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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Fonoaudióloga aponta dicas para valorizar e interpretar as emoções que cada voz pode transmitir

A fonoaudióloga Juliana Algodoal, PHD em análise do discurso para o trabalho e precursora da atuação de fonoaudiólogos com voz profissional dentro de empresas, traz dicas de como usar a voz corretamente, de acordo com a mensagem que se deseja passar. São elas:

  1. Planejar a voz a ser usada para passar a mensagem - uma das coisas mais importantes é o planejamento da voz a ser utilizada em conjunto com o planejamento da fala. Escolher a intenção e a forma como vai expressar seu conteúdo para subir no palco e dar uma palestra, acolher uma pessoa, dar bronca, demonstrar urgência etc.
     
  2. Escolher a velocidade da voz - falar muito devagar, transmite a ideia de reflexão. A fala muito acelerada demonstra ansiedade, urgência. Ideal é saber qual a melhor velocidade para a mensagem que vai compartilhar, lembrando que sempre é possível variar a velocidade para dar ‘mais vida ao conteúdo’.
     
  3. Intensidade da voz- o som muito baixo de voz pode não ser ouvido ou interpretado corretamente, especialmente em ambientes ruidosos. Falar muito alto, pode transmitir uma imagem de falta de educação, dependendo do local onde está. Ajustar intensidade à mensagem compõe o planejamento.
     
  4. Entender e pensar sobre o conteúdo da fala - além de estudar a palestra, estudar a reunião, estudar a pauta, é preciso colocar no planejamento, ‘com que voz eu vou’.
     
  5. Valorizar a voz - ambientes ruidosos são mais desafiadores para quem precisa projetar a voz. Quando falta um microfone, o ideal é articular melhor as palavras. Abrir e movimentar mais os lábios para que as pessoas possam ter o apoio da leitura labial. Isso também requer cuidados com os lábios, aliás a coerência entre corpo e voz na fala valoriza ainda mais a mensagem com todo, pois quanto mais a voz é valorizada mais você se destaca.
     
  6. Respiração – essa é a base para uma boa projeção de voz. Com ar no pulmão, é possível usar as pausas para pegar mais ar e falar uma frase mais comprida, e ter uma voz que transmite saúde. Isso evita com que a pessoa que está falando fique sem ar até que a voz vai ficando ‘esganiçada’ no final da frase. Para quem escuta, essa situação passa despreparo, falta de planejamento, de insegurança. É fundamental fazer a regulação da respiração, do estilo de respirar com a intenção que ela quer transmitir, usando as pausas para ter mais tempo de fala.
     
  7. A voz no trabalho – é muito importante a pessoa saber qual é o papel que representa no ambiente profissional. A voz também é um ponto de atenção. Então, planejar o uso da voz faz muita diferença na carreira profissional. Ajuda a formar sua marca profissional e transmitir as mensagens para que todos envolvidos compreendam. É preciso saber inserir a voz na construção do seu discurso para enriquecê-lo e torná-lo ainda mais vencedor despertando interesse das pessoas.
     
  8. Não existe ‘falar de improviso’ – isso é mito. Para falar bem é preciso praticar, ter foco. Quem improvisa bem certamente já tem algum texto preparado previamente dentro de si, incluindo a melhor voz para se expressar.

Com mais de 30 anos de atuação para o aperfeiçoamento da fala de profissionais, Juliana Algodoal adaptou um modelo inspirado na publicação de Behlau e Pontes (1995), que pode ajudar a compreender as mensagens que cada escolha de voz carrega e a emoção que pode despertar:

 

Voz

Interpretação do ouvinte

Voz rouca

Indica que a pessoa sente cansaço ou faz algum esforço para falar.

Voz soprosa

Nas mulheres indica certa sensualidade, mas também pode indicar alguma fraqueza de quem fala.

Voz áspera

Considerada desagradável, indica agressividade.

Voz monótona

Também é chamada de “fala robotizada”, pois transmite ausência de emoção. Geralmente causa sono e desinteresse em quem escuta.

Voz mais grave

Historicamente associada a uma pessoa com personalidade autoritária, também pode transmitir energia e segurança, dependendo do contexto.

Voz mais aguda

Causa a impressão de que a pessoa é submissa ou frágil.

Tons agudos

Estão mais associados à alegria. Se houver velocidade de fala aumentada pode dar a impressão de que há uma festa.

Tons mais graves

São mais associados à introspecção ou tristeza. Se houver velocidade de fala reduzida pode dar a impressão de que o ambiente está triste ou de que há uma má notícia.

Intensidade alta

Aqui o equilíbrio é delicado, porque, dependendo do contexto em que se fala alto, pode ser identificada energia e movimento. Por outro lado, se o contexto requerer uma fala mais baixa, pode indicar falta de educação e, até mesmo, invasão do espaço do outro. Essa estratégia também pode ser utilizada para impor uma opinião e pode representar uma ameaça a quem escuta.

Intensidade reduzida

Geralmente associada à timidez, também pode indicar que a pessoa está insegura em relação àquela comunicação.

Intensidade adequada

Demonstra que o falante tem habilidade para balancear as intensidades de acordo com a situação, controlando-as de acordo com as necessidades

Velocidade lenta

Frequentemente quem fala devagar desperta falta de interesse em quem escuta, mas também pode indicar que o falante está pensando durante a fala ou que não planejou sua comunicação e a mensagem que deseja transmitir. Isso também acontece quando o falante não está prestando atenção ao falar.

Velocidade acelerada

Geralmente indica que há urgência, algo a ser resolvido rapidamente, porém pode demonstrar que a pessoa tem certa ansiedade ao falar. Importante ter controle da velocidade para que seja mais fácil separar quando a mensagem é, de fato, urgente.

 

“Mais que um recurso de liderança, a voz reflete a imagem da sua marca pessoal ou de uma empresa, reforça seu compromisso como líder, sobretudo espelha nossas atitudes e propósitos como empresa e como profissionais. Não é só o falar, é como falar”, destaca Juliana Algodoal. 

 

Juliana Algodoal - Considerada uma das maiores especialistas em Comunicação Corporativa do país, Juliana Algodoal é PhD em Análise do Discurso em Situação de Trabalho – Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem e fundadora da empresa Linguagem Direta*. Acumula mais de 30 anos de experiência no desenvolvimento de projetos que buscam aprimorar a interlocução no ambiente empresarial - tendo como clientes grandes companhias, como Novartis, Pfizer, Aché, Itaú, Citibank, Unimed, SKY, Samsung, Souza Cruz, dentre outras. Também é presidente do conselho administrativo Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.


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