Nos últimos meses, temos testemunhado avanços
significativos na área da inteligência artificial (IA), especialmente com o
surgimento da inteligência artificial generativa. Essa forma de IA tem
revolucionado diversos setores, desde a criação de conteúdo até a produção de
arte, e o impacto disso no mercado de trabalho é cada vez mais evidente e
relevante.
A IA generativa refere-se a sistemas capazes de
criar, produzir ou replicar conteúdos de forma autônoma, sem intervenção humana
direta. Esses sistemas são treinados com grandes conjuntos de dados e aprendem
padrões para gerar conteúdos que muitas vezes se assemelham àqueles criados por
humanos.
O advento da IA generativa levanta questões
importantes sobre o futuro do mercado de trabalho. Por um lado, a automação
proporcionada por esses sistemas certamente aumentará a eficiência e a
produtividade em vários setores, reduzindo custos e possibilitando o
desenvolvimento de novos e aprimorados produtos e serviços. À medida que a
inteligência artificial generativa se torna mais sofisticada e difundida, é
inevitável que certas tarefas e profissões sejam automatizadas. Setores como
escrita criativa, design gráfico, tradução e até mesmo música e arte estão
vendo o surgimento de sistemas capazes de realizar tarefas que anteriormente
eram exclusivamente humanas.
Ao mesmo tempo que ameaça algumas atividades, a IA
generativa também abre novas oportunidades e demandas por habilidades específicas.
A capacidade de trabalhar em conjunto com sistemas de IA, entender e
interpretar os resultados gerados por eles e utilizar essas ferramentas de
forma criativa e eficaz se tornará uma habilidade essencial no mercado de
trabalho futuro. Além disso, surgirão novas áreas de atuação e profissões que
antes não existiam, impulsionadas pela crescente interação entre humanos e
máquinas.
Neste ínterim, cabe ressaltar que a rápida evolução
proporcionada pelas inteligências artificiais generativas será melhor aproveitada
por aqueles que estiverem melhor preparados, e isso se aplica não apenas a
indivíduos, mas a países inteiros. O Brasil é reconhecido por ter um bom parque
tecnológico - uma pesquisa realizada pelo Centro de Tecnologia de Informação
Aplicada da Fundação Getúlio Vargas, em 2023, indicava que nosso país possuía
uma média de 2,2 dispositivos digitais por habitante - porém, apresenta um
investimento muito baixo em pesquisa científica em relação aos países que mais
investem em pesquisa e inovação.
O Brasil investe anualmente cerca de 1,3% do PIB em
pesquisa científica, enquanto a União Europeia investe 2,12% do PIB e os
Estados Unidos, líderes em pesquisa e inovação, investem quase 2,8% do PIB. A
China, que vem surpreendendo em setores como o de eletrificação de automóveis,
aumentou bastante o investimento nas últimas décadas, chegando a quase 2,2% do
PIB de 2019 investido em pesquisa científica.
Esse cenário de baixo investimento em pesquisa
impacta diretamente no número de novas patentes brasileiras e,
consequentemente, na riqueza do país. Precisamos aproveitar a oportunidade do
boom das inteligências artificiais generativas e passar, de forma urgente, a
investir mais em pesquisa e inovação, gerando mais riquezas e efetivo
desenvolvimento para o Brasil.
Mais uma vez, a chave para o desenvolvimento da
nação está na Educação, no estímulo para a pesquisa e inovação, que deve
ocorrer desde as fileiras escolares - e não faltam bons exemplos de ações
voltadas a estimular a pesquisa entre crianças e adolescentes brasileiros, como
a FEBRACE, a MOSTRATEC e a FENECIT, entre outras, mas não podemos nos limitar a
isso. Universidades e organizações públicas e privadas devem ser estimuladas a
investir em pesquisa e inovação, e boas iniciativas devem ser divulgadas e premiadas.
Que possamos usar nosso bom parque tecnológico para inovar e criar mais!
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