Consultas, medicamentos e exames
devem ser mantidos regularmente, sem interrupções
Por ocasião do Dia Mundial de
Combate à Aids (1º de dezembro), o clínico geral do Seconci-SP (Serviço Social da
Construção), dr. José
Alfredo Penteado, faz uma reflexão de como a pandemia do novo coronavírus tem
impactado a vida dos pacientes portadores do vírus da Imunodeficiência Humana
(HIV), causador da Aids. “Essas pessoas apresentam uma certa fragilidade para
doenças respiratórias, porém apesar de estarem enquadradas nos grupos de risco,
não há comprovação de que elas terão mais complicações se forem acometidas pela
Covid-19. Em nenhum país foi identificada essa associação de pacientes HIV positivo
com a gravidade dos casos”.
Por outro lado, eles também não estão mais imunes, mesmo tomando regularmente os retrovirais para o controle do HIV. “Não foi comprovada a eficácia desses medicamentos para o combate ou prevenção da Covid-19. Portanto, eles têm probabilidades iguais de contrair a doença, devendo seguir as mesmas recomendações, uso da máscara e do álcool gel, lavar as mãos com frequência com água e sabão e manter o distanciamento social”, destaca o médico.
A grande questão é que, assim como pessoas com outras comorbidades, como hipertensão arterial, diabetes, doenças cardíacas e renais, muitos pacientes com HIV deixaram de fazer as visitas regulares ao médico durante os períodos mais críticos da pandemia. “A orientação é que eles passem em consulta médica a cada três meses, para fazer os exames clínico e laboratoriais, necessários para medir a carga viral e detectar a existência de outras infecções sexualmente transmissíveis”.
Esse comportamento, de acordo com o dr. Penteado, tornou-se, na verdade, o maior risco para esses pacientes. “O Brasil é o único país do mundo que mantém há anos um programa bem estruturado de combate e tratamento da Aids. Toda a medicação é distribuída gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde, que oferece ainda a testagem rápida para detecção do vírus. Mas não basta ter a estrutura disponível, se o paciente não seguir o recomendado e na frequência correta”.
A pandemia do novo coronavírus tem contribuído também para a diminuição do número de testes para o diagnóstico do HIV. “No início, a grande maioria é assintomático, por isso é preocupante esse cenário. Do ponto de vista clínico, sem o diagnóstico precoce, a pessoa atrasa o começo do tratamento, que impede que a doença evolua para a Aids. E há o aspecto de responsabilidade social, de manter um comportamento de risco e contaminar os outros”, alerta o dr. Penteado.
Na opinião dele, as consequências poderão ser medidas futuramente, com o aumento de casos novos. “Assim como o combate da Covid-19, a principal arma contra a Aids é a informação e a conscientização das pessoas sobre a adoção de todas as medidas de prevenção. Para evitar o contágio do HIV, esse cuidado envolve o uso de preservativos e de agulhas e seringas descartáveis”.
O médico afirma que o Seconci-SP dispõe de estrutura médica
e laboratorial completa para a realização dos exames necessários para a
detecção da doença, além de equipe multidisciplinar capacitada para orientação.
Por esta razão, é muito importante que o trabalhador procure atendimento caso
tenha alguma suspeita. “Quanto antes iniciar o tratamento e fazê-lo de
forma contínua, diminuem os riscos de desenvolver outras doenças, como
tuberculose, pneumonia e câncer”, finaliza.
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