Mais do que
realizarem visitas domiciliares, esses heróis invisíveis desempenham um papel
vital na estratégia de saúde pública do SUS
Seja em dias de sol ou de chuva, eles estão lá,
auxiliando diferentes comunidades a buscarem todos os cuidados necessários para
sua saúde. Mais do que um prestador de serviço, eles já são até considerados
amigos para muitos, pois estão sempre pertinho, acompanhando os seus diferentes
hábitos e necessidades.
Você sabe de que profissional eu estou falando?
Isso mesmo, do Agente Comunitário de Saúde (ACS). Em celebração ao seu dia,
comemorado em 04 de outubro, vamos esclarecer um pouco mais sobre essa
categoria que ainda gera dúvidas na população.
Parte da equipe multiprofissional dos serviços de
atenção básica da saúde pública, eles desempenham um papel de extrema
importância na Estratégia Saúde da Família (ESF) ao desenvolver ações de
prevenção e promoção à saúde.
Adriana Macedo, ACS no território atendido pela
Unidade Básica de Saúde (UBS) Cidade Ipava, gerenciada pelo CEJAM – Centro de
Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal da
Saúde de São Paulo, explica que as suas visitas são realizadas de acordo com as
necessidades identificadas no contato com cada cidadão.
“Um exemplo é a gestante que deixa de fazer o
acompanhamento pré-natal, não cumpre a vacinação dos filhos ou falta em uma
consulta. Como temos esse olhar de acompanhamento, nós, ACS, fazemos esse
levantamento de saúde e, com base nele, identificamos essas questões e vamos
até o domicílio verificar como atender a demanda necessária naquele momento”,
exemplifica.
Paula Aparecida, também ACS no território Cidade
Ipava, destaca que algumas famílias recebem visitas mensais e, quando
necessário, há novas visitas, nas quais o agente segue acompanhado de um
profissional médico, enfermeira ou equipe multidisciplinar - composta por
nutricionista, educador físico, assistente social e fisioterapeuta, entre
outras especialidades – para atuar de acordo com a patologia e necessidade do
paciente.
Agente há 13 anos, a profissional conta que com
essas visitas, diariamente, lida com anseios, angústias e conquistas dos
moradores locais. “Quando conseguimos orientar e o paciente absorve o que foi
dito, é muito gratificante”.
Adriana, por sua vez, também relata enfrentar
situações delicadas no dia a dia da profissão. Para ela, um dos momentos mais
marcantes foi quando teve que auxiliar uma paciente idosa que estava
enfrentando um quadro de depressão e se recusava a iniciar o tratamento, além
de não aceitar a visita da equipe de saúde.
"Aos poucos e com muita insistência,
finalmente consegui chamar a atenção dela, o que a levou a permitir minhas
visitas mensais. Conquistando sua confiança a cada encontro, pude orientá-la
sobre a importância de receber o acompanhamento adequado para sua saúde mental.
Com o tempo, ela concordou em realizar uma consulta e fazer os exames
necessários, possibilitando, assim, o início do seu tratamento. Por fim, foi
possível convencê-la a se juntar ao grupo de caminhada", comemora a
profissional.
No geral, as profissionais avaliam que o cotidiano
do trabalho é bastante desafiador uma vez que muitos moradores não querem
recebê-las por enxergarem que são um incomodo. “Mesmo assim seguimos com a
nossa missão e é gratificante quando conquistamos o devido reconhecimento sobre
a importância do nosso trabalho”, pontua.
Para a gerente da UBS Cidade Ipava, Simone Menezes,
o papel do ACS vai muito além de cadastrar e acompanhar famílias. “É criar
laços, ser empático. Atuamos como o elo entre a comunidade e a unidade básica
de saúde. São profissionais de extrema importância na implementação do Sistema
Único de Saúde (SUS)”.
Em 2022, os agentes do CEJAM realizaram 2,7 milhões
de visitas domiciliares em São Paulo e 878 mil em Mogi das Cruzes. Já 2023,
foram 1,6 milhão de visitas em São Paulo e 192 mil em Mogi das Cruzes, neste
primeiro semestre do ano.
Muito além do que você imagina
O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS)
tem como objetivo primordial fomentar o desenvolvimento pessoal e profissional
de cada colaborador, por meio do aprimoramento de competências específicas e
necessárias para o desempenho de suas atividades. A partir disso, os agentes
realizam uma variedade de processos voltados para auxiliar a população. Abaixo,
conheça alguns deles:
- Trabalho
em equipe;
- Visita
domiciliar;
- Planejamento
das ações de saúde;
- Promoção
da saúde;
- Prevenção
e monitoramento de situações de risco e do meio ambiente;
- Prevenção
e monitoramento de grupos específicos;
- Prevenção
e monitoramento de doenças crônicas degenerativas e transmissíveis;
- Acompanhamento
e avaliação das ações de saúde.
Quero ser um agente de saúde,
o que é necessário saber?
Conforme estabelecido pela lei, o candidato
interessado em se tornar um agente comunitário de saúde deve residir em um dos
bairros que fazem parte da área de atuação do distrito para o qual se
inscreveu. O processo seletivo inclui não apenas uma prova objetiva, mas também
a participação obrigatória em um Curso Introdutório de Formação, com carga
horária de 40 horas. É necessário que o candidato registre 100% de presença
durante todo o curso.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim
@cejamoficial
cejam.org.br/noticias
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