entre os brasileiros, a tendência acompanha esse movimento global,
mas com particularidades. Os Estados Unidos continuam sendo um destino de
prestígio, com crescimento de 7% dos vistos de brasileiros, mas enfrentam um
cenário mais restritivo. Em 2025, houve uma queda de 15% na
emissão de vistos F-1, num cenário mundial, em relação ao ano
anterior, o que representa uma redução significativa no número de novas
admissões. A recente decisão do governo norte-americano de limitar a duração
dos vistos a no máximo quatro anos, em alguns casos apenas dois, e de revogar
autorizações de mais de 6 mil estudantes internacionais,
aumentou a insegurança de quem planeja estudar no país e acelerou a busca por
alternativas mais estáveis.
O Canadá, historicamente um dos três principais destinos
escolhidos pelos brasileiros, também perdeu força. A emissão de novos vistos
caiu 48% em 2024, resultado de políticas de contenção que
reduziram drasticamente o número de matrículas, impactaram programas de idiomas
e provocaram o cancelamento de cursos inteiros, principalmente em instituições
públicas de Ontário. Com custos de vida cada vez mais altos e maior dificuldade
de inserção no mercado de trabalho local, muitos brasileiros estão optando por
explorar novos caminhos.
Nesse cenário, países como Austrália, Irlanda, Alemanha, Portugal,
Holanda, Coreia do Sul e Japão têm ganhado espaço. A Austrália,
por exemplo, recebeu mais de 816 mil estudantes internacionais em 2025
e segue atraindo brasileiros pela flexibilidade acadêmica, pela qualidade
reconhecida globalmente de suas instituições e pelas oportunidades de trabalho
pós-estudo, mesmo após o aumento da taxa de visto para AUD$ 2.000,
a mais alta do mundo.
A Europa também tem se consolidado como destino estratégico,
especialmente Irlanda, Alemanha e Portugal, que combinam custos mais
acessíveis com políticas mais amigáveis de permanência e
trabalho. Ao mesmo tempo, países asiáticos, como Coreia do Sul e Japão,
registram um crescimento expressivo no número de estudantes brasileiros,
impulsionado por bolsas de estudo, acordos bilaterais e programas de
internacionalização que facilitam o acesso de estrangeiros ao ensino superior.
Pragmatismo estudantil
A escolha por destinos alternativos reflete uma mudança de
mentalidade do estudante brasileiro, que hoje adota um perfil mais pragmático e
estratégico. Se antes o foco estava apenas na experiência internacional, agora
a prioridade passa por um conjunto de fatores que envolvem qualidade acadêmica,
possibilidade de trabalhar durante ou após o curso, reconhecimento
internacional do diploma e, principalmente, custo-benefício. De acordo com o ETS Human
Progress Report 2025, 91% dos profissionais brasileiros acreditam que
certificados de habilidades e idiomas são essenciais para conquistar melhores
oportunidades de carreira, o que reforça o interesse crescente
por qualificações que ofereçam retorno concreto no mercado de trabalho.
Essa transformação também faz com que os brasileiros busquem
comprovar competências reconhecidas globalmente, especialmente em relação ao
inglês. O TOEFL permanece como uma das credenciais mais aceitas
por universidades e órgãos de imigração ao redor do mundo, funcionando como uma
chave para acessar bolsas, matrículas e programas de inserção no mercado
global.
Omar Chihane, Diretor Global de TOEFL da ETS, avalia que a
diversificação dos destinos e a busca por oportunidades mais amplas marcam um
novo momento na mobilidade estudantil brasileira. “O estudante brasileiro está
mais estratégico do que nunca. A retração nos Estados Unidos e no Canadá forçou
uma diversificação que abriu espaço para destinos antes pouco explorados, como
Irlanda, Austrália, Alemanha e Coreia do Sul. Mais do que estudar, os
brasileiros querem trabalhar, construir redes globais e garantir relevância no
mercado internacional. Nesse contexto, dominar o inglês e comprovar proficiência
com um teste reconhecido globalmente, como o TOEFL,
tornou-se um diferencial competitivo decisivo.”
Com o mercado de educação internacional cada vez mais competitivo,
os brasileiros estão mais atentos às mudanças de políticas migratórias e ao
custo de vida nos países de destino, priorizando locais que oferecem um
equilíbrio entre qualidade acadêmica, empregabilidade e
acessibilidade financeira. Essa tendência reforça uma
transformação estrutural no perfil da mobilidade estudantil e confirma que, para
quem busca oportunidades globais, preparar-se com certificações reconhecidas é
um passo essencial para ampliar horizontes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário