O desemprego agora
é uma das maiores consequências da pandemia na favela
O projeto Bora Testar traz os recentes dados
colhidos na favela de Heliópolis, a mais populosa da cidade de São Paulo.
Criado pela união de duas agências de comunicação para levar testes de
diagnóstico da Covid-19 as 10 maiores favelas do país, seu objetivo é prevenir
o contágio da doença e produzir dados que traduzam a realidade desses
territórios.
Com patrocínio da empresa de mídia Outdoor Social,
a campanha atravessou Heliópolis, entre os dias 2 e 5 de outubro, com quatro
equipes de técnicos de enfermagem para fazer triagem dos moradores e
encaminhá-los para exames diagnósticos da doença.
O levantamento surpreendeu ao revelar que o
desemprego agora é o maior desafio da comunidade: 18,5% das pessoas
entrevistadas estão sem trabalho – número superior à média nacional que hoje
está em 13,3%, e o desemprego atinge principalmente as que se declaram negras e
pardas (73%). Entre os desempregados há duas faixas etárias distintas
demarcadas: 52% acima de 40 anos e 35% até 29 anos. Outro fator preponderante é
que 66% dos desempregados têm até o primeiro grau completo e 90,5% de suas
famílias vivem com renda mensal de R$1045,00. Essas famílias são compostas em
sua maioria (42%) por 5 a 8 pessoas.
“O desemprego dentro da comunidade tem um peso
muito grande, normalmente as famílias são muito dependentes do salário do mês.
Os dados apontam uma predominância em uma parcela social já com difícil
possibilidade de ascensão, o que piora ainda mais esse cenário”, explica Mozart
Valle, responsável pela aplicação e análise das pesquisas do projeto Bora
Testar.
A notícia positiva é que o índice de contaminação
pelo Coronavírus está abaixo da média da cidade de São Paulo. Os pesquisadores
e enfermeiros percorreram 53 setores censitários dos seis quadrantes de
Heliópolis. Das 400 pessoas que passaram pela triagem, 26% foram encaminhadas
para testes. Desse total, 4% apresentaram resultados positivos. Profissionais
que atendem pessoas presencialmente são os que apresentam mais casos positivos,
23% dos que estão no setor de serviços e 7% dos que trabalham em comércio.
Todos os diagnósticos positivos estão entre pessoas com renda familiar
de até dois salários mínimos.
“Os resultados confirmam o retrato da desigualdade
social no Brasil. Os cidadãos mais pobres, pretos e pardos são as
principais vítimas tanto da Covid 19, quanto da crise econômica. A taxa
de trabalhadores com diagnóstico positivo em funções presenciais é bem mais
baixa do que identificamos em Paraisópolis, e traz, junto com os demonstrativos
da pesquisa, um cenário tão ou mais preocupante que o impacto da pandemia na
saúde, o desemprego, como uma das principais consequências da pandemia”, conta
Emília Rabello, responsável pelo planejamento e execução de campo e também
idealizadora do projeto.
A metodologia da Campanha consiste em entrevistar
400 moradores com mais de 18 anos de idade, divididos pelos quadrantes e
setores censitários das favelas, demarcados pelo IBGE, para que a pesquisa seja
aplicada de forma proporcional e traga resultados confiáveis. Heliópolis é a
segunda comunidade a ser percorrida pelo Bora Testar, que já passou por
Paraisópolis*(dados abaixo), também em São Paulo, no mês passado.
“O objetivo dessa campanha, além de levar testes
para uma população carente de cuidados médicos, é levantar dados e apresentar
problemas relacionados à contaminação, para que haja possibilidade de mudanças
de políticas públicas e sociais nesses territórios”, afirma Claudia Daré, uma
das idealizadoras do projeto.
