Especialistas
apontam desvalorização das moedas tradicionais, crise global e halving como
principais impulsionadores da criptomoeda
Com alta de quase 300% em 2020, o Bitcoin (BTC) se
consolidou como um dos melhores investimentos do ano. Após semanas de
oscilação, a criptomoeda ultrapassou a barreira dos US$41 mil e agora testa
novas barreiras. Com a crise da Covid-19 e desvalorização da maior parte das
moedas correntes, muitos investidores foram atraídos a investir.
Apesar de não ser a primeira vez que o preço do
Bitcoin sobe exponencialmente, especialistas estão otimistas com a continuidade
do movimento de alta da moeda, que se consolida como uma das principais opções
do mercado.
A jornada para a Lua: Como o bitcoin chegou a R$150
mil em 2020?
O ano de 2020 ficará marcado na breve história do
mercado de Bitcoin: queda de 40%, desespero nos mercados financeiros,
recuperações históricas e entrada de investidores institucionais foram alguns
dos fatos determinantes para a criptomoeda.
Durante o ano, os investidores de BTC começaram com
grandes expectativas devido ao processo de halving - que a cada quatro anos
corta o fornecimento de bitcoins pela metade - e os ânimos só aumentavam com o
criptoativo chegando a meio bilhão de transações já em fevereiro. Entretanto,
muitos perderam a esperança em março, quando os mercados de todo o mundo
desabaram, incluindo a criptomoeda - que viu seu preço sofrer queda de
40%.
Mas o clima apocalíptico durou pouco para a
primeira criptomoeda funcional do mundo. Já no dia 24/04, o BTC se recuperava
100% da queda de março, superando índices como o Ibovespa, Dow Jones e até
mesmo o ouro - tradicional reserva de valor em tempos de crise.
A invasão dos institucionais
Ainda em fevereiro deste ano, o CEO da Foxbit, João Canhada gravou uma live com
Felipe Trovão, CSO da exchange, onde comentavam as perspectivas para o halving
do Bitcoin que aconteceria em maio. Canhada foi enfático ao dizer acreditar que
o antigo topo histórico de R$72.000 seria superado até 2021. O executivo, à
época, lembrou as antigas máximas de US$1.000 em 2013 e US$19.800 em 2017,
ambas em um período de 12 a 15 meses após os halvings anteriores. Portanto, a
expectativa era parecida para 2020. Além disso, a importância que o CEO dava
para a escassez do Bitcoin nunca foi tão decisiva este ano, com os bancos
centrais batendo recordes de impressão de dinheiro em resposta à pandemia do
novo coronavírus.
O início da adoção institucional da moeda e o
último halving, ambos em meados de maio, contribuíram para um crescimento exponencial
no interesse de investidores pela criptomoeda. Com o corte pela metade da
emissão de novos bitcoins, os investidores institucionais passaram a olhar com
mais atenção para o discurso dos entusiastas da criptomoeda. Em nota enviada
aos clientes, o bilionário gestor do fundo Tudor BVI Global Fund, Paul Tudor
Jones II, explicou como o Bitcoin oferecia uma proteção contra a inflação do
dólar. Apesar de separar apenas 1% dos fundos para alocar em BTC, o
investimento já era mais relevante que todos os contratos futuros em aberto na
CME Bitcoin na época do anúncio.
“Estamos testemunhando a Grande Inflação Monetária
– uma expansão sem precedentes de toda forma de dinheiro, diferente de tudo o
que o mundo desenvolvido já viu”, disse o investidor veterano de 65 anos,
apontando o Bitcoin como o melhor hedge para a expansão monetária. A notícia
abriu espaço para diversos outros executivos que se sentiram obrigados a
estudar mais a fundo o Bitcoin, e vários outros investidores comentaram
positivamente sobre o ativo, como foi o caso de Stanley Druckenmiller.
Metade dos bitcoins emitidos por dia
Com a mineração do bloco 630.000, em 11 de maio de
2020, o Bitcoin comemorou o seu terceiro halving e a emissão diária de moedas
caiu de 1.800 bitcoins para somente 900. Contrastando o significativo aumento
da emissão de moeda estatal por parte de governos e bancos centrais durante a
crise, a escassez da oferta de Bitcoin fez a moeda aumentar de preço. No
começo de junho, o Bitcoin estava subindo cerca de 170% desde o ponto mais
baixo de março e estava totalmente recuperado da crise.Embora a criptomoeda
ainda seja altamente volátil, o mercado de Bitcoin amadureceu bastante ao longo
do ano.
Prova disso foi a decisão da Microstrategy de
tornar o Bitcoin sua moeda padrão para as reservas de tesouro. No dia 11 de
agosto, um comunicado à imprensa revelou que a empresa acreditava no Bitcoin
como "um investimento legítimo que pode ser superior ao dinheiro".
Agindo de acordo com sua estratégia, a empresa
listada na bolsa americana Nasdaq continuou comprando BTC, totalizando mais de
US$1 bi ao final do ano. Seguindo seus passos, a empresa do CEO do Twitter,
Square, também investiu em bitcoin diretamente.
A empresa de pagamentos, através do seu aplicativo
CashApp já permitia a compra e venda de BTC para seus 30 milhões de usuários.
Mas foi apenas em 8 de outubro que a empresa comprou 4709 bitcoins para compor
suas reservas. Mais tarde, separaram 10 milhões de dólares para incentivar
empresas que mineram bitcoin com energia verde.
Com 10 vezes mais clientes que o app de pagamentos
da Square, o PayPal também entrou de cabeça no mercado de cripto neste ano.
Hoje, segundo análise da Pantera Capital, as compras de bitcoin através do
serviço superam a quantidade de bitcoins emitidos em um mesmo período. Ambas as
fintechs viram suas receitas aumentarem significativamente após abraçar a
criptomoeda.
Perspectivas para 2021
Se o ano de 2020 foi positivo, os analistas apostam
que 2021 será ainda melhor. João Canhada (CEO da Foxbit) fez outra previsão e
afirmou que o Bitcoin pode chegar a US$ 200 mil se o efeito do halving se
repetir. “A perspectiva para 2021 é a entrada de novos gigantes do mercado
nesse segmento. Bilionários e grandes empresas devem seguir mesmo caminho
e anunciar que estão trabalhando com Bitcoin ou investindo na criptomoeda como
reserva de valor. Isso certamente trará impactos positivos na precificação do
BTC”, destaca Canhada.
Já para Neto Guaraci, COO da startup de cashback em
criptomoedas Coingoback.com e
administrador de um dos maiores grupos de Facebook sobre Bitcoin no Brasil,
2021 será o ano da ‘bancarização do Bitcoin’. “Em 2021 veremos a entrada das
fintechs de cripto no setor bancário. Isso vai popularizar o acesso desses
ativos digitais como nunca vimos antes. O bitcoin estará nas suas compras, no
app do seu banco, no seu cartão, maquininha e por aí vai”, afirma Guaraci.
Segundo Isac Honorato, CEO do Coingoback.com, a narrativa
do bitcoin se fortaleceu e os institucionais estão procurando outros
criptoativos. “Recentemente a CME anunciou futuros de ether, esse é um
movimento importante e uma clara sinalização de que outros ativos digitais
podem ter sua vez. O bitcoin já é o ouro digital, qual será a próxima narrativa
a se tornar realidade para o mercado?”
Foxbit
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