Números,
divulgados pela SBCBM, são comparados com o total de procedimentos realizados
em 2018
O Brasil realizou no ano passado, 68.530 cirurgias
bariátricas. O número é 7% maior que em 2018, quando foram feitas 63.969. Os
dados foram divulgados pela SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica
e Metabólica) e englobam os procedimentos feitos em planos de saúde, particular
e SUS (Sistema Único de Saúde). Apesar do crescimento, o número ainda é muito
baixo. No País, 13,6 milhões de pessoas têm indicação para a cirurgia
bariátrica.
“A cirurgia bariátrica é o tratamento mais
eficiente, a longo prazo, para a obesidade. Mas, infelizmente, nem todo mundo
tem acesso a ela. Para se ter uma ideia, o número de cirurgias realizadas no
ano passado corresponde a 0,5% do total de obesos em nosso País. Imagina quanto
tempo vamos demorar para operar todo mundo nesse ritmo. Isso sem levar em conta
o crescimento do número de obesos a cada ano”, destaca o cirurgião bariátrico
Admar Concon Filho, membro titular da SBCBM.
De acordo com ele, vários motivos contribuem para
este número reduzido de procedimentos no País. “Algumas pessoas não fazem por
medo ou porque não querem. Mas o maior motivo é a falta de acesso mesmo. O SUS
realiza poucas cirurgias e nem todos os brasileiros têm plano de saúde.
Precisamos de políticas públicas que deixem a cirurgia bariátrica mais
acessível”, destaca. Segundo o levantamento, das cirurgias realizadas no ano
passado, 12.568 foram pela saúde pública; 52.699, através de planos de saúde; e
3.263 de forma particular.
O cirurgião reforça que a cirurgia bariátrica não é
uma cirurgia estética. “Além de combater a obesidade, que já é uma doença, ela
também ajuda a controlar - e até curar – muitas doenças causadas ou agravadas
pela obesidade, entre elas, o diabetes tipo 2, que é uma das principais
comorbidades da obesidade. Portanto, com a cirurgia bariátrica, o paciente,
além de aumentar sua expectativa de vida, também ganha qualidade de vida”,
afirma Concon.
Cirurgia metabólica e a ajuda da população
Os resultados para o tratamento de comorbidades são
tão efetivos que, em 2017, o CFM (Conselho Federal de Medicina) aprovou também
a cirurgia metabólica. Ela é igual à cirurgia bariátrica, mas sua finalidade é
o tratamento de doenças, principalmente o diabetes, e não a perda de peso. “O
que muda é o objetivo. Por isso, ela pode ser feita em pacientes com IMC a
partir de 30, enquanto a bariátrica só é indicada para quem tem IMC acima de 40
ou a partir de 35, com comorbidades”, explica o cirurgião.
“O problema é que a cirurgia metabólica ainda não
faz parte do rol de procedimentos da ANS (Agência Nacional de Saúde) e, por
isso, não tem cobertura dos planos de saúde. A SBCBM está com uma campanha para
mudar esse cenário. A população pode ajudar opinando na consulta pública da
ANS. Acreditamos que com a manifestação popular, a cirurgia metabólica possa
ser coberta pelos planos de saúde e, assim, ficar mais acessível”, comenta o
cirurgião.
Alguns estudos apontam que 72% dos pacientes com
diabetes não têm controle clínico da doença, que progride de forma significativa
e, muitas vezes, deixam de responder adequadamente ao tratamento com
medicamentos. “Com a cirurgia metabólica, 90% dos pacientes deixam de usar
insulina e de 70% a 80% não usam mais remédios. Ou seja, é possível
manter o controle da glicemia com menos medicamento e com menos insulina, o que
melhora muito a qualidade de vida do paciente”, pondera Concon.
Além dos benefícios para o diabetes, a cirurgia metabólica também reduz os níveis de colesterol ruim (LDL) e aumenta os do colesterol bom (HDL). Ela melhora a pressão arterial, diminuindo o risco cardiovascular, reduz em 31% o índice de infarto, em 60% o índice de doenças renais, em 33% o índice de AVC (Acidente Vascular Cerebral) e em 62% o índice de insuficiência cardíaca.
A consulta pública está disponível no site da ANS,
mas é mais fácil acessá-la pelo site www.vidanovametabolica.org.br,
criado pela SBCBM, logo na página inicial. Ao acessar a consulta pública, é
necessário rolar a página e, na área para opinar, escolher o procedimento 153
(gastroplastia) e colocar, no campo Opinião, que DISCORDA da recomendação, que,
atualmente, prevê que os planos não são obrigados a fazer a cobertura. Depois,
basta explicar seus motivos.
Dr. Admar Concon Filho - cirurgião bariátrico,
cirurgião do aparelho digestivo e médico endoscopista. Palestrante
internacional, presidente do Hospital e Maternidade Galileo e fundador e
coordenador do Grupo de Cirurgia Bariátrica de Valinhos. Também é membro
titular e especialista pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, Colégio
Brasileiro de Cirurgiões e Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, além
de membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e
membro da International Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic
Disorders. CRM – 53.577
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