A infância é a fase em que se vivencia o lúdico e a
vontade de experimentar coisas novas está aguçada. Essas características são
próprias do desenvolvimento infantil e devem ser incentivadas.
No entanto, também favorecem a ocorrência de
acidentes, especialmente dentro de casa.
Se, por um lado, a curiosidade e o desejo de se
aventurar são espontâneos nas crianças, por outro, lhes falta maturidade,
estrutura física, coordenação motora e habilidade para lidar com situações de
risco.
Eis o dilema dos pais: como dosar a liberdade
necessária para estimular o crescimento dos filhos e, ao mesmo tempo,
protegê-los dos perigos?
Mesmo com cuidados intensos e olhar vigilante dos
responsáveis, basta um pequeno descuido para que as crianças se machuquem. E as
estatísticas mostram que essas circunstâncias podem ter consequências graves.
Segundo o Ministério da Saúde, 4,7 mil crianças
morrem e 122 mil são hospitalizadas por ano em decorrência de acidentes ou
lesões não intencionais - a principal causa de morte de brasileiros de um a 14
anos de idade.
Esses dados ainda engrossam o quantitativo geral de
acidentes. Os hospitais da Rede
D’Or São Luiz chegam a realizar quase 3,5 milhões de atendimentos emergenciais
em todas as faixas etárias, em um único ano, por exemplo.
É preciso estar atento a qualquer época, mas nos
períodos de férias escolares e, agora, na quarentena forçada pela pandemia
mundial do novo
coronavírus, os cuidados devem ser redobrados com as crianças em casa, e é
importante estar precavido quanto à necessidade de buscar serviços de
pediatria.
Há estudos que afirmam que 90% dos acidentes
domésticos crianças podem ter sua gravidade minimizada ou mesmo ser evitados
com comportamentos seguros. Por isso, é bom conhecer algumas dicas de primeiros
socorros e de prevenção.
Primeiros socorros
Medidas simples e cuidados específicos para
situações de emergência podem salvar a vida de uma criança. Por isso, é
fundamental saber o que fazer e o que não fazer nesses momentos.
Asfixia e afogamento
Normalmente ocorre quando a criança se engasga ao
comer ou engolir água em excesso ou, até mesmo, objetos pequenos, como
brinquedos ou moedas, por exemplo.
Se em uma dessas situações a vítima estiver
tossindo, a orientação é acompanhar de perto para ver se ela consegue expelir
sozinha o que foi ingerido.
Nos casos de asfixia por sufocação ou afogamento é
recomendado bater nas costas da criança, comprimir seu abdômen e forçar a
expiração até que jogue para fora o objeto ou a água penetrada nos seus
pulmões.
A situação é considerada muito grave se a vítima
ficar sem respirar por mais de 30 segundos, apresentar palidez ou cor azulada.
É necessário recorrer a alguém que saiba aplicar o Suporte Básico de Vida para
desengasgo e desobstrução das vias aéreas e, de imediato, chamar o resgate ou
ir ao pronto-socorro.
Envenenamento ou intoxicação
Como crianças adoram colocar tudo o que veem ao seu
alcance na boca, é comum haver ingestão de remédios, produtos químicos (de
limpeza, higiene ou cosmético) e até plantas nocivos à saúde.
Todo o tipo de envenenamento é uma situação grave
e, por isso, a única a coisa a se fazer é buscar rapidamente socorro médico, levando
a embalagem do produto ingerido.
Também é importante acalmar a criança e não dar
nada para ela beber – água, leite ou qualquer outro líquido -, nem provocar
vômitos. Dessa forma, evita-se afogamento e que o organismo absorva ainda mais
rápido a substância tóxica.
Quedas
Após uma queda, a primeira coisa a ser feita é
checar os sinais vitais da criança: respiração, batimentos cardíacos e seu
nível de consciência, dores no pescoço ou nas costas; e também se há a
ocorrência de fraturas e sangramentos.
Os casos mais graves são quando a criança bate a
cabeça, apresenta sangramento excessivo ou fratura algum osso, o que demanda
atendimento emergencial.
Em caso de vômito, tontura ou desmaio após a
ocorrência também é necessário buscar avaliação médica.
Se a criança estiver inconsciente, é fundamental
ter socorro imediato. Se não estiver respirando, rapidamente devem ser
aplicadas manobras de ressuscitação por pessoa capacitada.
Sangramentos devem ser estancados com compressões
locais feitas com pano limpo ou gaze.
Ferimentos que necessitem levar pontos devem ser
lavados com água e sabão e, no máximo, ser aplicado antisséptico até que se
chegue ao hospital.
Em machucados menos graves, a recomendação é fazer
uso de gelo e manter a criança em observação nos dias seguintes. Se persistirem
as dores, é importante verificar se há lesão óssea.
Queimaduras
Em caso de queimaduras com fogo, devem-se buscar
formas de apagá-lo o mais rápido possível. Assim que controlado, lavar a área
queimada com bastante água corrente para neutralizar a sensação térmica e
acalmar a vítima. O uso de água também deve ser feito em caso de queimadura por
escaldamento.
Em ambas as situações, a gravidade do ferimento
deve ser avaliada de acordo com a extensão e profundidade e isso vai determinar
a urgência por atendimento médico.
Não se deve usar soluções caseiras na ferida, como
pasta de dente, café, manteiga ou mesmo qualquer tipo de pomada. O melhor é
manter a ferida limpa e levar para um hospital.
Já as queimaduras por eletricidade são casos mais
complexos, pois a corrente elétrica atinge uma área maior do corpo da criança,
podendo resultar, inclusive, em danos aos órgãos internos.
A medida primordial é desligar o quadro de luz da
casa e afastar a vítima do local de perigo com algum material isolante (como um
cabo de vassoura) para não levar choque também.
Em seguida, deve-se procurar socorro imediato,
verificar se a criança está respirando e, alguém capacitado, aplicar manobras
de ressuscitação, se necessário.
Prevenção sempre como o melhor remédio
Ainda que não seja possível ter controle total dos
riscos que recorrem sobre as crianças dentro de casa, a prevenção é sempre o
melhor caminho e evita acidentes, dos menos aos mais graves. Confira algumas
dicas de especialistas em
pediatria:
Asfixia – verificar se os brinquedos
são indicados para cada faixa etária, evitando os que têm peças pequenas.
Organizar a casa de modo a deixar os objetos pequenos longe do alcance das
crianças. Fazer o isolamento de áreas que tenham piscina.
Envenenamento ou intoxicação – manter
remédios, produtos de limpeza, higiene e cosméticos fora da vista e do alcance
da meninada, se possível, guardados em armários ou gavetas fechados. Dar
preferência a produtos com recipientes que tenham tampas de segurança, mais
difíceis de serem abertas e mantê-los sempre nas embalagens originais.
Quedas – manter janelas travadas ou
instalar telas de proteção ou grades. Bloquear acesso a escadas, cozinha e
áreas de serviço. Evitar usar tapetes que não sejam antiderrapantes. Deixar
crianças longe de superfícies molhadas e objetos altos e instáveis, como
cadeiras e escadas.
Queimaduras – assegurar que as crianças
fiquem sempre distantes de fontes de calor extremo como fogo, líquidos ou
comidas quentes, além de pontos de eletricidade. Redobrar cuidados no
armazenamento e uso de produtos inflamáveis, como álcool. Substituir fiações
desencapadas, vedar tomadas e não deixar que os pequenos manuseiem
eletrodomésticos.
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