Nova lei exige avaliação multiprofissional e joga
luz sobre uma síndrome que afeta 2,5% dos brasileiros, comprometendo o trabalho,
as relações e a qualidade de vida
A Lei 15.176/2025,
sancionada na terça-feira (29), entra em vigor em janeiro de 2026 e reconhece
quem sofre de fibromialgia como pessoa com deficiência (PcD), contudo, apenas
em casos incapacitantes. Segundo a nova legislação, o diagnóstico deverá ser
confirmado por uma avaliação multiprofissional, que comprove o impacto
funcional da doença na vida do paciente.
A lei representa
um avanço no reconhecimento da condição, especialmente em um cenário no qual o
impacto da fibromialgia já é alarmante. Segundo a Sociedade Brasileira de
Reumatologia, a doença afeta cerca de 2,5% da população no País, com maior
incidência em mulheres, muitas vezes diagnosticadas tardiamente.
A síndrome se caracteriza
por dores musculares generalizadas e crônicas, que podem durar meses, sem
apresentar evidências de inflamação nos locais doloridos. De acordo com a
Associação Brasileira de Fibromiálgicos (Abrafibro), 57% dos pacientes relatam
prejuízos na vida profissional e 45% enfrentam limitações nos relacionamentos
íntimos.
“O cérebro recebe
sinais distorcidos do corpo. A pessoa sente dor onde tecnicamente não deveria
sentir e isso se torna crônico, exaustivo”, explica a médica fisiatra Prof.ª
Dra. Matilde Sposito, especialista em bloqueios neuroquímicos, com consultório
em Sorocaba-SP.
A fisiatria atua nesses casos por meio de abordagens combinadas. Entre os
recursos mais eficazes, estão os bloqueios neuroquímicos, como o uso da toxina
botulínica, aplicada em pontos estratégicos para aliviar a dor.
Prof.ª Dra. Matilde Sposito comenta que também pode utilizar recursos off label, sempre com base em evidências clínicas e personalização do tratamento, de acordo com as necessidades de cada paciente. “O fibromiálgico precisa de resultado prático. Dormir melhor, sentir menos dor, voltar a fazer coisas simples do dia a dia. É assim que a gente começa a reconstruir a vida dele”, afirma a médica fisiatra, que é especializada em medicina de reabilitação pela New York University (NYU), com doutorado pela Escola Paulista de Medicina e formação em ensaio clínico pela Universidade de Harvard.
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