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quinta-feira, 11 de outubro de 2018

PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE PSIQUIATRIA DA AMÉRICA LATINA DÁ DICAS SOBRE COMO LIDAR COM SENTIMENTOS DE RAIVA E ÓDIO NAS REDES SOCIAIS EM TEMPOS DE ELEIÇÃO

O primeiro turno das eleições acabou e o que se previa na disputa presidencial se confirmou: dois candidatos de opostos extremos no segundo turno. Se antes já eram latentes os discursos de raiva e ódio nas redes sociais, imagina como não será até o segundo turno.

Para o superintendente-técnico da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e também presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina (APAL), Dr. Antonio Geraldo, o advento das mídias sociais e dos grupos de whatsapp, a quantidade e velocidade de informações postadas e replicadas nesses ambientes, sejam elas verdadeiras ou falsas, é absurda e incontrolável e potencializa muito as divergências. Então, é preciso aprender a lidar com a situação para se proteger e preservar a sua saúde mental, seu bem-estar e bom humor. Mas como fazer isso?

“O pilar básico é o exercício diário do respeito ao outro, ao posicionamento do outro, à escolha dele e isso passa pelo respeito às diferenças de pensamento. Evitem a distribuição de ataques e provocações gratuitas. Evitem replicar memes e fake news, tentem levar o debate para um caminho saudável e respeitoso de troca de ideias, com base em argumentos e não em ofensas e xingamentos. Evitem as palavras fortes que estão sendo disseminadas aleatoriamente, sem que muitas pessoas entendam o seu real significado como modelo de governo. Não saiam reproduzindo discursos ofensivos no ambiente público das redes sociais; saibam identificar o momento certo de recuar, de ir para um ambiente virtual privado e não tão exposto ou, até mesmo,  de reconhecer como opção se ausentar temporariamente de um determinado grupo ou embate. E sobretudo, pensem antes de falar, escrever ou gravar áudios. São medidas simples, embora não fáceis num momento de discussão acalorada, mas que podem agregar muito”, recomenda Dr. Antonio.

Para o psiquiatra, é importante lembrar ainda que o tema eleições é temporal e momentâneo e que tamanha raiva nessas trocas pode comprometer o convívio social (ou mesmo, familiar) após esse período. Perguntem-se: para que mexer numa relação de amizade ou familiar construída ao longo de tantos anos, e até agora saudável, por causa de um tema político, tão polêmico e sazonal?

“Precisamos pensar nas sequelas e sintomas desse comportamento exagerado diante da cena política. As sequelas, como já colocamos, podem levar ao rompimento de uma relação. Já os sintomas físicos ‘filhos’ dessa raiva e desse ódio cego, são inúmeros e podem afetar diretamente a sua saúde (e não só a mental), como dores de cabeça e estômago, insônia, falta de apetite, aumento da pressão arterial, aperto na garganta, crises de choro, fadiga, sensação de saciedade aumentada e maior consumo de álcool e drogas”, explica o especialista.

Dr. Antonio lembra que os relacionamentos humanos e a integração social são fundamentais na vida de todas as pessoas e que sentimentos como raiva, ódio, aversão e desprezo tendem a negativar essas relações, levando a frustrações profundas e podendo, até mesmo, fazer seus protagonistas literalmente adoecerem. “Quando o embate estiver acirrado, procurem um contraponto. Cultivem humor, afeto e amor, tentando, por exemplo, quebrar o clima com algum comentário mais lúdico e engraçado, com algum post que gere alegria e boas risadas no seu ‘oponente’, que na maioria das vezes, não se esqueçam, é também o seu amigo de infância, o seu colega de trabalho ou o seu parente”, lembra Dr. Antonio.



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