Cerca de 1 bilhão de pessoas vive com obesidade no mundo, conforme alerta a Organização Mundial da Saúde (OMS). Paralelamente, o diabetes tipo 2 atinge cerca de 537 milhões de pessoas globalmente e deve chegar a 643 milhões até 2030, também segundo a OMS. Se, por um lado, há o contexto epidemiológico alarmante dessas doenças crônicas graves, a boa notícia é que os tratamentos para essas enfermidades evoluíram, beneficiando maior número de pacientes.
E uma classe específica de medicamentos tem chamado a atenção não só por seus resultados promissores para o diabetes tipo 2 e a obesidade, mas também por trazer benefícios para outras condições médicas, em geral associadas à obesidade. São os análogos do receptor de GLP-1, com destaque para semaglutida.
“Os
medicamentos análogos ao GLP-1 são amplamente reconhecidos como uma das opções
mais modernas e eficazes no tratamento destas doenças crônicas. Em especial,
aqueles que contêm semaglutida em sua composição têm mostrado resultados nunca
vistos, com benefícios que vão além do controle glicêmico e perda de peso”,
explica Priscilla Mattar,
endocrinologista e vice-presidente da área médica da Novo Nordisk no Brasil.
Benefícios cardiovasculares
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. Cerca de 300 mil indivíduos por ano sofrem Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), ocorrendo óbito em 30% desses casos. Estima-se que até 2040 haverá aumento de até 250% desses eventos no país, segundo dados do Ministério da Saúde.
A
semaglutida 2,4mg é o único medicamento agonista do receptor GLP-1 que
demonstrou benefícios cardiovasculares em pessoas com sobrepeso ou obesidade e
doença cardiovascular estabelecida. De acordo com as análises do estudo SELECT,
apresentadas durante o Congresso Europeu de Obesidade (ECO) 2024, a substância
nesta dosagem proporcionou, além de uma perda de peso robusta e sustentada, uma
redução de risco estatisticamente significativa de 20% em MACE (infarto do
miocárdio não fatal, acidente vascular cerebral e morte cardiovascular),
independentemente de haver perda de peso, e garantiu a relação risco-benefício
positiva geral do tratamento com um perfil de segurança consistente. Também
mostrou que, ao longo de um período de até cinco anos, esses benefícios foram
alcançados independentemente da idade, sexo, etnia e IMC inicial. Além disso, os
eventos adversos foram leves e transitórios, e não impediram a continuidade do
tratamento, na maioria dos casos.
Prevenção de doenças renais
O estudo FLOW (Avaliação da Função Renal com Semaglutida uma vez por semana), apresentado no 61º Congresso da European Renal Association (ERA) demonstrou que a semaglutida 1mg reduz significativamente o risco de eventos graves de doença renal, desfechos cardiovasculares e mortalidade por todas as causas em pacientes com diabetes tipo 2 e doença renal crônica.
A doença ou insuficiência renal crônica leva à perda lenta e gradual das
funções renais e está associada a duas enfermidades de alta prevalência, como o
diabetes e a hipertensão arterial. No Brasil, a estima-se que mais de dez
milhões de pessoas tenham a doença renal crônica, sendo que 90 mil pacientes
estão em diálise.
Melhora na osteoartrite
A osteoartrite é uma doença que consiste no desgaste da cartilagem articular e outras alterações ósseas, sendo uma das principais causas de incapacidade física e redução na qualidade de vida de pessoas com mais de 65 anos. A enfermidade, que acomete principalmente as articulações que sustentam o peso do corpo, como quadris e joelhos, tem a obesidade como um fator de risco.
Desenvolvido para avaliar a eficácia e segurança
da semaglutida 2,4 mg em pacientes com osteoartrite, o estudo STEP 9, apontou
que a substância não leva apenas à perda de peso, como também melhora a dor nos
joelhos de pessoas diagnosticadas com osteoartrite e obesidade. Até a semana 68
do estudo, a alteração média na dor no joelho avaliada pela pontuação de dor do
Western Ontario and McMaster Universities Arthritis Index (WOMAC) foi
uma redução de 41,7 pontos para a semaglutida e uma diminuição de 27,5 pontos
para um placebo correspondente. A apresentação dos resultados ocorreu no World
Congress on Osteoarthritis (OARSI) de 2024.
Estudos em andamento
O potencial da molécula que inovou o tratamento do diabetes e da obesidade não para por aí: a semaglutida continua sendo estudada como alternativa terapêutica para diversas doenças, e o futuro é promissor. “Temos pesquisas em andamento sobre a atuação da semaglutida oral 14mg em pessoas com doença de Alzheimer precoce, denominado EVOKE, a conclusão do estudo está prevista para 2026”, esclarece a endocrinologista Priscilla Mattar.
Além disso, há o estudo ESSENCE, que avalia o funcionamento da semaglutida em pessoas com esteatohepatite não alcoólica (MASH), doença silenciosa e com alto potencial de gravidade. “Considerando que cerca de 30% da população mundial pode enfrentar problemas de saúde ligados a gordura no fígado, a importância e necessidade de estudos como esse em andamento são indiscutíveis”, pondera a especialista.
A
multifuncionalidade da semaglutida traduz a inovação da medicina e representa a
possibilidade de tratamento, esperança e principalmente, de ganho de vida com
qualidade para as pessoas. “Estamos falando de uma evolução na medicina que
poderá beneficiar diferentes perfis de pacientes, caso os estudos sigam em
desenvolvimento”, conclui a Dra. Priscilla.
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