Um currículo bem elaborado é uma ferramenta-chave para se comunicar com
os recrutadores e conseguir um novo emprego
O que a obra “Mona Lisa”, uma das pinturas mais
brilhantes, famosas e reproduzidas de todos os tempos, tem em comum com a
carreira profissional nos dias de hoje? A “Mona Lisa” foi concluída em 1506 por
Leonardo da Vinci, pintor de destaque do Renascimento Italiano, que também foi
um gênio em diversas outras áreas. É da autoria dele o primeiro currículo
profissional que se tem notícia. Foi em 1482. Ele tinha 30 anos e queria
convencer o Duque de Milão, Ludovico Sforza, a lhe dar um emprego para
construir pontes, máquinas, trincheiras e outras coisas. Com esse objetivo, ele
escreveu um documento que descrevia suas habilidades e como elas poderiam ser
úteis para Milão. “Apesar de escrito centenas de anos atrás, ele reforça algumas
lições para elaborar um currículo nos dias de hoje”, afirma Mari Clei Araújo,
diretora da MC Coaching e Consultoria (www.mccoachingeconsultoria.com.br),
de São Paulo (SP), especializada também em processos de recrutamento.
O nome
“curriculum vitae” vem do latim, onde significa “trajetória de vida". Hoje
em dia, ele é mais conhecido simplesmente como “CV” ou “currículo” e tem como
objetivos contar a história educacional e as experiências profissionais de
alguém, além de destacar suas habilidades e competências. Independente da
pessoa estar empregada, e buscar uma melhor posição, ou desempregada, o
currículo é uma ferramenta-chave para se comunicar com os recrutadores e
conseguir outro emprego. “Então, é essencial elaborar o CV com muito cuidado, e
evitar cometer alguns erros que ainda são muito comuns”, aponta Mari Clei. Ela
indica sete erros que o profissional nunca pode cometer no seu currículo:
1) Não faça um currículo longo demais. “O CV
precisa ser bem objetivo, com no máximo duas páginas. As pessoas costumam
mandar currículos com três a quatro folhas, mas eu já cheguei a receber
documentos com até oito páginas! Isso é muito cansativo para quem está
avaliando os currículos e pode acabar prejudicando bastante o candidato”,
destaca a especialista. Em outras palavras, um currículo longo pode ser
simplesmente descartado do processo por causa do seu tamanho. O bom recrutador
espera receber informações objetivas. Ele deseja que o CV a ser analisado já esteja
direcionado adequadamente à vaga para qual a pessoa está se candidatando.
2) Não mande o mesmo currículo para todas as vagas que disputa. O ideal é
que todos sempre tenham mais de um currículo com versões mais direcionadas para
determinada vaga. É uma dica mais aplicável aos profissionais com bastante
experiência e que já passaram por diversas áreas, às vezes dentro da mesma
empresa. “Minha sugestão é que você tenha no mínimo dois currículos”, diz Mari
Clei. Exemplo: se você tem experiência nas áreas financeira e contábil, por
mais que você ache que sejam áreas ligadas, não adianta destacar as atividades
contábeis para conquistar uma vaga na área financeira. É claro que no seu
histórico profissional essas informações serão apresentadas, mas no item “Resumo
das Qualificações” é muito importante que você destaque habilidades e
experiências diretamente ligadas à vaga em disputa. “O melhor é você adequar o
seu currículo para cada vaga, mas sempre com informações verdadeiras. Se a vaga
exige experiência internacional, por exemplo, você vai precisar criar um item
para mostrar essa experiência, caso você possua”, acrescenta ela. Aqui vale
outra dica: não perca tempo se candidatando a vagas que você não tem
qualificação ou experiência. Muita gente costuma fazer isso, e não funciona.
Se, por exemplo, a oportunidade é para uma secretária executiva e você nunca
exerceu essa função e nem tem um curso de secretariado, mas tem grande
experiência como auxiliar administrativo, por mais que algumas atividades
possam ser semelhantes, você não será escolhido e ainda deixará uma má
impressão com o selecionador.
