Especialistas em
Hepatites Virais falam sobre a importância do tratamento e do controle da
doença no Brasil
Diante da pandemia do novo coronavírus, a
recomendação dos profissionais de saúde é de evitar aglomerações e manter
práticas de higiene como forma de proteger a população de contrair a Covid-191
. No entanto, é fundamental manter-se protegido contra outras doenças, como é o
caso das hepatites B e C, que ganham ainda mais visibilidade no mês de julho,
em referência ao Dia Mundial de Combate às Hepatites Virais, comemorada no dia
28 deste mês, também conhecido como #JulhoAmarelo.
A Hepatite B é causada pela infecção do HBV, que
pode causar grave dano hepático, cirrose e câncer no fígado e ainda levar à
morte quando não controlada adequadamente. Existe uma vacina indicada para
adultos ou crianças, em 3 doses, e está disponível no Sistema Único de Saúde.
Embora ainda não exista cura para a hepatite B crônica, há tratamento que interrompe
a progressão da doença e reduz o risco de complicações, além de diminuir a
possibilidade de transmissão2.
Já o vírus da Hepatite C (HCV) é o mais perigoso e
continua registrando o maior número de casos no Brasil: 11,9 para cada 100 mil
habitantes, de acordo com o Ministério da Saúde, podendo evoluir para cirrose,
câncer de fígado e até mesmo levando à necessidade de um transplante. A
estimativa é de que, no país, mais de 700 mil pessoas tenham a doença3,
sendo que a maioria não sabe que convive com ela.
O médico hepatologista, Dr. Paulo Bittencourt,
presidente do Instituto Brasileiro do Fígado da Sociedade Brasileira de
Hepatologia, explica algumas formas de avaliar a necessidade de fazer um teste:
“De um modo geral, é importante ao menos uma vez na vida fazer o teste para
hepatite C, principalmente para aquelas pessoas com mais de 40 anos, para
indivíduos que convivem com diabetes, pessoas que receberam transfusão de
sangue ou transplante de órgãos até 1993, ou que já compartilharam objetos
perfurocortantes: por exemplo, laminas de barbear, tesourinhas de unha,
seringas e agulhas”.
O médico ainda destaca que o vírus da hepatite B
pode ser adquirido por sexo desprotegido ou por transmissão vertical (da mãe
para o filho). Como a infecção pelos vírus B e C geralmente é silenciosa e se
desenvolve de forma bem lenta ao longo dos anos, o diagnóstico tardio pode
trazer graves consequências. A Organização Mundial da Saúde visa a eliminação
das hepatites virais até 2030, por isso é tão importante a conscientização para
travar o avanço da doença.
Dr. Eric Bassetti, gastroenterologista e diretor
médico associado da Gilead Sciences, empresa que tem as hepatites como uma de
suas principais áreas terapêuticas de pesquisa e desenvolvimento, explica que
para a detecção, basta fazer um exame de sangue, que é rápido, gratuito e está
em disponível em qualquer unidade do Sistema Único de Saúde (SUS) ou em redes
privadas. Segundo Dr. Bassetti, mesmo com essa facilidade, o grande desafio
atualmente é encontrar os pacientes, já que os índices de procura pelos testes
ainda são muito baixos. Ele também ressalta que até mesmo a biópsia hepática,
muito utilizada no passado, é raramente solicitada hoje em dia.
Se o resultado do exame de hepatite C for positivo,
o paciente deve ser encaminhado para um médico especialista, que solicitará os
exames complementares para confirmação do diagnóstico e início do tratamento.
“Apesar de ser uma infecção grave, até 98% dos pacientes se curam em doze
semanas por um tratamento feito com um único comprimido ao dia e que apresenta
poucos efeitos adversos. Os tratamentos atuais são de última geração e estão
disponíveis na rede pública”, esclarece Dr. Bassetti.
Perigos do diagnóstico tardio
A Hepatite C é a maior causa de cirrose, câncer e
transplante de fígado no mundo. Além das complicações, ela pode desencadear
doenças sistêmicas ‐ disfunções que afetam uma série de outros órgãos
ou tecidos. Exemplo disso é o desenvolvimento de Diabetes e do Linfoma. O fato
de 80% dos casos de a doença serem assintomáticos faz dela um sério problema de
saúde pública, já que pode levar décadas para dar sinais e, normalmente, quando
se manifesta, apresenta um estágio avançado de comprometimento do fígado.
Referências
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