Especialista ensina a identificar e reduzir despesas que passam despercebidas no dia a dia, evitando prejuízos ao orçamento e promovendo planejamento financeiro eficiente
Pequenos valores que passam despercebidos no dia a dia podem gerar um impacto significativo no orçamento ao longo do mês. Conhecidos como “gastos invisíveis”, eles incluem desde assinaturas de streaming pouco utilizadas até lanches rápidos. Embora pareçam inofensivos isoladamente, quando somados, esses custos comprometem a capacidade de poupança e podem levar ao endividamento.
Segundo Marcelo Cunha,
professor de Gestão e Negócios na Una Uberlândia, a principal dificuldade está
no fato de que “são despesas que, por parecerem pequenas, passam despercebidas.
Mas, ao final do mês, podem representar uma parcela considerável da renda.
Muitas pessoas só percebem quando já estão com dificuldades para fechar as
contas”.
Erros comuns e a
importância da revisão constante
Um dos maiores obstáculos para um bom planejamento financeiro é a ausência de um diagnóstico realista sobre a própria situação. “Muita gente não sabe exatamente quanto ganha, quanto deve e como distribui seus gastos. Isso leva a orçamentos irreais, que rapidamente se tornam inviáveis”, afirma.
O professor destaca
ainda a negligência com despesas variáveis e sazonais, como seguros e impostos,
o uso indiscriminado do crédito e a falta de reserva de emergência como
armadilhas comuns. “Planejamento não é algo estático; precisa ser revisado
periodicamente para acompanhar mudanças na renda e no custo de vida",
reforça.
O que são e onde se
escondem os gastos invisíveis
Para o professor, o conceito de gastos invisíveis engloba uma variedade de despesas: assinaturas de streaming não utilizadas, aplicativos pagos esquecidos no celular, seguros embutidos em contratos, taxas bancárias pouco questionadas e até o cafezinho diário fora de casa. “Muitas dessas despesas nascem de decisões impulsivas ou de comodidade, e permanecem ativas por meses ou anos sem que percebamos”, explica.
A falta de percepção
está diretamente ligada à forma de pagamento. Com cartões de crédito, carteiras
digitais e débitos automáticos, a sensação de desembolso diminui. “Não ver o
dinheiro saindo da carteira cria uma falsa impressão de que o orçamento está
sob controle, quando na verdade há um vazamento constante”, afirma.
Os impactos no orçamento
e no planejamento de vida
O efeito cumulativo desses gastos pode ser surpreendente. Cunha comenta que, em muitos casos, ao revisar despesas invisíveis, famílias descobrem que poderiam economizar o equivalente a parcela de financiamento, viagem ou investimento de médio prazo. “Quando as pessoas dizem que não conseguem guardar dinheiro, o problema nem sempre é a falta de renda, mas sim o excesso de pequenas saídas que, somadas, corroem a capacidade de poupança”, reforça.
Além disso, o
especialista alerta para o impacto psicológico: a sensação de sempre estar no
limite financeiro gera estresse, desorganização e até desmotivação para
planejar o futuro.
Como identificar e
cortar os gastos invisíveis
O primeiro passo, segundo o professor, é criar o hábito de revisar mensalmente faturas e extratos. A partir daí, registrar cada gasto, por menor que seja, ajuda a visualizar padrões e identificar serviços ou produtos que não trazem retorno proporcional.
“É preciso avaliar a frequência de uso. Um serviço de streaming, por exemplo, só vale a pena se for utilizado regularmente. Se a utilização for esporádica, talvez seja melhor cancelar e reativar apenas quando necessário”, orienta Cunha. Outra estratégia é evitar compras impulsivas, especialmente em aplicativos que oferecem compras com “um clique”. “Essa facilidade é tentadora, mas representa um risco para quem não acompanha o fluxo do próprio dinheiro”, acrescenta.
Cunha também destaca que o controle financeiro pode ser feito de forma simples, utilizando tanto métodos tradicionais, como planilhas e cadernos de anotações, quanto ferramentas digitais adaptadas à realidade brasileira.
“A conscientização sobre
os gastos invisíveis é libertadora. Quando entendemos para onde o dinheiro vai,
podemos redirecioná-lo para o que realmente importa: seja realizar um sonho,
investir ou simplesmente viver com mais tranquilidade”, conclui o
professor.

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