3) Não minta no seu currículo. Um exemplo: se você não possui
determinada vivência profissional e afirma que tem no CV, você corre o sério
risco não só de perder a vaga, mas de ainda passar por uma situação
constrangedora durante a entrevista. O recrutador vai checar informações com
você e pedir detalhes que você não terá como passar. Há também os casos de
profissionais que colocam “inglês avançado” no seu CV. Na hora da entrevista,
quando esse é um aspecto considerado muito importante pela empresa, a
entrevista pode acontecer em inglês e, neste caso, uma mentira certamente
significará o fim do processo para aquele candidato.
4) Não esqueça de colocar o seu CEP. Seu currículo
deve conter todos os seus dados pessoais, como endereço completo com CEP.
Especialmente para vagas operacionais, o recrutador pode precisar destas
informações para calcular a distância que o candidato terá de casa ao trabalho,
e vice-versa. Isso é imprescindível, se a empresa determinar um limite de
distância para seu futuro profissional. “Como estamos trabalhando com um grande
volume de CVs, quem colocar tudo certinho terá a preferência de ser avaliado
melhor e não ser descartado injustamente”, informa a diretora da MC.
5) Não coloque fotos inadequadas. Não é
obrigatório colocar foto no seu currículo, mas se você quiser colocar, fique à
vontade. Mas tenha muito cuidado ao escolher a foto. É importante que seja uma
imagem com roupas mais sociais, de preferência com fundo branco, sem outras
pessoas. Não publique fotos de você nos seus momentos de lazer, por exemplo.
Essa foto do CV deve ser planejada e feita com este objetivo. Falando em fotos
e imagem pessoal, uma dica que vale para quem busca um emprego e também para
quem está contratado: cuidado com o que você posta nas suas redes sociais. Não
poste exageradamente temas radicais sobre política, religião ou futebol, por
exemplo. Cuidado com fotos feitas em churrascos e festas com amigos. Não poste
fotos com bebida alcoólica. No caso do processo seletivo, pode ter a certeza
que o recrutador vai dar uma olhada nas suas redes sociais antes de agendar uma
entrevista – e você pode passar uma impressão errada sobre você mesmo com as
suas publicações.
6) Não seja repetitivo. Além da questão do tamanho do seu CV, é importante
você passar ao recrutador uma imagem de objetividade e organização. E um dos
erros mais comuns que contribui para transmitir uma imagem oposta disso é ser
repetitivo. Para evitar, planeje seu CV, escreva tudo com cuidado e depois leia
e releia. Muitas pessoas repetem praticamente a mesma informação em “Resumo das
Qualificações” e “Histórico Profissional”, e isso é cansativo e percebido como
algo negativo. “Resumo das Qualificações” deve ser o segundo item do seu CV,
logo após “Dados Pessoais”. Se você colocou ali, por exemplo, “10 anos de
experiência em cargos de liderança e gestão de equipes” porque isso faz sentido
para a vaga em disputa, não detalhe novamente isso no “Histórico Profissional”
ao contar sobre suas experiências – neste caso, bastará colocar o seu cargo e o
período. Em “Resumo das Qualificações”, sim, é importante apontar seus
destaques e experiências profissionais de uma forma resumida, clara e objetiva.
7) Não deixe de destacar suas principais realizações. Outro item
importante para se destacar de outros candidatos: mostre claramente que
premiações e realizações você já conquistou. Por exemplo: uma certificação
internacional ou algum resultado concreto que a sua empresa obteve ganhos ou
economias por intermédio de um projeto que você idealizou ou realizou, ou mesmo
algo que você conquistou por iniciativa sua. “É importante, quando for o caso,
você demonstrar suas iniciativas, foco e resultados para atingir aquilo que foi
importante para a empresa e também para o seu currículo”, conclui Mari Clei.
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