O especialista em Direitos Humanos e
Inclusão analisa a dificuldade enfrentada pelos mais velhos na busca de
oportunidades de emprego e renda.
O etarismo, uma forma de discriminação baseada na idade, continua
a ser um desafio significativo no mercado de trabalho do Brasil. A busca por
talento e competência deveria ocorrer sem levar em conta a idade do
profissional. No entanto, a realidade comprova que muitos trabalhadores mais
velhos encontram-se marginalizados devido a estereótipos e práticas
discriminatórias.
“A discriminação não apenas priva os indivíduos com mais idade de
oportunidades de emprego e renda, mas também perpetua uma cultura prejudicial
que desvaloriza a experiência a e sabedoria adquiridas ao longo dos anos de
trabalho”, ressalta o Defensor Público Federal André Naves, especialista em
Direitos Humanos e Inclusão Social.
Realizada pela EY Brasil e pela plataforma Maturi, a pesquisa “Por que pessoas 50+ não
são consideradas como força de trabalho em um país que envelhece?”, mostrou que
o preconceito contra os mais velhos é, de fato, real. Entre as 191 empresas, de
13 setores, que foram ouvidas, 78% delas acham
que as organizações são, sim, etaristas e 33% não praticam nenhuma abordagem
sobre o tema. A falta de ações concretas se traduz em outro dado alarmante: 80%
delas não possuem políticas específicas e intencionais de combate à
discriminação por idade em seus processos seletivos.
Em um país que está envelhecendo rapidamente, é
surpreendente que os próprios líderes empresariais, muitos com mais de 50 ou 60
anos, não avancem na discussão do etarismo. Para 42% das companhias, os temas:
diversidade, equidade e inclusão não são prioridades na estratégia do negócio.
E entre as que já adotaram práticas direcionadas à essa área, os principais
temas que levam em conta são relativos a gênero e étnico/racial – ambos com 75%
de citações. Apenas 45% delas se dedicam à questão etária/geracional.
O Defensor Público André Naves argumenta que, para combater o
etarismo, é essencial que os governos, entidades, ONGs e outros representantes
da sociedade apliquem uma abordagem multifacetada, que envolva tanto o debate e
a conscientização dos brasileiros sobre o tema quanto a implementação de
políticas e regulamentações que protejam, de fato, os direitos dos
trabalhadores mais velhos. Além disso, Naves destaca a importância da
implementação de programas de capacitação e reciclagem profissional adaptados
às necessidades desses trabalhadores, garantindo assim que possam continuar contribuindo
de maneira significativa para a força de trabalho.
"É fundamental, antes de tudo, reconhecer a contribuição dos
trabalhadores mais velhos, inclusive junto aos profissionais mais novos, no
ambiente de trabalho. "Eles possuem uma riqueza de experiência,
habilidades, visão de mundo e perspectivas que são inestimáveis para qualquer
organização. Negar-lhes oportunidades com base na idade é não apenas injusto,
mas também contraproducente para o sucesso das organizações e para o progresso
social e econômico do país”, conclui o Defensor Público.
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