A presença de líderes femininas vem crescendo no Brasil, nos últimos anos, mas sem dúvida ainda é grande a disparidade de gênero no mercado de trabalho. Segundo relatório divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, em 2021, se o progresso global para redução da desigualdade seguir nesse ritmo lento vai levar mais 132 anos para a lacuna fechar.
O curioso é que a economia mundial poderia crescer 7% – cerca de US$ 7 trilhões
(aproximadamente R$ 36,4 trilhões) – se houvesse uma queda na diferença de
salários entre homens e mulheres. A análise é da consultoria financeira Moody’s
Analytics, que baseou o cálculo na equiparação salarial de mulheres entre 25 e
64 anos com colegas homens da mesma faixa etária, usando como base dados também
de 2021.
Entre as causas da diferença de gênero no mercado de trabalho figuram fatores
relacionados ao contexto social e cultural, com uma forte estereotipação da
figura feminina, que permanece sobrecarregada com atividades domésticas e as
responsabilidades de cuidado com a família.
Embora o mesmo estudo aponte que o número de mulheres nos países da OCDE
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) com mestrado ou
formação equivalente é superior ao de homens, elas ainda estão
sub-representadas em cargos de gerência de nível médio e alto. Ensinadas a
sempre buscar a perfeição, agir com cautela, servir e não incomodar, muitas
criam barreiras internas que as impedem de ousar e, consequentemente, progredir
na profissão.
Quando o assunto é a presença da mulher na tecnologia – área essencialmente
masculina – é preciso mais do nunca desconstruir os papeis sociais, acreditar
na própria capacidade e potencial e investir no autoconhecimento para
conquistar um lugar ao sol. Além de dedicação e foco, é importante criar uma
rede de apoio, não somente de mulheres, mas também de homens que estejam
dispostos a abrir caminhos para os talentos femininos, valorizando a
competência indiferentemente do gênero, para assim aumentar a diversidade e a
inclusão dentro das empresas.
Ainda são poucas as mulheres no setor de tecnologia, e acredito que elas
precisam se empoderar mais para ocupar esse espaço. Muitas organizações
promovem programas de capacitação profissional para quem não tem experiência e
deseja ingressar na área, mas ainda encontramos muitos mais candidatos homens
do que mulheres disputando essas vagas.
Dados de pesquisas da Sociedade Brasileira de Computação, PNAD, Women in Tech e
IBGE mostram que as mulheres são apenas 15% dos estudantes de Ciência da
Computação e representam somente 20% dos profissionais que atuam no mercado de
TI. Das que ingressam em cursos de tecnologia da informação, 79% desistem logo
no primeiro ano. Temos que mudar esse cenário.
Claro que no mês da mulher é importante celebrar as conquistas e ganhar
felicitações – afinal, quem não gosta de flores e bombons – mas a data também
deve servir como uma oportunidade para fazer uma reflexão sobre o papel da
mulher na sociedade. É urgente fazer essa pausa e pensar em estratégias que
possam colaborar com o processo de empoderamento feminino e em como aumentar a
representatividade no ambiente de trabalho.
Rayanne Nunes - coordenadora de Tecnologia do time de São Paulo da Trend Micro no Brasil, empresa especializada em cibersegurança.
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