Veterinária do CEUB explica os sinais de alerta, diagnóstico e os cuidados necessários para manter o animal saudável em tratamento
Assim como nos humanos, o diabetes mellitus pode afetar cães e gatos de forma quase que silenciosa e, quando não tratado, pode levar a complicações graves e até à morte do animal. Com diagnóstico precoce e o tratamento adequado, os pets podem ter uma vida longa e com qualidade. Fabiana Volkweis, professora de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB), orienta os tutores sobre como identificar os sintomas da doença, a importância do acompanhamento médico e os cuidados no dia a dia dos animais diabéticos.
O alerta para os tutores começa com os chamados “4 Ps”: perda de peso, poliúria (urinar em excesso), polidipsia (sede exagerada) e polifagia (aumento do apetite). Entre outros sintomas, estão a apatia, vômitos e até cegueira súbita. Em gatos, a doença pode causar andar alterado, com apoio dos membros traseiros, o que dificulta, por exemplo, subir em sofás e lugares altos. “Com o agravamento, o pet pode parar de se alimentar, perder peso rapidamente, apresentar desidratação, desenvolver insuficiência renal ou pancreatite”, alerta a veterinária.
Embora as causas ainda não sejam totalmente compreendidas, a combinação de fatores genéticos e ambientais é apontada como a principal responsável pela patologia. A veterinária classifica animais obesos, idosos ou que já tenham enfrentado doenças como pancreatite como os que têm mais chances de desenvolver o quadro. Estudos mostram que gatos domésticos com mais de 6,8 kg têm o dobro de chances de desenvolver diabetes, especialmente os que já passaram dos 7 anos.
“Já em cães, a maioria dos casos envolve a forma
insulinodependente da doença, ou seja, o pâncreas já não produz a insulina
necessária”, explica. Entre as complicações mais graves da doença, estão a
cetoacidose diabética, condição que causa desidratação severa, acidose, perda
de eletrólitos e alterações neurológicas, falência renal, infecções urinárias
recorrentes, neuropatias e até cegueira causada por catarata.
Diagnóstico e tratamento
O ponto de partida, segundo a professora é a observação de comportamentos incomuns e mudanças físicas. A partir disso, ela recomenda que o pet seja encaminhado para um médico veterinário solicitar exames de sangue e urina, como a glicemia em jejum e a urinálise.
"Em alguns casos, são indicados exames complementares,
como a dosagem de frutosamina, hemoglobina glicada e ultrassonografia
abdominal, além da avaliação de função renal, hepática e lipídica",
explica Volkweis. Ela acrescenta que uma avaliação criteriosa pode excluir
comorbidades, como insuficiência renal, hipotireoidismo e
hiperadrenocorticismo.
Embora o princípio do tratamento entre cão e gato seja o mesmo, com insulina, dieta e exercícios físicos, há diferenças importantes. “Em cães, o uso da insulina é quase sempre vitalício. Já em gatos, a depender da resposta ao tratamento e da retirada de fatores que causam resistência à insulina, há casos de remissão da doença, ou seja, o pet pode deixar de precisar da medicação com o tempo. Hoje existem sensores modernos que se acoplam ao corpo do animal e enviam as medições para aplicativos, sem a necessidade de punções constantes.”.
A alimentação também varia entre caninos e felinos.
Segundo a veterinária, para cães a dieta deve ser controlada em quantidade e
oferecida nos mesmos horários, sobretudo antes da aplicação da insulina. Já os
gatos podem ter acesso livre à ração específica ao longo do dia, pois usam
insulina de longa duração. “Estabelecer uma rotina adequada, aplicar a insulina
nos horários certos, evitar petiscos e seguir a dieta à risca fazem toda a
diferença”, reforça Fabiana.
Participação ativa do tutor
Além da medicação, é necessário monitorar a
glicemia conforme orientação do médico veterinário. Com diagnóstico precoce,
medicação correta, alimentação adequada e acompanhamento profissional, a
especialista garante que os pets diabéticos podem viver muitos anos com saúde e
bem-estar: “O mais importante é o tutor entender que a sua dedicação é
peça-chave no controle da doença”.

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