Com
estimativa de mais de 70 mil casos em 2023, detecção precoce e novos
tratamentos se tornam linha de frente para combater a doença
O crescimento no número de casos de
câncer de mama no Brasil tem chamado a atenção de especialistas para intensificação
da campanha Outubro Rosa. Em 2023, os diagnósticos da doença tiveram um aumento
de 11,05% em comparação com o ano anterior. Segundo o Instituto Nacional de
Câncer (INCA), mais de 70 mil mulheres serão identificadas com tumor na mama.
Segundo o mastologista do Grupo São
Lucas, Dr. Rafael José Fábio Pelorca (CRM: 133355), os fatores de risco são: a
idade (acima de 50 anos); a nuliparidade (mulher que nunca gestou); gravidez
tardia (acima dos 35 anos); não amamentar; menopausa tardia, obesidade, ingestão
de bebidas alcoólicas, inatividade física, terapia de reposição hormonal,
radiografia torácica prévia (menor de 30 anos), alta densidade mamográfica,
além de condições genéticas e hereditárias, que correspondem de 5 a 10% dos
casos.
“Não existe um perfil de pacientes mais
comum. Sabemos que a maior parte das pacientes com câncer de mama está acima
dos 50 anos. Porém, um estudo brasileiro denominado Amazona III com 2.950
mulheres, de 22 centros de saúde em nove Estados, mostrou que 43% das pacientes
tinham idade inferior a 50 anos no momento do diagnóstico. Das que tinham menos
de 40 anos, 36,9% estavam em estágio localmente avançado”, alerta.
Com 5 estágios indo de 0 a 4, a
principal manifestação da doença é o nódulo, fixo e geralmente indolor,
presente em cerca de 90% dos casos quando o câncer é percebido pela própria
mulher. Outros sinais e sintomas são: pele da mama avermelhada, retraída ou
parecida com casca de laranja; alterações no bico do peito (mamilo) como
retração ou ulceração; pequenos nódulos nas axilas e saída de líquido anormal
das mamas, geralmente sanguinolenta. Esses sinais e sintomas devem sempre ser
investigados, pois podem estar relacionados a doenças malignas.
Tratamento
O tratamento do câncer de mama depende
do estágio da doença, do tipo molecular do tumor e das condições clínicas da
paciente. As modalidades de tratamento são divididas em terapias locais
(cirurgia e radioterapia) e sistêmicas (quimioterapia, hormonoterapia, terapias
alvo e imunoterapia). Nas fases iniciais do câncer de mama, principalmente com
tumores menores que 2 cm, o habitual é iniciar com a realização de cirurgia,
que pode ser conservadora com a retirada apenas do tumor (quadrantectomia) ou
retirada da mama (mastectomia), seguida ou não de reconstrução mamária, fator
que deve ser considerado para reduzir os impactos negativos físicos e
emocionais do tratamento.
“Em alguns casos, como tumores em
estágio 3, maiores que 5 cm ou tumores maiores que 2 cm com subtipos
moleculares mais agressivos, iniciamos o tratamento com terapias sistêmicas,
como a quimioterapia, por exemplo, e após essa fase será realizada a cirurgia e
a radioterapia. Portanto, atualmente, o tratamento do câncer de mama é
individualizado, proposto de acordo com a idade da paciente, estágio da doença,
subtipo molecular, entre outros fatores”, explica.
Os métodos apresentaram avanço
exponencial nos últimos anos. O descalonamento e a melhora na qualidade
estética das cirurgias, diminuição nas doses e um melhor direcionamento da
radioterapia são um dos destaques, como também a utilização de terapias
sistêmicas mais específicas para as células tumorais e imunoterapias que
auxiliam o próprio sistema imune da paciente a combater o tumor.
Dentre todos os avanços, a detecção
precoce permanece sendo o método mais eficaz de combate à doença. Segundo a
recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia, da Federação Brasileira de
Ginecologia e Obstetrícia e do Colégio Brasileiro de Radiologia, a mamografia
deve ser realizada anualmente a partir dos 40 anos, além da adoção de hábitos
de vida saudáveis, que podem prevenir cerca de 30% dos casos de câncer de mama.
“Sempre recomendamos praticar
atividades físicas regularmente, manter uma alimentação saudável, um peso
corporal adequado, evitar o consumo de bebidas alcoólicas, evitar o uso de
hormônios sintéticos como terapias de reposição hormonal, incentivar a
amamentação e não fumar. Pequenas mudanças de hábitos podem fazer grande
diferença na qualidade de vida da paciente”, conclui o mastologista.
Grupo São Lucas
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