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quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Ultraprocessados e pouco contato com natureza influenciam aumento de alergias em crianças, afirma médica do Hospital e Maternidade Sepaco

A infância mudou e, em vez de brincadeiras ao ar livre, temos crianças em casa, grudadas na telinha, comendo bobagens. Esses hábitos, além de impactar o desenvolvimento infantil, podem desencadear quadros de alergias alimentares e dermatológicas, cada vez mais observadas nos consultórios pediátricos, segundo Lara Novaes Teixeira, médica pediatra, alergista e imunologista do Hospital e Maternidade Sepaco, Lara Novaes Teixeira.

- Temos observado um aumento expressivo nas alergias infantis nos últimos anos, e isso se deve a uma série de fatores, como o uso excessivo de antibióticos, menor exposição à natureza, aumento da poluição e consumo de alimentos ultraprocessados – diz a especialista.

Entre as alergias mais comuns que afetam as crianças estão as respiratórias, como rinite alérgica e asma, além das alimentares e cutâneas, por exemplo, dermatite atópica e urticária.

O histórico familiar é um fator de risco importante: filhos de pais alérgicos têm mais chances de desenvolver algum tipo de alergia. Outros aspectos que influenciam são o tipo de parto, o não aleitamento materno exclusivo até os seis meses, e a exposição precoce a poluentes, como a fumaça do cigarro.

- Podemos ajudar a preveni-las com hábitos saudáveis, como brincar na natureza, aleitamento materno exclusivo até os 6 meses (se possível), introdução precoce (aos 6 meses com avaliação pediátrica) de alimentos alergênicos, não se expor ao cigarro e o uso de antibióticos sem necessidade – orienta a profissional.


Sintomas e diagnóstico

Os sinais de alerta para pais e responsáveis incluem coceiras, manchas vermelhas na pele, coriza, espirros, chiado no peito, tosse persistente e reações após o consumo de certos alimentos. No entanto, é importante evitar testes de alergia sem indicação médica.

- Para um indivíduo ser considerado alérgico, ele precisa ter sintomas. O que significa que exames alterados sem correlação com o que o paciente sente não têm validade. Os principais testes para avaliação de alergias, quando falamos naquelas imediatas (pouco tempo após a exposição ao alérgeno) são de sangue e cutâneos – diz ela.


Tratamento e prevenção

O tratamento das alergias infantis depende do tipo e da gravidade do quadro. A primeira medida é evitar ao máximo a exposição ao alérgeno, promovendo sempre uma higiene ambiental para controlar a proliferação dos ácaros, e não ingerir alimento suspeito/causador.  Medicamentos como anti-histamínicos e corticoides costumam ajudar, mas seu uso deve ser sempre orientado por um médico. Em situações mais graves, como anafilaxia, o uso de adrenalina intramuscular pode ser necessário.


Mitos e verdades

Se não tratadas adequadamente, as alergias podem comprometer o sono, a autoestima, o rendimento escolar e aumentar o risco de hospitalizações.

- Existem pessoas que ainda diminuem a gravidade da alergia, dizendo que se trata de uma frescura quando, na verdade, é uma condição que pode ser bem grave.

Outro mito recorrente é a retirada preventiva de alimentos da dieta apenas com base em exames, sem que haja sintomas. Essa prática, além de desnecessária, pode prejudicar a nutrição e o crescimento da criança.

Felizmente, nos últimos anos, novos tratamentos vêm melhorando a vida das crianças alérgicas, como os imunobiológicos — terapias que atuam diretamente no sistema imunológico — e a imunoterapia oral para alergias alimentares, que busca dessensibilizar o paciente ao alérgeno.

– Estar atento aos sinais e buscar avaliação médica especializada ao menor sinal de reação é essencial para garantir o bem-estar e o desenvolvimento saudável das crianças – diz a médica.

 

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