A estimulação de comportamentos que não condizem com a idade, com responsabilidades antecipadas, que desconsidera o desenvolvimento natural, são prejudiciais ao desenvolvimento dos pré-adolescentes e das crianças
Vivemos uma época em que a alta
competitividade no campo profissional tem estimulado as pessoas à aceleração e,
muitas vezes, esse fato impedeuma vivência integral com a família. Pior do que
isto, é perceber que muitos pais, conscientes ou não, repassam para os filhos
esse “senso de urgência", excedendo em suas responsabilidades e até
impedindo que eles vivam uma etapa de cada vez, no seu próprio ritmo. Muitos
parecem esquecer que as crianças precisam ser crianças e não necessitam
de adultização, com estímulos de comportamentos que não conduzem à idade e ao
preparo psicológico que elas tem. As crianças necessitam ser respeitadas
no desejo de brincar, de se relacionar com os amigos, de ter tempo de
qualidade, proteção e o amor dos seus pais.
Segundo Cris Poli ,mais conhecida pelo
programa Super Nanny e que atualmente é coordenadora na Escola do Futuro, é
fundamental que os adultos entendam que a infância é um período importantíssimo
no desenvolvimento do ser humano e não pode ser desrespeitado. “As crianças e
os pré-adolescentes precisam viver intensamente esses anos para poderem
desenvolver habilidades, amadurecerem relacionamentos, cultivarem a
curiosidade, as descobertas e até o tempo de ócio, para poderem brincar
livremente. Sobrecarrega-las com atividades extra escolares excessivas,
estressam e roubam a qualidade de vida que elas precisam ter”.
Segundo uma pesquisa americana da WebMD
(2018), 72% das crianças entre 5 e 13 anos evidenciam sinais de estresse e que
60% dos pais não percebem isso. Por isso, por mais maduros que os filhos possam
ser, eles não são mini adultos e não deveriam estar super atarefados,
estressados com tantas atividades e nem terem que se preocupar com o casamento
dos pais, com a área financeira entre outras coisas. “A criança tem condições
de ser criança, quando ela vive em um ambiente saudável e equilibrado,
favorecendo que ela explore, aprenda e cresça de modo natural e de acordo com a
sua idade. O adulto pode estimular e valorizar a curiosidade infantil,
encorajando a criança a questionar o mundo e explorar os seus movimentos e
espaço”, explica Priscila Moraes, Coordenadora do Infantil da Escola do
Futuro.
Ela explica que a criança deve ter uma
rotina para que se sinta segura e cuidada, mas também precisa de tempo livre
para brincar, imaginar e explorar. “Brincadeiras são importantes para o bom
desenvolvimento cognitivo, emocional e social. É importante a criança
conviver com outras crianças e também com adultos que a respeitem, valorizem o
seu desenvolvimento, p seu tempo e a sua singularidade, sendo exemplos nas
resoluções de problemas, na expressão de emoções, na criatividade e na
construção de hábitos saudáveis”, detalha Moraes.
Para a Psicanalista, psicopedagoga
e educadora, Silvia Tocci Macini, a escola também deve proporcionar às crianças
e pré-adolescentes uma experiência que olhe para o desenvolvimento do estudante
e do que ele precisa para expandir as suas habilidades da melhor forma
possível. “É importante respeitar as fases que estão passando, dando sempre o
melhor, com atividades lúdicas e conteúdos diferenciados. Trabalhando com
compromisso, porém de uma forma lúdica e leve. “Na Escola do Futuro os
professores sabem qual é o seu papel, mas também exercitam um olhar diferente
ao aluno, pensando de uma forma global, se preocupando também com a sua saúde
emocional. Há também inúmeras atividades, que fazem com que gostem de estar no
ambiente escolar, como os Sábados Letivos, que promovem brincadeiras e
interações entre pais e filhos, levando as famílias a se aproximarem da escola,
e as Convenções Estudantis por série, que promovem brincadeiras, esportes e
competições”, conta.
Silvia alerta que, para evitar a
adultização, não devemos adiantar coisas que elas não têm condições de
entender. “É preciso trabalhar e responder apenas o que elas perguntam, não
explicar o que ela não tem condições de compreender, ouvir, olhar ou estar
perto. É preciso escutar o que estão falando, entender as suas necessidades e
os seus sinais, tirar da internet, do celular e proporcionar momentos de
família, como fazer as refeições juntos. O problema, nem sempre é o excesso de
atividade, mas sim, entender se ela gosta e quer fazer certas atividades, sem
imposição e com equilíbrio”, finaliza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário