A partir do século XX, encontramos diversas tendências que surgem na museologia, dentre elas podemos destacar, inclusive, um novo formato arquitetônico para os museus, sobretudo de arte moderna e contemporânea. Essa arquitetura, bastante ousada e por vezes monumental, é apresentada na construção e ou adaptação de edifícios destinados à salvaguarda de acervos de bens museais. Há quem diga que, com isso, a visibilidade dos conteúdos internos dos museus acaba sendo deixada para segundo plano em decorrência da arquitetura desses locais que passam a ser elementos marcantes no espaço urbano. E isso porquê, embora tenham um projeto contemporâneo, se adequam facilmente à arquitetura do entorno, tornando-se mecanismos adjetos à identidade urbanística das cidades como verdadeiras obras de arte.
Podemos
observar o quão rico pode ser o conteúdo arquitetônico de uma instituição
museológica moderna ou contemporânea, passível de tantas reflexões, tantos
questionamentos. E, como a arquitetura do museu já se integra no composto do
patrimônio, é perfeitamente possível compreender o seu lugar de destaque em um
museu, sendo o próprio museu.
E
assim, faz-se necessário ampliar a ideia de patrimônio museológico para que
este não se torne restrito ao conteúdo interno da instituição ou que seja visto
como algo isolado, com o juízo de concorrência entre acervo e arquitetura. Aos
museus monumento, criados por grandes arquitetos como verdadeiras obras de
arte, cabe ainda a missão de dialogar com o espaço em que estão inseridos; e
assim, por que não dialogar também com os acervos e coleções presentes em seu
interior?
É
visível que essa “nova” arquitetura agrega valor às instituições museológicas,
atraindo um número ainda maior de visitantes e, essa concepção arquitetônica
pode, inclusive, se estender para mais tipologias de museus, além dos museus de
arte moderna e contemporânea. Nada me surpreende, por exemplo, que um museu de
física fique muito bem alojado e representado por uma arquitetura ousada,
diferente, monumental, ou uma obra que tenha aquilo que os arquitetos chamam de
pregnância.
Em
relação a questão voltada ao acervo, a
priori inexistente, desses museus que ‘surgem’ inicialmente
mais como obra arquitetônica do que como espaço de preservação, acredito que
isso não necessariamente possa ser uma crise ou um problema tanto para a
sociedade quanto para a museologia, mas apenas um reflexo da pós-modernidade,
representada pelo ímpeto de uma cultura do fragmento.
Para
tanto, vejo a criação e construção de um museu já como irrefutável
justificativa de sua própria existência e, como muitos acervos de arte moderna
e contemporânea estão se formando agora, a criação de um espaço museológico
para receber esses novos artefatos pode ser um interessante e fértil
laboratório de coleta da produção atual, para construção da memória de futuras
gerações.
Danielly
Dias Sandy - mestra em Museologia e professora da área de Linguagens Cultural e
Corporal nos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Artes Visuais do Centro
Universitário Internacional Uninter.
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