Responsável por 31,3% dos diagnósticos de câncer no país, tumor é frequente devido à exposição excessiva ao Sol; Verão alerta para conscientização sobre o uso rotineiro de filtros contra os raios UV e atenção a sinais como manchas e feridas cutâneas
O início do verão, período que marca a alta nas temperaturas em todo o país, traz consigo o reforço a um alerta que vale para o ano todo: a exposição prolongada ao Sol sem proteção adequada. Além de causar o envelhecimento precoce, o contato direto com raios nocivos aumentam em até dez vezes o risco de câncer de pele, o mais incidente entre os brasileiros, correspondendo a um total que ultrapassa a marca de 229 mil novos casos a cada ano do triênio (2023-2025) - cerca de 31,3% de todos os tumores malignos registrados, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
De acordo com Sheila Ferreira, oncologista da Oncoclínicas, esse índice está diretamente relacionado a fatores intimamente ligados à localização geográfica do país, cuja origem tropical leva à alta incidência solar durante todo o ano.
“Em linhas gerais, a principal causa evitável do
câncer de pele é a constante exposição à radiação ultravioleta (UV) sem uso de
proteção adequada. Por isso, é preciso estar atento aos efeitos do Sol para a
nossa saúde. Os melanócitos e queratinócitos (células da pele) são os
principais envolvidos no processo de fotoproteção e quando expostos à radiação
solar podem aumentar em número e tamanho”, diz.
O surgimento da doença ocorre quando há um crescimento anormal e
excessivo dessas células que compõem a pele. “Resumidamente há dois tipos de
classificação para os tumores cutâneos: melanoma, mais raro e que surge em
forma de pintas ou sinais, e não-melanoma, responsável por 95% dos tumores
cutâneos identificados entre os brasileiros e que se caracteriza comumente pelo
surgimento de feridas ou manchas avermelhadas que coçam, descamam e podem
sangrar”, explica Sheila.
A
médica ressalta que os principais sinais e sintomas de câncer não-melanoma são
a presença de lesões cutâneas com crescimento rápido, ulcerações que não
cicatrizam e que podem estar associadas a sangramento, coceira, algumas vezes
dor e que geralmente surgem em áreas muito expostas ao Sol como rosto, pescoço
e braços. “Histórico familiar, características da pele - quanto mais clara mais
propensa a desenvolver o câncer - e excesso de exposição solar são fatores de
risco para a doença. Manchas com crescimento rápido e feridas cutâneas que não
cicatrizam, estão entre os sinais que não devem ser ignorados”.
De olho na prevenção
Para pessoas que costumam ficar expostas ao Sol, é preciso
reforçar o uso do protetor solar diariamente, principalmente no rosto. Se a
exposição aos raios solares for maior, como na praia ou piscina, por exemplo, é
importante abusar do protetor no corpo todo, usar chapéus e evitar horários em
que a incidência solar esteja mais forte.
“Pessoas de pele clara, cabelos claros ou ruivos, com sardas e olhos claros são mais propensas a desenvolver o câncer de pele. A idade é um fator que também deve ser considerado, pois quanto mais tempo de exposição da pele ao Sol, mais envelhecida ela fica, aumentando também a possibilidade de surgimento do câncer não-melanoma. Ainda assim, independente da cor de pele, idade e período do ano, a regra vale para toda a população: use sempre protetor solar, proteja o couro cabeludo com chapéus e use óculos de sol com proteção contra raios UV”, comenta Sheila.
É importante, ainda, a avaliação frequente de um
dermatologista para acompanhamento das lesões cutâneas. A análise da mudança
nas características destas alterações é de extrema importância para um
diagnóstico precoce. O especialista tem o papel de orientar uma proteção
adequada para descobrir os possíveis riscos que os raios solares de verão podem
causar na pele.
Entenda os diferentes tipos de câncer de pele e os possíveis
tratamentos
O câncer de pele não-melanoma pode ser classificado em: carcinoma
basocelular e carcinoma espinocelular. O primeiro é o tipo mais frequente, com
crescimento normalmente mais lento. O diagnóstico se dá, usualmente, pelo
aparecimento de uma lesão nodular rosa com aspecto peroláceo na pele exposta do
rosto, pescoço e couro cabeludo. Já no carcinoma espinocelular, mais comuns em
homens, ocorre a formação de um nódulo que cresce rapidamente, com ulceração
(ferida) de difícil cicatrização.
