Do PowerPoint à frustração: os erros mais comuns (e
invisíveis) que sabotam a execução antes mesmo do começo.
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Sabe aquela estratégia que parece que não “encaixa”?
Você força, torce, gira o quadro, chama consultoria, muda o slide... mas não
vai.
A real é: muitas estratégias já nascem mortas.
Morreu no briefing. Morreu na pressa. Morreu no
alinhamento político.
Morreu na covardia de não fazer escolhas reais.
E por quê?
Porque o processo de construção estratégica virou, em
muitas empresas, um ritual burocrático para cumprir tabela. Um desfile de
vontades, interesses e slogans, sem que ninguém tenha coragem de colocar a mão
no bisturi e fazer o corte necessário.
No lugar de decisões, temos concessões.
No lugar de escolhas, temos listas.
No lugar de dor, temos PowerPoint com música ambiente.
Quando isso acontece, surgem os cinco modelos de estratégias
que já nascem mortas.
1. A Lista de Desejos
Aquela estratégia que mais parece carta para o Papai
Noel.
Um “catadão” de vontades soltas, desconectadas da realidade de tempo, recursos
ou capacidade de execução.
No fundo, ninguém quer escolher.
Só querem listar tudo que gostariam que desse certo.
“Estratégia é escolher o que não fazer.”
— Michael Porter
📉
Estudo da Bain & Company (2022) mostra que empresas com foco em menos
de 5 prioridades estratégicas têm 3x mais chance de executar com sucesso do que
aquelas com listas de 10 ou mais.
2. O Jantar de Cachorro
Uma estratégia feita com os “restos” do ano anterior.
Ninguém teve coragem de jogar fora, então resolveram esquentar no microondas e
colocar numa nova embalagem.
Tem cheiro de passado e gosto de zona de conforto.
E sabe o pior?
Já começa velha.
📊
Segundo a McKinsey, mais de 60% das estratégias corporativas reaproveitam
verbatim elementos dos ciclos anteriores, mesmo em mercados em plena disrupção.
3. O Ato Salvador
A estratégia messiânica.
Cria-se a ilusão de que um projeto único — uma fusão, uma tecnologia, uma
transformação digital — será suficiente para virar o jogo.
Mas ao apostar tudo numa carta, podam-se outras rotas e negam-se as
complexidades reais.
É a tentação do plano mágico.
Mas milagre não é estratégia.
“Esperar que uma única mudança resolva tudo é abdicar da
responsabilidade de pensar o sistema.”
— Gary Hamel
4. O Medíocre Múltiplo Comum
Todo mundo quer se ver representado, então evita-se
qualquer corte, qualquer enfrentamento, qualquer desconforto.
Cria-se uma colcha de retalhos de intenções agradáveis e metas simbólicas.
No fim, todos sorriem... mas ninguém move nada.
📉
Segundo a Strategy& (PwC), empresas com estratégias excessivamente
“democráticas” têm 2x mais conflitos internos na execução e 40% mais atraso nos
cronogramas.
5. A Eterna Fantasia
É a ilusão sequencial do crescimento.
Todos os anos, os mesmos gráficos otimistas, os mesmos OKRs irreais, os mesmos
discursos sobre “ano de virada” — sem que nada mude de verdade.
E pior: sem que ninguém cobre o que ficou pelo caminho.
É como assistir à mesma peça de teatro, com figurinos
novos, mas roteiro igual.
“O otimismo ingênuo é o oposto da estratégia.”
— Richard Rumelt
A verdade incômoda
Você já viu alguma dessas? Aposto que sim.
Talvez esteja tentando executar uma agora mesmo.
A verdade é simples:
Estratégia de verdade escolhe. E toda escolha real dói.
Se a sua estratégia não está doendo, talvez ela não
esteja decidindo nada.
“Estratégia não é um plano para agradar. É um plano para
vencer.”
— Roger Martin
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