MAPA (Monitorização da Pressão Arterial de 24 horas) é o que há de melhor para diagnóstico, tratamento e seguimento de pessoas com hipertensão Freepik |
Dados são do programa federal Previne Brasil; cardiologista
especialista em hipertensão arterial ressalta a urgência de ações voltadas à
questão
Um alerta foi aceso após os dados do Previne
Brasil, programa federal que vincula parte dos recursos da atenção primária ao
cumprimento de metas assistenciais: dados do último quadrimestre de 2023
apontam que sete em cada dez municípios brasileiros terminaram o ano sem
atingir o mínimo de controle da diabetes e da hipertensão -
considerando para essas conclusões dosar a hemoglobina glicada (que mede o
açúcar no sangue nos últimos 90 dias) uma vez por ano e medir a pressão
arterial a cada seis meses.
O cenário é atribuído a múltiplos fatores,
que vão desde a alta dessas doenças crônicas causada pelo envelhecimento
populacional, aliada à falta de profissionais na atenção primária, até
problemas de metodologia do sistema de informação do Ministério da Saúde.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde),
a hipertensão arterial afeta um em cada três adultos em todo o mundo. Esta
condição, caso não diagnosticada e adequadamente tratada, pode causar AVC
(Acidente Vascular Cerebral), ataques cardíacos, insuficiência cardíaca, danos
renais e muitos outros problemas de saúde. No ano passado, a OMS publicou seu
primeiro relatório sobre os efeitos globais devastadores da pressão alta,
incluindo recomendações sobre como combater esse problema, o qual chamou de
“assassino silencioso”. Segundo o relatório, aproximadamente quatro em cada
cinco pessoas com hipertensão não recebem tratamento adequado. No entanto, se
os países conseguirem expandir a cobertura, 76 milhões de mortes poderão ser
evitadas até 2050.
Embora a idade avançada e a genética possam
aumentar o risco de hipertensão, fatores modificáveis como dieta com excesso de
sal, falta de atividade física, obesidade, altos níveis de estresse e
consumo excessivo de álcool, também podem impactar, ressalta o cardiologista
Fernando Nobre, especialista em hipertensão arterial.
“A prevenção, a detecção precoce e o
tratamento eficaz da hipertensão são algumas das intervenções mais econômicas
na área da saúde e precisam ser priorizados na atenção primária”, frisa o médico.
De acordo com a OMS, o aumento no número de
pacientes tratados efetivamente para hipertensão, poderia evitar 76 milhões de
mortes, 120 milhões de AVCs, 79 milhões de ataques cardíacos e 17 milhões de
casos de insuficiência cardíaca até 2050.
Diagnóstico
preciso
A MAPA
(Monitorização da Pressão Arterial de 24 horas) é o que há de melhor para
diagnóstico, tratamento e seguimento de pessoas com hipertensão, segundo
Fernando Nobre que, inclusive, é um dos introdutores do método no Brasil e
autor de livro sobre o tema, que já está na 6ª edição, tendo treinado mais de
10 mil médicos sobre o assunto.
“Geralmente,
a MAPA é solicitada para confirmar ou descartar o diagnóstico de hipertensão,
além de avaliar durante as 24 horas a eficácia do tratamento instituído”, fala.
Ainda
de acordo com o cardiologista, a hipertensão arterial, por determinar
praticamente o triplo da chance de doença renal crônica, AVC e o dobro de
insuficiência cardíaca, infarto do coração e obstrução de artérias periféricas,
deve merecer atenção de autoridades governamentais, sociedades médicas e
médicos em geral.
“Não é
boa prática deixar que uma doença que tem tanto impacto sobre a saúde com
diagnóstico e tratamento de fácil realização seja menosprezada”, conclui.
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