Psiquiatra Dra. Maria Fernanda Caliani responde como identificar e tratar
De forma geral, a compulsão é caracterizada pela repetição
de um comportamento que gera alívio ou prazer momentâneo, seguido de culpa,
arrependimento ou até sofrimento. A pessoa perde o controle,
mas continua presa ao ciclo.
“É como se o cérebro criasse um atalho para fugir
da dor emocional. Só que esse atalho, com o tempo, deixa de funcionar e vira um
labirinto”, destaca a especialista.
As compulsões mais comuns incluem:
- Compras
excessivas
- Comer
em grandes quantidades, mesmo sem fome (compulsão alimentar)
- Uso
problemático de redes sociais e celulares
- Compulsão
sexual
- Jogos
de azar e apostas online
Embora o termo pareça recente, as compulsões são
estudadas há décadas. O que mudou, segundo Dra. Maria Fernanda, é o cenário
social que favorece os gatilhos.
“A gente vive em um tempo de recompensa imediata.
Tudo é rápido, disponível, digital. Isso alimenta um sistema cerebral que busca
dopamina a qualquer custo, mesmo que isso signifique prejuízo financeiro,
isolamento social ou desgaste emocional”.
Como saber se é compulsão?
Alguns sinais de alerta, segundo a psiquiatra:
- Sentir
que perdeu o controle sobre o comportamento
- Tentar
parar, mas não conseguir
- Esconder
o que faz ou sentir vergonha
- Prejuízos
pessoais, profissionais ou familiares
- Uso
do comportamento como forma de anestesiar emoções
“A chave para diferenciar uma vontade comum de uma
compulsão é o sofrimento envolvido. Se causa dor, culpa, arrependimento ou
isolamento, é hora de procurar ajuda”.
Existe tratamento?
Sim, e ele vai muito além de “parar de fazer”. O
tratamento geralmente envolve:
- Acompanhamento
psiquiátrico (com medicação, se necessário)
- Psicoterapia, especialmente com
abordagem cognitivo-comportamental
- Grupos
de apoio e terapia ocupacional
- Mudanças
no estilo de vida e nos gatilhos diários
“É possível sim ter uma vida equilibrada mesmo
convivendo com a tendência à compulsão. Mas o primeiro passo é reconhecer que
há um problema. E tudo bem pedir ajuda, isso é sinal de coragem, não de
fraqueza”, finaliza Dra. Maria Fernanda.
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