A infância mudou e, em vez de brincadeiras ao ar livre, temos crianças em casa, grudadas na telinha, comendo bobagens. Esses hábitos, além de impactar o desenvolvimento infantil, podem desencadear quadros de alergias alimentares e dermatológicas, cada vez mais observadas nos consultórios pediátricos, segundo Lara Novaes Teixeira, médica pediatra, alergista e imunologista do Hospital e Maternidade Sepaco, Lara Novaes Teixeira.
- Temos observado
um aumento expressivo nas alergias infantis nos últimos anos, e isso
se deve a uma série de fatores, como o uso excessivo de antibióticos, menor
exposição à natureza, aumento da poluição e consumo de alimentos
ultraprocessados – diz a especialista.
Entre
as alergias mais comuns que afetam as crianças estão as
respiratórias, como rinite alérgica e asma, além das alimentares e cutâneas,
por exemplo, dermatite atópica e urticária.
O histórico
familiar é um fator de risco importante: filhos de pais alérgicos têm mais
chances de desenvolver algum tipo de alergia. Outros aspectos que influenciam
são o tipo de parto, o não aleitamento materno exclusivo até os seis meses, e a
exposição precoce a poluentes, como a fumaça do cigarro.
- Podemos ajudar a
preveni-las com hábitos saudáveis, como brincar na natureza, aleitamento
materno exclusivo até os 6 meses (se possível), introdução precoce (aos 6 meses
com avaliação pediátrica) de alimentos alergênicos, não se expor ao cigarro e o
uso de antibióticos sem necessidade – orienta a profissional.
Sintomas e
diagnóstico
Os sinais de
alerta para pais e responsáveis incluem coceiras, manchas vermelhas na pele,
coriza, espirros, chiado no peito, tosse persistente e reações após o consumo
de certos alimentos. No entanto, é importante evitar testes de alergia sem
indicação médica.
- Para um
indivíduo ser considerado alérgico, ele precisa ter sintomas. O que significa
que exames alterados sem correlação com o que o paciente sente não têm
validade. Os principais testes para avaliação de alergias, quando falamos
naquelas imediatas (pouco tempo após a exposição ao alérgeno) são de sangue e
cutâneos – diz ela.
Tratamento e
prevenção
O tratamento
das alergias infantis depende do tipo e da gravidade do quadro. A
primeira medida é evitar ao máximo a exposição ao alérgeno, promovendo sempre
uma higiene ambiental para controlar a proliferação dos ácaros, e não ingerir
alimento suspeito/causador. Medicamentos como anti-histamínicos e
corticoides costumam ajudar, mas seu uso deve ser sempre orientado por um
médico. Em situações mais graves, como anafilaxia, o uso de adrenalina
intramuscular pode ser necessário.
Mitos e verdades
Se não tratadas
adequadamente, as alergias podem comprometer o sono, a autoestima, o
rendimento escolar e aumentar o risco de hospitalizações.
- Existem pessoas
que ainda diminuem a gravidade da alergia, dizendo que se trata de uma frescura
quando, na verdade, é uma condição que pode ser bem grave.
Outro mito
recorrente é a retirada preventiva de alimentos da dieta apenas com base em
exames, sem que haja sintomas. Essa prática, além de desnecessária, pode
prejudicar a nutrição e o crescimento da criança.
Felizmente, nos
últimos anos, novos tratamentos vêm melhorando a vida das crianças alérgicas,
como os imunobiológicos — terapias que atuam diretamente no sistema imunológico
— e a imunoterapia oral para alergias alimentares, que busca
dessensibilizar o paciente ao alérgeno.
– Estar atento aos
sinais e buscar avaliação médica especializada ao menor sinal de reação é
essencial para garantir o bem-estar e o desenvolvimento saudável das crianças –
diz a médica.
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