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quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Projeto Bora Testar finaliza ação em Heliópolis e revela o impacto do desemprego maior do que a contaminação pelo coronavírus na comunidade

O desemprego agora é uma das maiores consequências da pandemia na favela

 

O projeto Bora Testar traz os recentes dados colhidos na favela de Heliópolis, a mais populosa da cidade de São Paulo.  Criado pela união de duas agências de comunicação para levar testes de diagnóstico da Covid-19 as 10 maiores favelas do país, seu objetivo é prevenir o contágio da doença e produzir dados que traduzam a realidade desses territórios.

Com patrocínio da empresa de mídia Outdoor Social, a campanha atravessou Heliópolis, entre os dias 2 e 5 de outubro, com quatro equipes de técnicos de enfermagem para fazer triagem dos moradores e encaminhá-los para exames diagnósticos da doença. 

O levantamento surpreendeu ao revelar que o desemprego agora é o maior desafio da comunidade: 18,5% das pessoas entrevistadas estão sem trabalho – número superior à média nacional que hoje está em 13,3%, e o desemprego atinge principalmente as que se declaram negras e pardas (73%). Entre os desempregados há duas faixas etárias distintas demarcadas: 52% acima de 40 anos e 35% até 29 anos. Outro fator preponderante é que 66% dos desempregados têm até o primeiro grau completo e 90,5% de suas famílias vivem com renda mensal de R$1045,00. Essas famílias são compostas em sua maioria (42%) por 5 a 8 pessoas. 

“O desemprego dentro da comunidade tem um peso muito grande, normalmente as famílias são muito dependentes do salário do mês. Os dados apontam uma predominância em uma parcela social já com difícil possibilidade de ascensão, o que piora ainda mais esse cenário”, explica Mozart Valle, responsável pela aplicação e análise das pesquisas do projeto Bora Testar. 

A notícia positiva é que o índice de contaminação pelo Coronavírus está abaixo da média da cidade de São Paulo. Os pesquisadores e enfermeiros percorreram 53 setores censitários dos seis quadrantes de Heliópolis. Das 400 pessoas que passaram pela triagem, 26% foram encaminhadas para testes. Desse total, 4% apresentaram resultados positivos. Profissionais que atendem pessoas presencialmente são os que apresentam mais casos positivos, 23% dos que estão no setor de serviços e 7% dos que trabalham em comércio.   Todos os diagnósticos positivos estão entre pessoas com renda familiar de até dois salários mínimos. 

“Os resultados confirmam o retrato da desigualdade social no Brasil.  Os cidadãos mais pobres, pretos e pardos são as principais vítimas tanto da Covid 19, quanto da crise econômica.  A taxa de trabalhadores com diagnóstico positivo em funções presenciais é bem mais baixa do que identificamos em Paraisópolis, e traz, junto com os demonstrativos da pesquisa, um cenário tão ou mais preocupante que o impacto da pandemia na saúde, o desemprego, como uma das principais consequências da pandemia”, conta Emília Rabello, responsável pelo planejamento e execução de campo e também idealizadora do projeto.

A metodologia da Campanha consiste em entrevistar 400 moradores com mais de 18 anos de idade, divididos pelos quadrantes e setores censitários das favelas, demarcados pelo IBGE, para que a pesquisa seja aplicada de forma proporcional e traga resultados confiáveis. Heliópolis é a segunda comunidade a ser percorrida pelo Bora Testar, que já passou por Paraisópolis*(dados abaixo), também em São Paulo, no mês passado.

“O objetivo dessa campanha, além de levar testes para uma população carente de cuidados médicos, é levantar dados e apresentar problemas relacionados à contaminação, para que haja possibilidade de mudanças de políticas públicas e sociais nesses territórios”, afirma Claudia Daré, uma das idealizadoras do projeto. 

