Migrar para Portugal tem sido o objetivo de muitos brasileiros. Segundo relatório do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), órgão responsável pelo setor de imigração do país europeu, mais de 200 mil brasileiros residem em terras lusitanas. No caso de médicos que queiram exercer a profissão em Portugal, é preciso, antes de tudo, revalidar o diploma, o que exige o cumprimento de regras específicas.
Mas como é esse
passo-a-passo? Bom, deve-se começar pelo reconhecimento do diploma do médico
brasileiro no exterior. É importante cuidar de tudo minuciosamente para
viabilizar esta validação, desde questões documentais até logísticas. A partir
disso, outros serviços também são prestados, como cidadania, vistos para o
médico e sua família, auxílio e representação para aquisição ou locação de
imóveis, dentre outros.
Até pouco tempo a
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) utilizava-se de um acordo
bilateral firmado com a Universidade de Lisboa. Por este acordo, o processo era
feito de forma mais simples e rápida, dispensando os candidatos da realização
de provas, com a vantagem do candidato poder fazer-se representar por um
advogado em Portugal, mediante procuração. Curiosidade: somos talvez o
escritório que mais revalida diplomas da UFRJ em Portugal. Nesses casos, como
não há necessidade de realização de provas, a revalidação ocorre integralmente
sem a necessidade de qualquer intervenção do médico.
Quando os diplomas
são provenientes de outras universidades, o processo exige o cumprimento de
três etapas: prova objetiva, prova prática (atender um paciente) e, por fim,
elaboração de um artigo, TCC ou relatório curricular de autoria do médico. Para
as duas primeiras etapas, o médico deverá comparecer presencialmente em
Portugal; Já na última etapa, o médico realizará a defesa do seu trabalho, de
forma online, perante o júri designado para avaliá-lo. Vale lembrar que
todo o processo poderá ser concluído em cerca de um ano, a contar da submissão
inicial dos documentos.
Uma vez ao ano é
possível candidatar-se ao certame que ocorre em três fases. A primeira
refere-se a um exame escrito, composto de 120 questões, com temas afetos a
medicina geral, sendo que o candidato deve obter 50% de aproveitamento. Esta
etapa ocorre sempre nos meses de janeiro. Este exame possui conteúdo compatível
com o nível de residência 1 (R1), distribuído em 120 questões. O médico terá
duas chances de realizar esta avaliação. Já a prova prática é realizada entre
os meses de abril ou maio. Para que possa pleitear a revalidação, é preciso
estar atento à data limite de 1º de setembro do ano anterior para envio dos
documentos.
Já a validação da
especialidade médica requer outro procedimento. A revalidação do diploma médico
não autoriza o exercício da especialidade. Para que possa trabalhar em área
específica da medicina, o profissional deverá, após sua inscrição na Ordem dos
médicos de Portugal, solicitar ao colégio da sua especialidade a validação de
sua especialização. Este é um processo que apresenta aspectos objetivos, como,
por exemplo, a necessidade de compatibilidade entre a grade curricular do curso
no Brasil e em Portugal, mas também é levado muito em consideração o currículo
da pessoa, seu histórico profissional e tempo de experiência.
A revalidação,
além de autorizar o exercício da profissão, traz outros benefícios como, por
exemplo, após três anos de atuação profissional em Portugal, é permitido
exercer a medicina em outros países da União Europeia. Existe uma diretiva que
estabelece que, depois deste período, é possível se inscrever na Ordem dos
médicos de outro país, observando as regras locais, principalmente a da
proficiência linguística. Outro ponto que é muito valorizado pelos médicos que
buscam a revalidação é o fato de que, após cinco anos de residência legal em
Portugal, pode-se adquirir a nacionalidade portuguesa.
O país tem sido
muito receptivo, inclusive, recentemente o governo editou um novo visto de
trabalho específico para cidadãos de língua portuguesa. A formação médica no
Brasil é altamente qualificada. Cada vez mais temos visto médicos brasileiros
trabalhando em Portugal, imigrando com suas famílias em busca de melhor
qualidade de vida, segurança e acesso facilitado a outros países da União
Europeia.
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