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Nos últimos meses, basta dar uma volta pela farmácia ou rolar o feed das redes sociais para perceber uma tendência que vem crescendo rapidamente: as famosas gummies. Coloridas, saborosas e apresentadas como uma alternativa “divertida” aos tradicionais comprimidos, esses suplementos em forma de balinha prometem ajudar desde quem sofre com insônia até quem busca alívio nos sintomas da TPM ou da ansiedade. Mas, afinal, elas funcionam mesmo ou estamos diante de mais uma moda que mexe com o psicológico, mas pouco com o corpo?
Não dá para negar: existe algo de reconfortante em
mastigar uma balinha no fim de um dia cansativo. A prática torna o cuidado com
a saúde mais leve e menos associado à ideia de remédio. De fato, muitas dessas
fórmulas contêm nutrientes com funções comprovadas no organismo. A melatonina,
por exemplo, é reconhecida por sua ação na regulação do ciclo do sono, com
doses diárias recomendadas de 0,21 mg para adultos, conforme aprovado pela
ANVISA. O magnésio, essencial para o relaxamento muscular e nervoso, tem uma
ingestão diária recomendada de 310 a 420 mg para adultos, dependendo do sexo e
idade. Já as vitaminas do complexo B, associadas à regulação do humor e da
energia, variam em suas doses recomendadas, como a vitamina B2, que é indicada
em 1,1 mg por dia para mulheres adultas.
Ingredientes como camomila, passiflora e valeriana,
tradicionais na fitoterapia, vêm ganhando espaço nessas gomas, transformando o
consumo em uma experiência lúdica que combina sabor e cuidado com o bem-estar.
Pesquisas recentes mostram que a camomila apresenta efeito ansiolítico e
sedativo, sendo útil no manejo de distúrbios do sono e ansiedade. A passiflora
também se destaca por sua ação ansiolítica natural, contribuindo para o alívio
de sintomas de ansiedade leve. Já a valeriana é reconhecida por suas
propriedades relaxantes e calmantes, indicada no tratamento de insônia e tensão
emocional.
Mas não podemos ignorar um fator curioso: o efeito
placebo. Só o ato de consumir um produto que promete relaxamento já pode
desencadear uma resposta positiva no organismo. Estudos mostram que, quando
acreditamos que algo vai nos ajudar, o cérebro aumenta a produção de
neurotransmissores ligados ao bem-estar, como dopamina e serotonina. Muitas
pessoas relatam dormir melhor ou sentirem-se mais calmas já nos primeiros dias,
o que pode estar tanto vinculado aos ativos quanto a essa expectativa positiva.
Essa mistura entre ciência e psicologia é o que
torna o debate tão fascinante. Não significa que seja “apenas placebo”, mas sim
que a percepção de melhora pode envolver múltiplos fatores, uma combinação
entre o que entra no organismo e aquilo que acreditamos estar recebendo.
Vale a pena apostar nas gummies? A resposta é:
depende de alguns fatores. Se a fórmula traz ingredientes com comprovação
científica, em doses adequadas e seguras, pode sim auxiliar na qualidade do
sono, na ansiedade leve e até em alguns desconfortos da TPM. Porém, é
importante ficar atento à procedência da marca, à leitura do rótulo e, sempre
que possível, contar com a orientação de um profissional de saúde para entender
se o suplemento é necessário.
Outro ponto é não cair na ilusão de que a goma vai
“resolver tudo”. Má qualidade de sono, por exemplo, muitas vezes está ligada a
hábitos como excesso de telas antes de dormir, estresse crônico ou alimentação
inadequada. A mesma lógica vale para ansiedade e TPM, que pedem um cuidado
multidimensional envolvendo rotina, alimentação, movimento corporal e, quando
necessário, apoio médico.
Essas balas podem sim ser uma aliada, especialmente para quem busca praticidade e um formato mais agradável do que cápsulas duras e sem sabor. Mas não devem carregar a responsabilidade de serem vistas como solução mágica. Talvez o maior benefício esteja justamente nesse ponto: elas podem abrir caminho para que as pessoas voltem o olhar para a própria saúde de um jeito mais leve e convidativo.

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