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terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Dezembro Vermelho: quebra de barreiras culturais nas comunidades gera impacto positivo no combate ao HIV



Especialista do CEUB detalha medidas para conter o avanço do vírus e reduzir o estigma do uso de preservativos


O Brasil registrou redução de 20,8% na taxa de detecção de AIDS, saindo dos 21,6 para 17,1 casos por 100 mil habitantes. A queda foi ainda mais expressiva entre mulheres: 37,8%. A taxa de mortalidade por AIDS também diminuiu 26,5% no mesmo período, de acordo dados do Boletim Epidemiológico HIV 2023. Apesar do cenário, Eveline Vale, infectologista e professora de Medicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB), ressalta que as ações de prevenção, o diagnóstico precoce e os direitos das pessoas que vivem com HIV ainda precisam de mais eficácia. 

Como o HIV ainda é considerado uma epidemia global, as estratégias de prevenção têm se diversificado para atender diferentes públicos, especialmente aqueles em maior vulnerabilidade social. “Essas populações estão mais expostas ao HIV e, por isso, precisam de estratégias específicas que considerem suas realidades. A prevenção combinada é uma abordagem que busca reduzir a transmissão do vírus, a partir de ações comportamentais, estruturais e biomédicas, afirma Eveline. 

De acordo com a infectologista, o conceito de prevenção envolve medidas integradas, como o uso de preservativos, a profilaxia pré e pós-exposição (PrEP e PEP), testagem regular para HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), além do tratamento imediato para pessoas diagnosticadas com o vírus. “Nosso objetivo é alcançar a indetectabilidade da carga viral. Quando isso acontece, o vírus se torna intransmissível”, explica. 

Apesar do maior acesso à informação, Eveline reconhece que ainda há barreiras culturais e resistência envolvendo o uso de preservativos. Segundo a docente, algumas pessoas acreditam que o preservativo reduz o prazer ou que não precisam usar por confiar no parceiro. Outros grupos ainda enfrentam tabus relacionados à sexualidade ou dificuldades de acesso, especialmente adolescentes, pessoas em situação de rua ou privadas de liberdade. 

Para superar esses obstáculos, a professora do CEUB defende um esforço coletivo: “Precisamos de campanhas educativas, desestigmatização do uso de preservativos e empoderamento de mulheres e jovens para que possam adotar práticas sexuais seguras. Também é fundamental envolver líderes comunitários e religiosos para promover mensagens positivas de saúde sexual.”
 

Conscientização para as minorias

Eveline ressalta o papel da campanha Dezembro Vermelho, como oportunidade de ampliar as ações de testagem, conscientização e combate ao estigma. A médica aponta que este é um momento em que a sociedade como um todo se mobiliza para reforçar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. “Entre as ações de maior impacto, estão os mutirões de testagem gratuita, a promoção de PrEP e PEP, e atividades educativas voltadas para reduzir preconceitos.” 

Sobre a testagem, a frequência varia conforme o perfil de risco, sendo o diagnóstico precoce fundamental para iniciar rapidamente o tratamento antirretroviral, que no Brasil é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Para pessoas mais expostas, como profissionais do sexo ou indivíduos com múltiplos parceiros, a recomendação é fazer exames a cada três a seis meses. A testagem regular permite identificar precocemente o HIV e iniciar o tratamento antes que a infecção pelo HIV progrida para a aids,” explica.

Quanto à função social, a infectologista do CEUB destaca a importância das iniciativas comunitárias na disseminação de informações e acesso aos serviços de saúde. Segundo ela, ações locais conseguem adaptar as mensagens às realidades específicas de cada comunidade: “Deste modo, ajudamos a quebrar barreiras culturais e promover um impacto mais eficaz na prevenção e no tratamento do HIV”.


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