A liberdade de expressão e a violência não são essencialmente um dilema das redes sociais. Afinal, racistas, extremistas e misóginos coexistem conosco desde que aprendemos a nos comunicar, a tecnologia deu a eles amplitudes estratosféricas. Multiplicou a potência da comunicação aos grupos desinformados e obscuros, mas também a grupos excluídos e sem voz. Tudo isso somado a uma boa dose de valentia proporcionada pelo anonimato ou pela força de pertencer. Mas qual é o grande problema encontrado em tantas falas soltas e facilmente acessíveis nas plataformas de interação? A veracidade.
Um estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia de
Massachusetts cita que as notícias falsas se espalham 70% mais rápido do que as
verdadeiras. Sem o filtro, a censura, a equalização e a qualidade das
informações compartilhadas, a internet é um ambiente propício a malfeitores. O
que antes era limitado na imprensa secular, por um controle de sistema de
comunicação em massa, com editores e profissionais qualificados que tinham o
poder de filtrar as publicações, mesmo que de forma tendenciosa, atualmente
tornou-se a livre demanda de opiniões.
Perceba que os milhões de leitores dos maiores
veículos impressos do Brasil, hoje não são só espectadores, são seguidores e
comunicadores. Influenciadores como Ricardo Amorim, possuem o mesmo alcance de
divulgação que um jornal. Ou seja, cada indivíduo torna-se dentro do seu meio,
um veículo de comunicação em potencial.
A introdução de novas tecnologias traz
momentos ruins, é uma parte infeliz da evolução humana, mas há recompensas,
como tecnologias militares que deram origem a soluções na área da saúde, por
exemplo. Ou mesmo o GPS e a internet, o alicerce da telemetria hoje utilizado
por empresas como a Pointer para salvar vidas, manter empresas e monitorar
cargas preciosas, como exemplo as vacinas, que é elaborado com base em
satélites militares do Ministério da Defesa Americano e a Internet inventado
pela DARPA (unidade de pesquisa militar).. E no contexto da Internet e de Redes
Sociais, a comunicação e interação em massa ajuda nas campanhas de saúde, a
noticiar o que acontece no mundo inteiro e consegue propagar os mais diversos
alertas à população. Diante de tantas codificações e algoritmos, não é possível
não conseguirmos construir um ambiente seguro nos meios de comunicação social.
O uso indiscriminado das redes por pessoas
que não só expõe a si mesmo, mas aos outros também, seja pelo lado
profissional, pessoal ou ideológico, é um problema de todos. Mas o debate tem
que ser estabelecido em soluções. Como leitor de um jornal ou de um post, eu
gostaria de ter a certeza de que aquela informação foi verificada, foi
publicada por uma pessoa real, não por um robô ou pessoa mal-intencionada. O
dilema está nos problemas que já existem em nosso ambiente, na falta de
validação de qualidade e classificação da informação e seu “potencial
destrutivo”.
Acredito que uma empresa que se propõe a
criar um ambiente que permite a dissipação de informações, ou mesmo de
opiniões, deve ter um mecanismo que exponha a veracidade de cada textão, post,
meme ou matéria compartilhada. Claro que não estou impondo uma ditadura das
redes “só publiquem coisas que sejam verdades, nada de brincadeiras ou
opiniões”. Não, não é isso! Apenas, preciso da tecnologia para me dizer qual é
o cunho de cada postagem.
A viralização de uma mensagem deve estar
exponencialmente atrelada à qualidade e a classificação da informação. O
mecanismo da rede, deve punir conteúdos falsos, criminosos e que tem o intuito
de dissipar mentiras ou agressões; e beneficiar conteúdo de altíssima qualidade
e verídicos. O debate deve ser qual o mecanismo de checagem e classificação
deve ser usado para identificar a mensagem que está apta para o
compartilhamento. Lembrando que deve ser controlado pela sociedade civil no que
cerne a sua comunidade – região – e não pelo governo, para que não haja nenhum
tipo de manipulação ou mesmo censura.
Na minha visão você teria total liberdade de
escrever o que quiser, mas da mesma forma que filmes e aparelhos tem conteúdo
com ampla classificação, assim o post deve ter seu selo de qualidade ou a falta
dele. E ainda que tenhamos essa conquista, ressalto que não há substituto a uma
boa educação, onde uma base de conhecimento sustentadas pela dúvida,
curiosidade e a lógica sejam construídas.
Com a livre demanda de opiniões, é necessária
uma marcação de qualidade, para que possamos ter a certeza sobre o conteúdo que
consumimos, e principalmente para a parcela da sociedade que não tem acesso à
educação saber o que de fato estão internalizando. Precisamos apoiar um
mecanismo democrático e que inclua o direito ao anonimato, que além de quebrar
alguns medos e trazer benefícios, uma vez que somos um dos países que mais
matam jornalistas no mundo por conta de informações verídicas e indigestas para
alguns, a verificação de conteúdo duvidoso ou de opiniões extremistas tem que
estar explícita.
Esse mecanismo pode limitar o
racismo/xenofobia/fakenews travestidos de “opinião”, e me permitir como
indivíduo ou como grupo selecionar o que acredito ser adequado para mim e para
os meus filhos. Entenda, não é uma questão de censura à liberdade de expressão,
mas sim a luta pelo direito à veracidade que é um alicerce para o bom
funcionamento da sociedade e a democracia.
Daniel Schnaider - CEO da Pointer By PowerFleet Brasil, líder mundial em soluções de IoT para redução de custo, prevenção de acidentes e roubos em frotas. LinkedIn
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