Pesquisar no Blog

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Y2K: como a volta das tendências dos anos 2000 pode afetar a autoestima das mulheres

Especialista explica que o retorno do estilo pode estar relacionado à nostalgia, política e até mesmo fatores econômicos

 

Calça cintura baixa, transparência, babados, jeans, presilhas para cabelo. Todos esses elementos estão ligados a uma época específica da moda: os anos 2000. No entanto, com a volta das tendências daquele período, determinados padrões estéticos podem marcar uma linha de retrocesso nas lutas pela aceitação da diversidade de corpos e estilos tidos como femininos. 

Marcados pela aceleração dos processos de globalização e uma alta expectativa com a chegada e propagação da internet, os primeiros anos após a virada do século trouxeram inúmeros marcos políticos, econômicos e sociais ao redor do mundo. Com a moda, esses processos não foram diferentes. 

“Segundo alguns especialistas, as roupas dos anos 2000 simbolizavam muita alegria e energia em seus coloridos, fazendo com que as pessoas se sentissem bem, e este pode ser um dos motivos de seu retorno, a sensação nostálgica da alegria em contraposição a um mundo caótico”, explica Hebe de Camargo, professora doutora do curso de Psicologia do Centro Universitário Módulo (Caraguatatuba), Instituição da Cruzeiro do Sul Educacional. 

Por mais que o fator nostálgico seja importante, é necessário ponderar até onde o resgate de determinados estilos pode se difundir com o retrocesso de pautas importantes, como o body positive – movimento de aceitação da diversidade de corpos femininos –, que não eram pautados naquela época. 

“Como ficariam as mulheres que desejam aderir às calças de cintura baixa, mas não se sentem confortáveis o suficiente com o próprio corpo por estarem de fora do antigo padrão? Essas questões são complexas quando a moda representa uma opressão ou quando são dirigidas a uma determinada camada social”, comenta a professora. 

A docente também afirma que padrões estéticos como corpos magros, cabelos lisos e determinadas roupas podem se tornar prejudiciais quando a adequação a moldes que não coincidem com a identidade dessas mulheres, o que pode desencadear inúmeros problemas de autoaceitação e autoestima. 

Dessa forma, retornar ao passado em busca da memória de uma época marcante e revolucionária pode ser importante. Porém, é necessário que esse resgate seja feito com a devida prudência, para que junto da memória não sobressaiam estigmas sociais uma vez já debatidos. 

“A inversão de valores, falsa consciência de si mesmo, inconsciência de classe social podem ser aspectos maléficos à saúde mental das mulheres quando dependentes da moda”, analisa Hebe. “O melhor padrão a ser introduzido em termos de moda por uma mulher em seu dia a dia é sua moda própria. Utilizar roupas do guarda-roupa criando novas possibilidades, se conhecer e perceber o que lhe cai bem e que promove bem-estar, sem cair no buraco do consumismo automático”, pontua a professora de Psicologia.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados