Especialista fala
sobre as principais pressões sociais que uma gestante sofre e como lidar com
elas
Planejada ou não, uma gestação traz mudanças
profundas para a vida dos cuidadores, indo da rotina prática a transformações
internas intensas. Além disso, a gravidez em si representa uma série de
mudanças físicas e hormonais que fazem com que a futura mãe passe por uma
montanha-russa de surpresas e emoções. Nesse trajeto, mais do que organizar o
enxoval ou arrumar o quartinho do bebê, é preciso olhar atenciosamente as
necessidades básicas dessa gestante, que agora entrega toda sua energia para
gerar um novo ser. “Todo esse processo é um verdadeiro teste de resistência
para a mãe, mas também uma oportunidade de fortalecimento e amadurecimento”,
comenta a Psicanalista Clínica e Educadora Parental Nathalia de Paula.
Ela ressalta que a maternidade é um trabalho em
tempo integral, que exige dedicação e entrega constantes. A mãe precisa estar
disponível para o bebê 24 horas por dia, sete dias por semana, sem férias ou
folgas, trabalho que pode ser solitário e cansativo. “No entanto, é importante
ressaltar que a maternidade não é uma tarefa exclusivamente feminina. O pai
também pode e deve participar ativamente dos cuidados com o bebê, dividindo as
tarefas e oferecendo suporte emocional à mãe. A criação de vínculos afetivos
com o filho é uma responsabilidade que deve ser compartilhada entre os pais,
para que a criança cresça em um ambiente saudável e amoroso”, completa.
Essa preparação deve estar presente desde o início
da gestação, com a presença ativa do parceiro no pré-natal, decisões a respeito
do tipo de parto, cuidados relacionados a possíveis riscos da gravidez, entre
tantos outros elementos que fazem parte desse momento. É importante ainda
apoiar essa mãe no que diz respeito a pressões sociais impostas de maneiras
diferentes. A forma como a criança vem ao mundo (parto normal, natural,
cesariana), por exemplo, não define quem essa mulher é enquanto cuidadora. Essa
é uma das primeiras conversas que precisam estar claras entre o casal.
Outro aspecto que pode ser estudado em conjunto é a
amamentação que, às vezes, é muito simples para algumas e muito desafiadora
para outras. Entender o que envolve tudo isso, contar com apoio de
profissionais de saúde para tirar dúvidas e estarem prontos para desempenhar os
papéis que cabem a cada um dos cuidadores é crucial nesse preparo, alinhando
expectativas com as variações da realidade para amenizar sofrimentos durante o
puerpério.
“É importante que a mãe não se sujeite a fazer
coisas que não estão dentro de suas preferências ou limites. Por exemplo, se
ela não se sente confortável com a ideia de deixar o bebê dormir em um quarto
diferente, ela deve impor essa regra e deixar claro para os outros. É crucial
que as pessoas que oferecem ajuda respeitem as decisões dos pais, pois a mãe
sabe o que é melhor para o seu bebê e para si mesma”, destaca a
especialista.
Existem ainda outros pontos com os quais as
mulheres mais sofrem durante esse período de espera pela chegada do bebê:
- Expectativas
irreais de ser uma mãe perfeita: A sociedade muitas vezes cobra que as
mães sejam perfeitas em todas as áreas, desde a amamentação até o cuidado
do bebê, o que pode ser esmagador para elas, que estão tentando lidar com
a transição para a maternidade.
- Pressões
para "recuperar" rapidamente o corpo após o parto: As mulheres
são frequentemente pressionadas a voltar à forma após o parto, o que pode
ser difícil, especialmente quando estão tentando cuidar de um
recém-nascido.
- Julgamentos
sobre escolhas de alimentação: São frequentemente julgadas por suas
escolhas de alimentação para seus bebês, seja amamentando ou optando por
fórmulas.
- Pressões
para voltar ao trabalho: Muitas mulheres sentem pressão para voltar ao
trabalho logo após o nascimento do bebê, o que pode ser difícil, especialmente
se elas desejam ficar em casa com ele por um período mais longo.
- Julgamentos
por suas escolhas de criação dos filhos: As mães podem ser julgadas por
escolhas como a maneira que eles dormem, quando devem ser desmamados e
outras decisões importantes.
“A natureza nos dá nove meses para nos prepararmos para receber um bebê tão dependente. Muitas mães passam esse tempo comprando o enxoval, mas é importante também ler e se informar sobre as necessidades do recém-nascido. Além de comprar, leia livros, converse com outras mães e conheça a verdadeira jornada, sem romantizações”, conclui.
Nathalia de Paula - psicanalista clínica e educadora
parental especializada em terapia emocional de famílias e terapia integrativa
do sono infantil. Além disso, ela é co-fundadora e gestora do Lumina Instituto
Educacional desde 2017, uma escola de ensino regular com educação infantil e
fundamental. Para mais informações, acesse @nathaliadepaula.parental @nasuapsique
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