Sejamos sinceros: 2020 foi um ano hostil para muita gente e exigiu mudanças drásticas e permanentes na maioria dos lares. Não apenas nossa vida profissional foi rapidamente reinventada, como rotinas e laços pessoais foram redefinidos. Nesse redesenho, a grande maioria das pessoas se percebeu ou fatigada pelo enclausuramento imposto ou amedrontada pela necessidade de se expor ao risco ao circular nesse novo mundo inóspito.
Diante dessa invasão de realidade, como nos enxergamos nesse ano novo? Conseguimos enfim nos adaptar mais conscientemente flexibilizando com maior facilidade nos momentos de necessidade ou seguimos saudosos sobre antigos modos de funcionamento e ansiosos a respeito de como serão as distintas possibilidades num futuro próximo? Essas perguntas ajudam a entender como nos posicionamos diante daquilo que desconhecemos.
A virada pode representar simbolicamente um marco para que desenvolvamos determinadas atitudes ou mudanças de comportamento. Ainda assim, talvez seja imprescindível dar um passo atrás e descobrir como estamos nos percebendo agora. Por vezes, negligenciamos nossa saúde mental em detrimento dos afazeres que nos assolam no dia a dia e quando nos damos conta, nos afastamos do bem estar que tanto desejamos pra nós mesmos.
Nesse sentido, é importante que sempre separemos tempo para fazer pausas - elas ganham destaque na busca de equilíbrio, ajudando a minimizar o estresse e a descomprimir tudo o que foi acumulado ao longo dos dias. Exercícios regulares e hábitos alimentares positivos também são aliados eficientes na busca de saúde tanto corporal como mental, além de proporcionar mais energia e vitalidade. Acrescido a isso, manter contato com aqueles que nos fazem bem e demarcar um limite para os que não o fazem têm impacto direto no aumento dos níveis de contentamento.
Em um ano
que tem início após tantas mudanças, o desapego de antigos hábitos pode
resultar no encontro de satisfação, principalmente no que se refere ao
afastamento da busca excessiva por controle. Ao desenvolver gradualmente um
olhar mais voltado para nossas reais necessidades, nos compreendemos melhor e
com isso percebemos o que genuinamente nos aproxima ou afasta dos nossos
maiores desejos. Saímos assim do papel de meros expectadores assujeitados ao
que a vida nos oferta e passamos à posição de protagonistas da nossa própria
história.
Bruna
Richter - graduada em Psicologia pelo IBMR e em Ciências Biológicas pela UFRJ,
pós graduanda no curso de Psicologia Positiva e em Psicologia Clínica, ambas
pela PUC. Escreveu os livros infantis: "A noite de Nina - Sobre a
Solidão", "A Música de Dentro - Sobre a Tristeza" e " A
Dúvida de Luca - Sobre o Medo". A trilogia versa sobre sentimentos
difíceis de serem expressos pelas crianças - no intuito de facilitar o diálogo
entre pais e filhos sobre afetos que não conseguem ser nomeados. Inventou
também um folheto educativo para crianças relacionado à pandemia, chamado
"De Carona no Corona". Bruna é ainda uma das fundadoras do
Grupo Grão, projeto que surgiu com a mobilização voluntária em torno de pessoas
socialmente vulneráveis, através de eventos lúdicos, buscando a livre expressão
de sentimentos por meio da arte. Também formada em Artes Cênicas, pelo SATED, o
que a ajuda a desenvolver esse trabalho de forma mais eficiente.
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