A construção de uma sociedade solidária é um dos objetivos do Brasil, segundo a Constituição da República de 1988. Entretanto, está certo afirmar que a solidariedade costuma se fazer mais presente no país apenas quando algo muito grave acontece e depois volta a dormir no texto legislativo?
Talvez ocorra maior visibilidade de alguns casos de solidariedade, passando
desapercebidos outros tantos "pequenos" atos do dia a dia da vida de
inúmeros brasileiros que se engajam em gestos que podem estar: (a) salvando
vida de pessoas; (b) auxiliando na promoção de vidas dignas; e (c) gerando
bem-estar para muitos.
Esse engajamento, que emana da essência do humano que vê no outro alguém igual
em dignidade, deve ser o mais valorizado possível e, assim, comprovar que é
possível que a solidariedade seja uma constante nas ações tanto na vida privada
quanto na esfera pública; aliás, deve ser a essência desta, uma vez que voltada
ao bem comum.
Quais os benefícios de uma solidariedade cotidiana? Como exposto acima, a
solidariedade é fonte de vida, de dignidade e bem-estar ao destinatário do ato
e, também, para quem pratica; este também se beneficia. Os níveis aumentados de
bem-estar e felicidade gerados naquele que apoia outrem já foram comprovados
cientificamente.
Por óbvio que cada pessoa poderá auxiliar outra a partir de uma análise prévia
de sua condição ou do reconhecimento das funções que exerce, sendo este o
convite que agora se faz: no exercício diário de planejamento de vida, que tal
incluir minutos de reflexão sobre como ser mais solidário?
Nesta análise, é importante ponderar o impacto dos pequenos atos, reconhecer o
que já está sendo feito e verificar se é possível melhorar ou ampliar estes, além
de estimular nos outros ações similares. Se a solidariedade faz parte com
especial destaque em sua função, reconheça o mérito e o valor disso e saiba o
quanto é um agente de transformação da realidade.
Então, aqui se afirma a importância de ações com esse perfil para que não só
esse ano, que já está um pouco "avançado", mas também todos os
próximos, sejam de humanidade com foco em consideração, empatia, compaixão...
enfim, de tudo quanto possível para a realização daquele objetivo.
Aline da Silva Freitas - doutoranda em Direitos Humanos pela
Universidade de São Paulo e professora de Direito Público da Universidade
Presbiteriana Mackenzie Campinas.
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