A infância e a adolescência são fases difíceis. Os jovens passam por diversas mudanças hormonais e comportamentais e, muitas vezes, não sabem como lidar com tantas coisas novas acontecendo ao mesmo tempo. Por isso, é preciso que os pais fiquem atentos ao seu comportamento, pois crianças e adolescentes também sofrem de depressão e os números da doença têm crescido nos últimos anos.
Um levantamento divulgado pelo Sistema Único
de Saúde (SUS) aponta que os
atendimentos ambulatoriais relacionados à depressão cresceram 115% para
pacientes de 15 a 29 anos, entre 2015 e 2018. Os jovens nessa faixa etária
representam 45% do total de atendimentos.
Neste post, vamos falar um
pouco sobre a diferença entre tristeza e depressão, apontar quais são os sinais
de alertas e mostrar como ajudar um filho com depressão. Acompanhe as dicas da
Dra. Luciana Bari Mancini Bari, clínica geral do Hospital Santa Mônica!
A diferença entre tristeza e
depressão
Qualquer pessoa vai se
sentir triste em alguns momentos da vida. A tristeza é uma reação natural
a situações difíceis — a perda de algo ou alguém, a rejeição pelos colegas
de escola, a sensação de incapacidade, uma doença etc. No entanto, quando
esse sentimento se prolonga por mais de duas semanas e passa a afetar a rotina
do jovem, é preciso ficar em alerta.
A depressão é uma doença
que costuma ter a tristeza como um de seus sintomas. Além disso, a pessoa
deprimida perde o interesse por atividades do dia a dia, tem pensamentos
negativos e fica irritadiça. Esses sintomas podem se prolongar por semanas,
meses ou mais tempo. A depressão pode influenciar na energia da criança ou do
adolescentes, no sono, apetite e vida social.
Como saber se o seu filho está
triste ou deprimido
Como falamos, as mudanças
bruscas no comportamento, que perduram por mais de duas semanas e afetam a vida
cotidiana da criança e do adolescente, são as principais pistas de que algo não
está bem.
Nas crianças mais jovens,
a reclamação sobre sintomas físicos também deve acender o sinal de alerta dos pais. Como
muitas vezes elas ainda não conseguem expressar problemas emocionais, acabam se
queixando de dores no corpo. Os menores também podem sofrer, por precisarem
estar longe dos pais, e desenvolver problemas comportamentais,
ficando muito agitados.
A seguir, confira uma
lista com outros sintomas que podem indicar que o seu filho está com depressão:
- irritabilidade ou
agressividade;
- afastamento dos amigos;
- preocupações ou medos
recorrentes;
- falta de vontade de participar
de eventos sociais;
- aumento da sensibilidade à
rejeição;
- mudanças no apetite (aumento ou
diminuição);
- dificuldade de concentração;
- cansaço ou falta de energia;
- sono excessivo ou insônia;
- queixas de problemas físicos
que não respondem a tratamentos;
- sentimento de culpa;
- falta de interesse por
atividades que antes eram prazerosas;
- pensamentos negativos ou
suicidas;
- indecisão;
- insegurança;
- automutilação;
- pensamentos
suicidas.
Nem todas as crianças e adolescentes apresentam todos esses
sintomas — eles podem variar e aparecer alternadamente, em diferentes momentos.
Os mais comuns, segundo um artigo publicado na Medical News
Today, são as mudanças no comportamento em
situações sociais, perda de interesse e baixa performance nas atividades
escolares e modificações na aparência. Além disso, por volta dos 12 anos, a
criança também pode começar a beber e a usar outros tipos de drogas.
Como ajudar um filho com depressão
“Alguns familiares têm
dificuldade de aceitar a doença. Principalmente, aqueles pais que sempre foram
presentes e puderam proporcionar uma boa educação, lazer e cultura,
considerando os sintomas como frescura , mas não é. A criança ou o adolescente
não escolhe ficar deprimido. Assim como ninguém escolhe ter diabetes, por
exemplo. A depressão é uma doença e precisa ser tratada”, comenta a dra.
Luciana Bari.
O primeiro passo para
saber como ajudar um filho com depressão é pesquisar sobre o tema e conhecer os
sintomas da doença. Depois disso, é preciso estar sempre atento ao
comportamento da criança ou do adolescente. Em apenas alguns minutos focando na
criança ou conversando com ela, é possível identificar os primeiros
problemas. Manter contato constante com a escola também facilita a
identificação de alguns sinais.
A médica reforça ainda
que “quanto mais rápido identificar os sintomas e iniciar o
tratamento, menores serão os prejuízos destas crianças ou adolescentes”. Por
isso, caso note que ele apresenta alguns dos sintomas, chame para o diálogo.
Procure saber o que o incomoda e leve a sério as respostas, independentemente
de qual seja a questão — mesmo que pareça algo sem importância para você, isso
pode estar afetando a saúde mental da criança. Caso o seu filho não queira
conversar, deixe claro que está disponível e que ele pode contar com a sua
ajuda quando se sentir confortável.
“A velocidade da tecnologia e a nova era
digital contribuem para que o adolescente ou criança se isolem
socialmente, o que dificulta muitas vezes para família, a identificação destes
sintomas. Nesses casos, uma consulta com um profissional qualificado, pode
ser imprescindível para o diagnóstico precoce e o inicio do tratamento”, salienta
dra. Luciana.
A depressão é uma doença e
precisa ser devidamente diagnosticada e tratada por uma equipe
multidisciplinar. O diagnóstico é feito por meio de conversas com a criança e
com os pais. A partir da observação dos sintomas, o médico vai determinar se o
paciente tem depressão ou outros tipos de transtornos.
O tratamento para
depressão combina o uso de medicamentos com terapias, aconselhamento familiar
e mudanças na rotina. Em alguns casos, nem sempre as primeiras tentativas
funcionam e é necessário fazer ajustes na estratégia e nas dosagens dos
remédios, por isso, é muito importante que a criança tenha apoio emocional.
É fundamental que os pais também tenham em mente que essa
condição é uma doença e precisa ser tratada como tal. Às vezes, os
adultos se sentem culpados e acreditam que demonstrar amor e dar mais
atenção podem solucionar o problema, mas na realidade, isso não acontece.
O principal papel dos pais no tratamento da depressão é buscar por bons
profissionais e oferecer o apoio emocional que a criança precisa para se curar.
Hospital Santa Mônica
Nenhum comentário:
Postar um comentário