Tratamento
multiprofissional respeita fases da doença e é focado na melhora segura e
gradativaDivulgação / Hospital Marcelino Champagnat
12.385: esse é o número de pacientes que receberam
alta por melhora clínica após chegarem ao Pronto Atendimento exclusivo para
pacientes com sintomas respiratórios do Hospital Marcelino Champagnat, em
Curitiba, no período de 19 de março a 08 de janeiro. Os dados consideram casos
suspeitos, negativos e confirmados ligados à COVID-19. Os esforços
multidisciplinares dos profissionais de saúde, a garra e determinação dos
pacientes e de seus familiares fizeram toda a diferença nesse processo da alta
hospitalar e retomada de atividades.
Nos primeiros dias de internação de casos mais
graves da doença, muitos pacientes sentem fraqueza, alguns não conseguem andar,
falar e comer. Nessas situações, uma das especialidades que entra em ação é a
fisioterapia. “Em alguns casos chegamos a fazer duas intervenções diárias para
estimular os trabalhos funcionais, fazendo com que o paciente consiga aos
poucos ficar em pé e, na sequência, volte a andar”, explica a fisioterapeuta do
Hospital Marcelino Champagnat, Flávia Makoski Ciescilivski.
O gerente de operações portuárias, Leonardo Potin
da Rós, não lembra da sua transferência do hospital em Paranaguá onde estava
internado devido a complicações da COVID-19 para a UTI do Hospital Marcelino
Champagnat, onde ficou 43 dias internado, parte deles em coma induzido.
“Acordei com os braços amarrados, devido aos procedimentos, com sonda,
traqueostomia e totalmente desorientado. Os impactos da doença são muito fortes
e me deparei com situações muito difíceis como a necessidade de colocar o dedo
no tubo de traqueostomia para poder falar e a falta de força física para tomar
banho sozinho. Os vídeos que me mostravam da minha família e que eu gravava me
deram ânimo para seguir”, relembra.
O longo período com traqueostomia que os pacientes
graves de COVID-19 precisam passar é um dos principais desafios das equipes.
Alguns pacientes não conseguem se alimentar no início. Com as intervenções de
fonoaudiologia, recebem apoio e estímulo para voltar a falar e comer. “Nosso
trabalho é fazer com que esses pacientes recuperem essas habilidades o quanto
antes. Na maioria das vezes, no momento da alta hospitalar eles já saem com as
principais funções restabelecidas", explica a fonoaudióloga Franciele
Sória.
A doença que provoca uma mistura de sentimentos e
incertezas, também acaba sendo, por muitas vezes, traumática. Por isso, a
integração e incentivo das equipes multidisciplinares fazem toda a diferença na
recuperação. E o estímulo aos internados vai muito além da rotina antes da
pandemia: com o início do isolamento social, uma das recomendações repassadas
aos hospitais foi a restrição de visitas, o que segue até o momento. Por isso,
a equipe de nutrição do Hospital Marcelino Champagnat teve a ideia de enviar
mensagens motivacionais junto com as refeições. “Tudo vai dar certo, nós
estamos aqui por você, Pense positivo. Você é mais forte do que imagina!” foram
algumas das frases de incentivo, carinho e acolhimento.
Além disso, também foram feitas adaptações no
cardápio dos pacientes, sempre respeitando as prescrições médicas e as
preferências pessoais. “Implantamos o sal de ervas para melhorar o sabor e
aceitação dos alimentos e também para reduzir o consumo de sódio. Sugerimos
temperar as saladas com frutas cítricas, como limão, para estimular o paladar”,
comenta a nutricionista do hospital, Patrícia Conter Lara Prehs.
Mesmo após a alta, a indisposição e a falta de
apetite permanecem em muitos casos. A perda de olfato e paladar são sintomas
característicos da doença e muitas pessoas apresentam demora e até distorção
desses sentidos. “Recomendamos sempre a continuidade da alimentação
equilibrada, em pequenas porções e com frequência maior, respeitando as
preferências individuais. O consumo de água é fundamental para restabelecer a
saúde e a hidratação. Deve ser evitado o consumo de alimentos processados, como
enlatados e também ultra processados, como embutidos e salgadinhos. Descasque
mais e desembale menos, é uma dica valiosa”, reforça.
Humanização: um processo de apoio e incentivo
Após sair vitorioso do hospital, o desafio da
maioria dos recuperados é focar na reabilitação devido aos danos causados pela
COVID-19, que podem variar entre fadiga, fraqueza respiratória e muscular,
sintomas depressivos, alterações de paladar, olfato e até mesmo sensibilidade.
A fisioterapeuta Flávia explica que os pacientes que passaram muito tempo com
ventilação mecânica, com muita medicação, tiveram o organismo bem debilitado e
muita redução na massa muscular. Com a perda de grande parte da função
pulmonar, acabam ficando com muita fadiga. "Eles não conseguem nem coçar
os olhos, então ficar em pé novamente é um desafio gigantesco e um ato
heróico", relembra.
Em oito meses de pandemia, todos ainda estão
aprendendo a lidar com sintomas, desafios, momentos difíceis e as vitórias
nessa luta contra a COVID-19. O retorno pra casa é uma alegria para toda equipe
profissional que esteve envolvida e mais ainda para o paciente e seus
familiares. Mas é importante reforçar que a reabilitação com as especialidades
integradas é fundamental tanto para a recuperação das sequelas causadas pela
doença quanto para a melhora da qualidade de vida.
É preciso um acompanhamento médico para o retorno
das atividades, com engajamento do paciente, de familiares e de profissionais
em todo esse processo. Existe ainda toda a questão do medo, angústia, apreensão
familiar; um misto de emoções e novos desafios. “Há um desgaste físico e
mental. O desespero de achar que não vai ser mais capaz de retomar a vida, por
isso o apoio integrado é muito importante para encorajar esse paciente nesse
momento tão delicado”, orienta a psicóloga do serviço de check-up do Hospital
Marcelino Champagnat, Raquel Pusch.
Após pouco mais de duas semanas da alta hospitalar,
Leonardo ainda faz o acompanhamento com fisioterapeuta e fonoaudiólogo. “É um
processo gradativo, mas para quem ficou mais de um mês só dentro de uma UTI
está sendo tudo muito rápido. Sou uma outra pessoa que dá valor a coisas
diferentes agora. Em breve volto a trabalhar, em home office, mas sempre
mantendo contato com profissionais que foram fundamentais na minha recuperação
e que hoje tenho o contato pessoal deles”, ressalta.
Hospital Marcelino Champagnat
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