Segundo o INCA, cerca de 30 mil
pacientes sofrem com essa doença no Brasil a cada ano Freepik
O mês de agosto é marcado pela campanha Agosto Branco, dedicada à conscientização
e prevenção do câncer de pulmão, uma das neoplasias mais letais e prevalentes
no mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2023, essa
doença foi responsável por cerca de 1,8 milhão de mortes, sendo a principal
causa de óbito por câncer no planeta. Além disso, foi a segunda neoplasia mais
frequente, com mais de 2 milhões de casos novos registrados globalmente.
No Brasil, as estatísticas são igualmente alarmantes. Segundo o
Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados cerca de 30 mil novos casos
de câncer de pulmão por ano, sendo o terceiro tumor mais incidente entre os
homens, com 18 mil casos, e o quarto mais frequente entre as mulheres, com 12
mil casos.
Fatores
de risco: O tabagismo e a exposição ocupacional
O tabagismo é o principal fator de risco para o desenvolvimento do
câncer de pulmão, sendo responsável por aproximadamente 85% dos casos
diagnosticados. Mesmo a exposição passiva ao tabaco aumenta consideravelmente o
risco de desenvolver a doença. Além disso, a exposição ocupacional a agentes
carcinogênicos, como asbesto, arsênico, e cádmio, também contribui para o
surgimento do câncer. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que
entre 17% e 29% dos casos estejam relacionados a exposições ocupacionais,
especialmente em setores como a fabricação de borracha, pavimentação e pintura.
"O cigarro continua sendo o maior vilão no desenvolvimento do
câncer de pulmão, mas é essencial que também consideremos os riscos associados
à exposição ocupacional. A prevenção deve ser uma prioridade, e isso inclui
programas de cessação ao tabagismo e a redução da exposição a agentes
carcinogênicos no ambiente de trabalho," afirma o Dr. Fábio Feio,
oncologista do Instituto Paulista de Cancerologia (IPC).
A
importância do diagnóstico precoce e rastreamento
A taxa de sobrevida relativa em cinco anos para pacientes que
sofrem dessa condição é de apenas 18%, sendo que apenas 16% dos casos são
diagnosticados em estágio inicial, quando a taxa de sobrevida pode alcançar
56%. Isso ressalta a importância do diagnóstico precoce e do rastreamento,
especialmente entre os grupos de maior risco.
O rastreamento do câncer de pulmão, por meio da tomografia de
baixa dose de radiação, é uma estratégia crucial para a detecção precoce da
doença em grandes fumantes. Recentes orientações brasileiras recomendam a
realização anual desse exame para pacientes com idade entre 50 e 80 anos, que
tenham fumado 20 cigarros ou mais por dia durante pelo menos 20 anos, ou que
tenham parado de fumar há menos de 15 anos. "O rastreamento é uma
ferramenta poderosa na luta contra esse problema. Diagnosticar a doença em seus
estágios iniciais aumenta significativamente as chances de sucesso no tratamento
e reduz a morbidade associada," explica o oncologista.
Avanços
no tratamento e perspectivas futuras
Os últimos anos trouxeram avanços significativos no tratamento
desse câncer. Em casos de doença localizada, a cirurgia, especialmente a
lobectomia robótica, e as novas técnicas de radioterapia têm proporcionado
melhores resultados para os pacientes. Já em cenários de doença avançada ou
metastática, a medicina de precisão, que envolve a análise molecular e genética
dos tumores, tem permitido tratamentos mais personalizados e eficazes.
"Estamos vivendo uma nova era no tratamento do câncer de
pulmão. A combinação de quimioterapia, imunoterapia e terapias-alvo, ajustadas
de acordo com o perfil genético de cada paciente, tem proporcionado melhor
qualidade de vida e maior sobrevida. É fundamental que continuemos a investir
em pesquisa e inovação para que possamos oferecer as melhores opções de
tratamento a todos os pacientes," conclui o Dr. Fábio.
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