Heliópolis está localizada no distrito de Sacomã, na Zona Sul de São Paulo e possui mais de 100 mil habitantes distribuídos em uma área de quase um milhão de metros quadrados, e é considerada a maior favela da cidade. A comunidade faz parte do grupo G10 - um bloco de líderes e empreendedores de impacto social que reúne as 10 maiores favelas do Brasil, que são a meta de ação do projeto Bora Testar a ser alcançada até o final do ano.

Desenvolvida por médicos, a Ciente é a plataforma online utilizada para essa pesquisa (https://app.ciente.net/covid/), que traz questões sobre saúde e dados socioeconômicos, que permitem entender o nível de contágio e  o impacto do vírus entre os comunitários. 

“A testagem é uma das principais ferramentas para zelar pela saúde e pela vida dessas pessoas, mas a triagem é fundamental para o desempenho dos testes e para que os resultados sejam mais fidedignos”, explica a médica infectologista e pesquisadora da Fiocruz Juliana Arruda de Matos, uma das desenvolvedoras da plataforma Ciente.

Outras ações da Campanha Bora Testar já estão programadas em São Paulo e no Rio de Janeiro. O projeto conta com apoio de empresas solidárias e também com uma plataforma de crowfunding para compra de testes e suporte logístico. A próxima comunidade a ser testada será Cidade Tiradentes, também em São Paulo. Para contribuir com a campanha, com qualquer valor a partir de 10 reais, basta acessar a plataforma.


*Dados resultantes da ação em Paraisópolis

400 moradores passaram por triagem. 28% foram encaminhados para testes e 6,3% tiveram resultado positivo para a Covid-19. Entre os que apresentaram resultado positivo para o coronavírus, 48% têm renda familiar até R$ 1045 reais. Foram contaminados igualmente 40,7% dos que têm o fundamental incompleto e os que têm ensino médio e superior incompletos.  O contágio se deu com maior incidência entre os moradores que saem de casa para trabalhar (51,9%). 40% das pessoas trabalham com atendimento presencial (serviços) e 50% servem na área de saúde. Paraisópolis tem cerca de 60 mil moradores. A ação foi realizada entre os dias 8 e 12 de setembro e foram percorridos os 42 setores censitários dos sete quadrantes do IBGE.

 

Sobre a Campanha Bora Testar

Idealizada para levar testes de diagnóstico da Covid-19 às favelas do Brasil, o objetivo da campanha é ajudar a preservar a saúde dessa população, além de gerar dados que traduzam melhor a realidade desses locais.

Com quatro pilares básicos: informação, triagem, exames com sintomáticos e rastreamento, a campanha foi criada e desenvolvida pela Outdoor Social e Latam Intersect PR, empresas de comunicação que se uniram com suas diferentes especialidades para realizá-la. 

Redes Sociais: @boratestarcovid 

 

Sobre os realizadores da Campanha 

Outdoor Social

Criado em 2012, o Outdoor Social® é um negócio de impacto que atua no mercado brasileiro de publicidade como uma mídia OOH para a comunicação com a periferia e no desenvolvimento de pesquisas de opinião e consumo com este público. Presente em 6.200 comunidades em todo o país, a empresa conta com 150 agentes comunitários, responsáveis pela análise do local, cadastramento e contato junto a moradores de comunidades que cedem seus muros para a colação de painéis publicitários, grafites ou promoções, de forma remunerada. Com uma economia circular e gerando renda dentro das favelas, o sistema já beneficiou mais de 30 mil famílias. Para mais informações: www.outdoorsocial.com.br  ou pelo Instagram @outdoorsocial. 

 

LatAm Intersect PR

Agência de Comunicação e Relações Públicas especializada no suporte a empresas e marcas internacionais na América Latina. Com serviços baseados em conhecimento e relacionamentos aprofundados e projetados para fornecer representação, consultoria de comunicação e implementação de campanhas para empresas globais, atua como catalizador de projetos e campanhas de impacto na sociedade nas áreas de consumo, tecnologia, saúde e corporate. Para mais informações: https://latamintersectpr.com/

 

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