Ministério da Saúde distribuiu mais de 61 mil tratamentos para hepatite C entre janeiro de 2019 e setembro de 2020, com mais de 130 mil pessoas curadas com novos antivirais no SUS
Mais de 130 mil brasileiros já se recuperaram da hepatite C com os novos Antivirais de Ação Direta (DAA), desde a incorporação dos medicamentos no Sistema Único de Saúde (SUS), em 2015. Entre janeiro 2019 e setembro de 2020, o Ministério da Saúde já distribuiu 61.439 tratamentos para a doença. O total de pacientes que receberam o medicamento (130.969) representa 23% da meta pretendida para a eliminação da infecção no país até 2030. Além disso, cerca de 40% dos tratamentos realizados com DAA no Brasil ocorreram entre 2019 e 2020, evidenciando os grandes avanços das políticas de combate à hepatite C.
Atualmente, o maior desafio para o cumprimento
das metas para a eliminação do HCV (vírus da hepatite C), está no diagnóstico
precoce da doença, ou seja, identificar os pacientes que estão com a infecção,
mas desconhecem sua situação de saúde. Hoje, cerca de 450 mil pessoas precisam
ser diagnosticadas e tratadas no Brasil. O fato de ser uma doença silenciosa,
que não apresenta sintomas em sua fase inicial, dificulta o diagnóstico,
principalmente em pessoas acima dos 40 anos de idade.
O Brasil é um dos poucos países ao redor do
mundo que oferta o tratamento de forma universal e gratuita por meio de um
sistema público de saúde. Em 2019, o Ministério da Saúde reestruturou o modelo
de aquisição, programação e distribuição dos medicamentos para hepatites
virais. Os preços obtidos pelo SUS estão entre os menores do mundo, quando
comparados a países que adquirem os mesmos produtos e possuem regras
semelhantes às do Brasil em relação aos direitos patentários e legislação para
aquisições pública.
O resultado do sucesso das estratégias foi o
fim da espera pelos medicamentos na rede pública de saúde. Entre 2019 e 2020 o
Ministério da Saúde realizou a compra de aproximadamente 100 mil tratamentos e
tem condições de realizar outras aquisições, visando garantir o acesso a todos
os pacientes diagnosticados futuramente.
Desde agosto de 2019 o envio dos medicamentos
deixou de ser realizado trimestralmente, passando a ser feito mensalmente. A
medida possibilita maior agilidade para atendimento dos pacientes. Com maior
controle, também é possível o envio do estoque de segurança, que corresponde a
20% do consumo apresentado pelos estados.
As distribuições de medicamentos, bem como o
número de pacientes efetivamente tratados para as hepatites B e C podem ser
acompanhados por meio do Painel Informativo sobre tratamento das hepatites
virais, lançado este ano, visando maior visibilidade e transparência às
informações.
HEPATITE
C REPRESENTA MAIS DE 75% DO NÚMERO DE ÓBITOS POR HEPATITES
Nos últimos 20 anos foram registrados 673.389
casos de hepatites, ocasionadas pelos vírus A (25%), B (36,8%), C (37,6%) e D
(0,6%). Em relação aos óbitos, no mesmo período (2000 a 2018), foram
identificados no Brasil 74.864 mortes por causas básicas e associadas às hepatites
virais. Destas, 1,6% (1.189) foi associada à hepatite viral A; 21,3% (15.912) à
hepatite B; 76,02% (57.023) à hepatite C e 1,0% (740) à hepatite D.
Embora represente o maior número de óbitos, a
hepatite C vem apresentando queda no coeficiente de mortalidade e no número de
óbitos, desde 2015. Em 2014, foram registrados 2.087 óbitos relacionados a
hepatite C, já em 2018 foram 1.491 mortes, restando uma queda de 25% no número
de óbitos por hepatite C, neste período, o que pode guardar relação com o início
da oferta de tratamentos altamente eficazes, que curam mais de 95% dos casos.
A maioria das pessoas que possui a infecção
pelo vírus da hepatite C não tem conhecimento, pois a doença não apresenta
sintomas na maioria dos casos. Quando os sintomas começam a aparecer,
geralmente a doença já está em estágio mais avançado, ou seja, o paciente pode
ter convivido com o vírus por décadas sem qualquer manifestação. O
descobrimento tardio pode ser feito em virtude do aparecimento de fibrose
hepática, cirrose, câncer hepático, que podem levar à morte.
OFERTA
DE TESTES RÁPIDOS NO SUS
Todas as pessoas com 40 anos ou mais precisam
fazer o teste da hepatite C, pelo menos uma vez na vida. Pessoas com diabetes,
doenças cardiovasculares, hipertensão, doença renal crônica, com distúrbios
psiquiátricos, submetidas a transplantes, que vivem com HIV, que fizeram
transfusão de sangue antes de 1993, que passaram por procedimentos médicos ou
estéticos (manicure, tatuagens) sem a observação dos parâmetros de segurança,
detém um fator de risco para infecção pelo HCV e também precisam ser testadas,
independentemente da idade.
O teste rápido é disponibilizado pelo SUS e
pode ser solicitado por qualquer pessoa nas unidades básicas de saúde. O
resultado sai em menos de 30 minutos. O Ministério da Saúde já distribuiu,
aproximadamente, 12,9 milhões de testes para hepatite C entre 2019 e maio de
2020. A identificação de novos pacientes, atualmente, é a principal barreira
para o alcance da eliminação da doença, como problema de saúde pública, até
2030.
ACESSO
A MEDICAMENTOS
Pacientes em tratamento de hepatites virais
agora possuem acesso facilitado aos medicamentos. Antes, o processo para
solicitação e retirada durava mais de 11 meses, em alguns lugares. O Ministério
da Saúde, em acordo com estados e municípios, conseguiu reduzir este processo
para, aproximadamente, dois meses, a partir da reorganização da periodicidade
de distribuição. Contudo, o objetivo é que no próximo ano, com o aumento do
número de farmácias fazendo a dispensação dos medicamentos para hepatites
virais, os pacientes possam ter acesso imediato ao tratamento na maioria das
situações.
Nicole Beraldo
com informações do Nucom SVS
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