Heliópolis está localizada no distrito de
Sacomã, na Zona Sul de São Paulo e possui mais de 100
mil habitantes distribuídos em uma área de quase um milhão de metros
quadrados, e é considerada a maior favela da cidade. A comunidade faz parte do
grupo G10 - um bloco de líderes e empreendedores de impacto social que reúne as
10 maiores favelas do Brasil, que são a meta de ação do projeto Bora Testar a
ser alcançada até o final do ano.
Desenvolvida por médicos, a Ciente é a plataforma
online utilizada para essa pesquisa (https://app.ciente.net/covid/),
que traz questões sobre saúde e dados socioeconômicos, que permitem entender o
nível de contágio e o impacto do vírus entre os comunitários.
“A testagem é uma das principais ferramentas para
zelar pela saúde e pela vida dessas pessoas, mas a triagem é fundamental para o
desempenho dos testes e para que os resultados sejam mais fidedignos”, explica
a médica infectologista e pesquisadora da Fiocruz Juliana Arruda de Matos, uma
das desenvolvedoras da plataforma Ciente.
Outras ações da Campanha Bora Testar já estão
programadas em São Paulo e no Rio de Janeiro. O projeto conta com apoio de
empresas solidárias e também com uma plataforma de crowfunding para compra de
testes e suporte logístico. A próxima comunidade a ser testada será Cidade
Tiradentes, também em São Paulo. Para contribuir com a campanha, com qualquer
valor a partir de 10 reais, basta acessar a plataforma.
*Dados resultantes da ação em Paraisópolis
400 moradores passaram por triagem. 28% foram
encaminhados para testes e 6,3% tiveram resultado positivo para a Covid-19.
Entre os que apresentaram resultado positivo para o coronavírus, 48% têm renda
familiar até R$ 1045 reais. Foram contaminados igualmente 40,7% dos que têm o
fundamental incompleto e os que têm ensino médio e superior incompletos.
O contágio se deu com maior incidência entre os moradores que saem de casa para
trabalhar (51,9%). 40% das pessoas trabalham com atendimento presencial
(serviços) e 50% servem na área de saúde. Paraisópolis tem cerca de 60
mil moradores. A ação foi realizada entre os dias 8 e 12 de setembro e foram
percorridos os 42 setores censitários dos sete quadrantes do IBGE.
Sobre a Campanha Bora Testar
Idealizada para levar testes de diagnóstico da
Covid-19 às favelas do Brasil, o objetivo da campanha é ajudar a preservar a
saúde dessa população, além de gerar dados que traduzam melhor a realidade
desses locais.
Com quatro pilares básicos: informação, triagem,
exames com sintomáticos e rastreamento, a campanha foi criada e desenvolvida
pela Outdoor Social e Latam Intersect PR, empresas de comunicação que se uniram
com suas diferentes especialidades para realizá-la.
Redes Sociais: @boratestarcovid
Sobre os realizadores da
Campanha
Outdoor Social
Criado em 2012, o Outdoor Social® é um negócio de
impacto que atua no mercado brasileiro de publicidade como uma mídia OOH para a
comunicação com a periferia e no desenvolvimento de pesquisas de opinião e
consumo com este público. Presente em 6.200 comunidades em todo o país, a
empresa conta com 150 agentes comunitários, responsáveis pela análise do local,
cadastramento e contato junto a moradores de comunidades que cedem seus muros
para a colação de painéis publicitários, grafites ou promoções, de forma
remunerada. Com uma economia circular e gerando renda dentro das favelas, o
sistema já beneficiou mais de 30 mil famílias. Para mais informações: www.outdoorsocial.com.br ou
pelo Instagram @outdoorsocial.
LatAm Intersect PR
Agência de Comunicação e Relações Públicas
especializada no suporte a empresas e marcas internacionais na América Latina.
Com serviços baseados em conhecimento e relacionamentos aprofundados e
projetados para fornecer representação, consultoria de comunicação e
implementação de campanhas para empresas globais, atua como catalizador de
projetos e campanhas de impacto na sociedade nas áreas de consumo, tecnologia,
saúde e corporate. Para mais informações: https://latamintersectpr.com/
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