“Tanto o carcinoma basocelular quanto o espinocelular estão
relacionados a alta exposição dos raios solares e devem ser prevenidos com
protetor solar e consultas frequentes com dermatologista são importantes para
detecção do câncer na sua fase inicial”, aponta a oncologista da Oncoclínicas.
Já o chamado câncer de pele do tipo melanoma, apesar de considerado
como sendo de baixa incidência - ele é responsável por 8.450 novos diagnósticos
por ano -, é o mais agressivo e requer atenção redobrada. São geralmente os
casos que se iniciam com o aparecimento de pintas escuras na pele, que
apresentam modificações ao longo do tempo. As alterações a serem avaliadas como
suspeitas são o “ABCDE”- Assimetria, Bordas irregulares, Cor, Diâmetro,
Evolução. “A doença é mais facilmente diagnosticada quando existe uma avaliação
prévia das pintas”, sintetiza Sheila Ferreira.
É recomendável a ressecção cirúrgica destas lesões por
especialista habilitado para adequada abordagem das margens ao redor da mesma.
Posteriormente, dependendo do estágio da doença, pode ser necessária a
realização de tratamento complementar. Quando diagnosticada precocemente,
quimioterapia ou radioterapia são raramente necessárias e a cirurgia é capaz de
resolver a maioria dos casos.
Cinco medidas essenciais para derrubar as estatísticas de
incidência do câncer de pele:
1 -- Não existe exposição ao sol 100% segura. Use sempre usar
protetor solar, mesmo em dias nublados ou na sombra. Os raios ultravioleta,
principalmente o UVA, estão presentes com a mesma intensidade, mesmo que não dê
para ver o sol. Evite ao máximo se expor aos raios solares, em especial das 10
às 16 horas, sempre use protetor solar e não abra mão de viseiras, chapéus e/ou
bonés, bem como roupas e óculos de sol com proteção UV, em momentos de
exposição mais intensa aos raios. A regra vale também durante a prática de
esportes ao ar livre ou descanso em locais como parques, clubes e praias.
2 -- Pessoas com histórico familiar da doença ou que tenham de 50
a 100 pintas no corpo devem ser avaliadas com maior frequência e também têm de
redobrar os cuidados com a proteção adequada, usando sempre filtro solar e se
expondo ao sol com moderação.
3 -- Independentemente da cor da pele, todas as pessoas devem usar
protetor solar para se proteger. Apesar de o câncer de pele ser menos comum
entre pessoas com maior quantidade de melanina presente na pele - o que confere
uma fotoproteção natural, aumentando a resistência cutânea a esse tipo de dano
causado pelo sol -, isso não as torna imunes ao carcinoma espinocelular,
carcinoma basocelular e o melanoma. Por isso, a regra vale para todos os indivíduos:
evite ao máximo a exposição desprotegida ao sol ou por fontes artificiais.
4 -- É preciso atenção com feridas na pele que não cicatrizam e também
pintas que coçam, que crescem e que sangram. Quando feito o diagnóstico em
estágios iniciais os tratamentos são mais eficientes. Se notar qualquer
alteração na pele, busque aconselhamento médico especializado. No caso de
pintas ou manchas, vale utilizar a escala do ABCDE para identificar qualquer
alerta de perigo:
● A de assimetria entre as metades da mancha
● B de bordas irregulares
● C de cores, que avalia a variação da coloração
● D de diâmetro
● E de evolução (mudança no padrão de cor, crescimento, coceira e
sangramento)
5 - Alguns subtipos de câncer de pele melanoma podem surgir em
áreas do corpo que muitas vezes não observamos com a devida cautela, como
genitais, glúteos, couro cabeludo, palmas das mãos, solas do pé, debaixo das
unhas e entre os dedos. Por isso, não deixe de estar também atento a essas
regiões do corpo.
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