Os dados também mostram que 96% das
corporações não usam ferramentas especificas para acompanhar o engajamento de
seus colaboradores Shuterstock
A pandemia causada
pelo coronavírus mudou as relações trabalhistas e pessoais de muitos
brasileiros, mesmo após anos da volta à “normalidade”, alguns modelos de
trabalho ainda se mantêm ativos e um deles é o trabalho a distância. Apesar da
maturidade já conquistada por muitas empresas e colaboradores deste regime
on-line, a prática que segue acontecendo no mundo dos negócios não sofreu
tantas alterações nos últimos anos em aspectos de monitoramento do colaborador,
engajamento, apoio de softwares, diferenças salariais e outras questões ligadas
à rotina do home office.
O estudo
“Tendências de RH” (análise de 2022, 2023 e projeção para 2024), elaborado pela
consultoria global de gestão empresarial Korn Ferry, com dados de empresas
brasileiras, expressa bem a ideia de que as companhias, mesmo após anos de
implementação do sistema de trabalho à distância, ainda seguem se preocupando
com a rotina de seus funcionários. São pouco mais da metade (52%) das
companhias respondentes que utilizam “Cartilha de Boas Práticas para seus
profissionais”, que envolve: comportamento produtivo, ergonomia
e alongamento.
Apesar de mais da
metade dos indivíduos demonstrarem preocupação com o cumprimento das diretrizes
da Cartilha de Boas Práticas do Home Office, conforme mencionado, há um dado
adicional que revela que a gestão da produtividade dos colaboradores em regime
de teletrabalho, por meio de ferramentas específicas, muitas vezes não é feita.
São 96% das corporações que não usam, por exemplo, timesheet ou smartsheet,
para acompanhar a eficácia de seus profissionais e apenas 4% que fazem o
uso.
*Estudo Tendências de RH 2023, elaborado pela consultoria global Korn Ferry* |
O sócio e líder de
Soluções Digitais da Korn Ferry Brasil, Rodrigo Accarini, faz uma análise do
estudo. “Não há grandes mudanças com relação as companhias que permitem ou não
o trabalho remoto parcialmente, nos anos comparados. Por outro lado, a pesquisa
mostra que o monitoramento dos resultados produtivos de seus colaboradores pode
significar evolução e maturidade do regime home office ou, por outro lado, uma
possível despreocupação ou desconhecimento dos softwares que avaliam o
engajamento”, explica.
Os dados do estudo
também revelam que existem áreas nas quais se faz necessário ao menos um
colaborador trabalhar presencialmente todos os dias, sendo 69% das
companhias que adotam essa rotina e, apenas, 31% não. As áreas,
em ordem de colocação a seguir são em primeiro para tecnologia, seguida pelos
recursos humanos e, em terceiro, às atividades administrativas.
Ainda neste
tópico, revela-se o modelo de trabalho remoto para posições específicas, com
comparativos entre 2022 vs 2023 que aborda a permissão de trabalhar a distância
a todo tempo, parcialmente, ou, em alguns casos, totalmente presencial. Veja
abaixo.
*Estudo Tendências de RH 2023, elaborado pela consultoria global Korn Ferry*
Os
dias trabalhados remotamente
As empresas que
ofereceram trabalho parcialmente remoto, em 2022, somam 47%- que optaram em
dois dias por semana de trabalho a distância de seus profissionais. Já em 2023,
o número aumentou para 61%. As adeptas às três diárias de home office semanais,
em 2022, somaram 39% e se comparado a 2023, houve uma queda para 27%.
Acompanhe, abaixo.
*Estudo Tendências de RH 2023, elaborado pela consultoria global Korn Ferry*
Remuneração
O estudo
Tendências de RH também aborda questões de remuneração dos colaboradores no
regime home office, comprovando que não há expressiva disparidade de pagamento.
Os resultados
mostram que a grande maioria das empresas, 98% delas, não oferecem
salários diferentes para funcionários que trabalham exclusivamente em regime
remoto, enquanto apenas 2% têm essa prática. Esse número é
ligeiramente maior para aqueles que trabalham parcialmente em casa, com 99% das
empresas mantendo a mesma política de remuneração e apenas 1% implementando
diferenças salariais.
Outro dado
curioso, ainda sobre pagamentos, é a comparação entre os honorários do modelo
híbrido e totalmente remoto. São 94% das
organizações que não praticam remuneração especial e apenas 6% empresas que sim -
diferenciando os honorários dos funcionários que atuam totalmente e
parcialmente no home office.
*Estudo Tendências de RH 2023, elaborado pela consultoria global Korn Ferry*
“A prática de
mercado é não fazer diferenciação salarial entre os dois regimes. As empresas
que responderam de forma positiva se referiam ao auxílio de custo, como
locomoção, se necessário, suporte técnico e outras necessidades que a empresa
oferece entre os dois formatos comparados”, explica Accarini.
Os custos que as
companhias sustentam nos regimes híbridos, por exemplo, também podem ser
somados na receita mensal.
A atividade de
gestores ao monitorarem os horários, tarefas e outras ações dos colaboradores,
parece ser mais perceptível no regime presencial, já que ainda é pouco exercida
por meio de ferramentas digitais voltadas ao home office. O estudo questionou
sobre as organizações que utilizam software para controle e acompanhamento da jornada
do colaborador, em resposta 65% dizem que não fazem uso; 35% afirmam que sim.
Veja os dados dos dois últimos
parágrafos, abaixo.
*Estudo Tendências de RH 2023, elaborado pela consultoria global Korn Ferry*
“Nós notamos que
não são prevalentes novas políticas salariais nesta forma de regime, com
exceção apenas aos casos em cobertura de custos operacionais. Além disso, por
meio do estudo, percebe-se que o monitoramento das tarefas dos colaboradores e,
até mesmo de seu engajamento, aliado à tecnologia, não apresenta diferença
expressiva nos anos comparados. E, por fim, aquelas empresas que permitem o
home office, de maneira alternada, costumam ainda disponibilizar na agenda três
ou dois dias semanais em atividades remotas”, conclui o líder de Soluções
Digitais da Korn Ferry Brasil, Rodrigo Accarini.
Metodologia
O estudo tem como
objetivo prover informações que auxiliem os participantes a tomar decisões
estratégicas em relação a diferentes temas atuais da área de recursos humanos.
A pesquisa foi realizada entre os meses de junho e julho e contou com a
participação de 652 empresas de diversos setores dos seguintes países:
Argentina (125
participantes), Brasil (265 participantes), Chile (117 participantes), Colômbia
(78 participantes) e Peru (67 participantes).
Este
relatório apresenta os resultados do Brasil. A fim de se obter um entendimento mais amplo da realidade
de recursos humanos na região, não deixe de consultar o resultado consolidado
dos cinco países.
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